TESTEMUNHOS PRIMITIVOS SOBRE A EUCARISTIA
INTRODUÇÃO
A eucaristia é o centro da vida cristã e o principal alimento que nutre
o corpo e a alma de todo aquele que professa que Jesus Cristo é o seu único
Senhor. A palavra “eucaristia” vem do
termo grego “εὐχαριστία” e tem o significado de “ação de graças”. Ação essa que é realizada pelo sacerdote no ato da
consagração das espécies do pão e do vinho que se transubstanciam na carne e no
sangue do Senhor.
Desde sempre, a Igreja Católica (assim
como as comunidades orientais) tem tratado esse importante sacramento de
acordo com as próprias palavras do Cristo. São João – o evangelista – registra em seu evangelho as palavras de Jesus
quando Ele próprio diz:
“Pois a minha carne é
verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo
6,55-56).
Desde os tempos mais primitivos, a fé cristã interpretou e continua
interpretando as palavras de Jesus com literalidade, isto é, há a crença que de
fato, as espécies ali consagradas, constituem partículas do Cristo Salvador.
Essa crença é atestada pela vasta literatura patrística dos primeiros
séculos da Igreja.
Se até os dias de hoje, chega à nós que a tradição cristã confirma tal
fé nesse dogma, devemos assim, crer com total piedade que a responsabilidade
por tal afirmação, deriva exclusivamente das Escrituras e dos primeiros Pais da
Igreja, sendo que foram eles, os responsáveis pela construção do caminho
percorrido nos mais de dois mil anos de cristianismo.
O presente artigo, possui a finalidade de encher de fé e esperança a
todos aqueles que acreditam nesse mistério e afirmar com prudência e autoridade
de que crer na presença real de Jesus na eucaristia, é sinônimo de verdade.
Além dos textos bíblicos que aqui serão apresentados, (com suas respectivas datas e escritores),
trazemos aos leitores, inúmeras citações patrísticas dos quatro primeiros
séculos da Igreja Católica que afirmam a veracidade dos fatos de nossa crença.
I SÉCULO (0 a 100 d.C)
São Paulo (5 a 67 d.C
1ª Epístola de
São Paulo aos Coríntios (55 d.C):
“Com efeito, eu mesmo recebi do
Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou
o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: <Isto é o meu corpo, que é
para vós; fazei isto em memória de mim>. Do mesmo modo, após a ceia, também
tomou o cálice, dizendo: <Este cálice é a nova Aliança do meu sangue; todas
as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim>. Todas às vezes,
pois, que comei desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor
até que Ele venha” (1 Cor 11,23-26).
“Eis porque todo aquele que comer
do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue
do Senhor” (1 Cor 11,27).
“Por conseguinte, que cada um
examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele
que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação” (1 Cor 11,28-29).
São Marcos (10 a 68 d.C.)
Evangelho Segundo
São Marcos (64 d.C):
“Durante a refeição, Jesus tomou o
pão e, depois de o benzer, partiu-o e o deu dizendo: <Tomai, isto é o meu
corpo>. Em seguida, tomou o cálice, deu graças e o apresentou, e todos dele
beberam. E disse-lhes: <Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é
derramado por muitos>” (Mc
14,22-23).
São Mateus (? a 72 d.C.)
Evangelho Segundo
São Mateus (70 d.C):
“Durante a refeição, Jesus tomou o
pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: <Tomai e comei,
isto é meu corpo>. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo:
<Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue a Nova Aliança,
derramado por muitos homens em remissão dos pecados>.” (Mt 26,26-28).
São Lucas (? a 84 d.C.)
Evangelho Segundo
São Lucas (80 d.C):
“Pegando o cálice, deu graças e
disse: <Tomai este cálice e distribuí-lo entre vós. Pois vos digo: já não
tonarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus>. Tomou
em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e o deu, dizendo: <Isto
é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim>. Do mesmo
modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: <Este cálice é a Nova
Aliança em meu sangue, que é derramado por vós>.” (Lc 22,17-20).
“Aconteceu que, estando sentando
conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e o serviu. Então,
se lhes abriram os olhos e reconheceram, mas, ele desapareceu. Diziam então um
para o outro: <Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo
caminho e nos explicava as Escrituras?>. Levantaram-se na mesma hora e
voltaram a Jerusalém Aí acharam reunidos os onze e os que com eles estavam.
Todos diziam: <O Senhor ressuscitou verdadeiramente a apareceu a Simão>.
Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o
tinham reconhecido ao partir do pão” (Lc
24,30-35).
Atos dos
Apóstolos, Segundo São Lucas (70 ou 80 d.C):
“Perseveram eles na doutrina dos
apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações” (At 2,42).
Didaqué (80 ou 90 d.C.)
Didaqué
[instrução dos doze apóstolos] (80 ou 90 d.C):
“Celebrem a Eucaristia deste modo:
Digam primeiro sobre o cálice: <Nós te agradecemos Pai nosso, por causa da
santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A
ti a glória para sempre>. Depois digam sobre o pão partido: <Nós te
agradecemos Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste
por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre. Do mesmo modo como este
pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se
tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no
teu reino, porque tua glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para
sempre>. Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em
nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: <Não deem as coisas santas
aos cães>” (Didaqué 9,1-5).
“Depois de saciados, agradeçam
deste modo: <Nós te agradecemos Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste
habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos
revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti glória para sempre. Tu, Senhor
Todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos
homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém,
deste uma comida e uma bebida espiritual, e uma vida eterna por meio do teu
servo” (Didaqué 10,1-3).
São João (9
a 103 d.C.)
Evangelho Segundo
São João (95 d.C):
“Quem come a minha carne e bebe o
meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha
carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim
como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que
comer a minha carne viverá por mim” (Jo
6,54-57).
No próximo SB SABENDO BEM, apresentarei os Padres da Igreja do II Século
(101 a 200 d.C),
Nenhum comentário:
Postar um comentário