IV SÉCULO (301 a 400 d.C)
SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho (354 a 430 d.C)
Comentários ao “Sermão da Montanha”, segundo Santo Agostinho (393 a 394 d.C):
“Assim sendo, quem se atreveria a afirmar que devemos rezar a oração dominical somente uma vez ao dia? Ou ainda a rezarmos duas ou três vezes, a ser mesmo suficiente só naquele hora em que recebermos o Corpo de Cristo, sem pronunciarmos essa súplica nas horas restantes?” (II livro; 26).
“Contudo, se alguém quiser interpretar este pedido da oração dominical, em relação ao alimento necessário para o corpo, ou ao sacramento do Corpo do Senhor, convém que admita juntamente todos os sentidos aqui explicados e reconheça que pedimos, ao mesmo tempo, o pão cotidiano necessário ao corpo, o sacramento visível e o pão invisível da Palavra de Deus” (II livro; 27).
Explicação do Símbolo, segundo Santo Agostinho (393 a 394 d.C):
“Dize, cometeste algo muito terrível, de grave, de horrendo, que só de pensar assusta? O que fizeste? Por acaso, mataste Cristo? Não há nada pior que isso, pois não há nada melhor que Cristo. Quão nefasto matar Cristo! Os judeus o mataram e, depois, muitos deles creram nele e beberam seu sangue” (O símbolo aos catecúmenos; 15).
Confissões, segundo Santo Agostinho (397 a 400 d.C):
“Aproximando-se o dia da sua morte, minha mãe não se preocupou em ter seu corpo suntuosamente revestido ou embalsamado com aromas, não desejou ter rico monumento, nem mesmo ter sepultura na própria pátria. Não nos pediu nenhuma dessas coisas, mas desejou somente que nos lembrássemos dela diante de teu altar, ao qual ela não deixou um só dia de servir, porque sabia que aí se oferece a Vítima santa, pela qual <foi destruído o libelo contra nós> e foi vencido o inimigo” (IX livro; 13,36).
A Correção e a Graça, segundo Santo Agostinho (427 d.C.)
“Finalmente, o próprio Salvador diz: Se permanecerdes na minha palavra, sereis, em verdade, meus discípulos (Jo 6,31). Acaso entre eles haveria de ser incluído Judas, que não permaneceu na sua palavra? Não seriam também incluídos aqueles dos quais diz o evangelista, depois que o Senhor recomendou que se comesse de sua carne e se bebesse de seu sangue: Assim falou ele, ensinando na sinagoga de Cafarnaum. Muitos de seus discípulos, ouvindo-o, disseram: “Esta palavra é dura. Quem pode escutá-la?”. Compreendendo que seus discípulos murmuravam por causa disso, Jesus lhes disse: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subir aonde estava antes? O espírito é que vivifica, a carne para nada serve. As palavras que vos disse são espírito e vida. Alguns de vós, porém, não crêem”. Jesus sabia, com efeito, desde o princípio, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que o entregaria. E dizia: “Por isto vos afirmei que ninguém pode vir a mim, se isto não lhe for concedido pelo Pai”. A partir de então, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele (Jo 6,60-66).” (A Correção e a Graça; 9,22).
A Predestinação dos Santos, segundo Santo Agostinho (429 d.C)
“Se os pelagianos chegassem a dizer isto, como negam o pecado original, não se empenhariam em buscar para as crianças não sei que lugar de felicidade fora do Reino de Deus, principalmente porque devem ter a convicção de que não podem obter a vida eterna pelo fato de não terem comido a carne e bebido o sangue de Cristo (Jo 6,54).“(A Predestinação dos Santos; 13,25)
O Dom da Perseverança, segundo Santo Agostinho (429 d.C.)
“Chegamos
à quarta petição: o pão nosso de cada dia dá-nos hoje (Mt 6,11). O
bem-aventurado Cipriano mostra também nesta passagem que o objeto do pedido é a
perseverança. Diz assim entre outras coisas: “Pedimos que a cada dia nos seja
concedido o pão, a fim de não nos separarmos do corpo de Cristo os que estamos
em Cristo e recebermos o alimento da Eucaristia todos os dias, a não ser que,
devido a algum pecado mais grave, sejamos impedidos de comungar o pão
celestial”. Estas palavras do santo homem de Deus indicam que os santos imploram
de Deus a perseverança, quando rezam nesta intenção: O pão nosso de cada dia
dá-nos hoje, e não sejam separados do corpo de Cristo, mas permaneçam na
santidade, mediante a qual não cometam algum pecado que os torne merecedores de
tal separação.” (O Dom da Perseverança; 4,7)
“Portanto, o que se reza na celebração da Eucaristia: Corações ao alto! (prefácio) é dádiva do Senhor. E os fiéis são convidados a agradecer ao nosso Deus, quando do sacerdote vem o convite e respondem: É nosso dever e nossa salvação. Pois, como nosso coração não está em nosso poder para subir a Deus, mas é ajudado pelo seu auxílio, cada um procure as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus (Cl 3,1).” (O Dom da Perseverança; 13,33).
V SÉCULO (401 a 500 d.C)
PAPA LEÃO MAGNO
Quarto sermão sobre a quaresma, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“E como para dissimular sua incredulidade, eles ousam penetrar em nossas assembleias, eis como eles se comportam na participação dos sacramentos: de tempo em tempo, com medo de não poder permanecerem inteiramente escondidos, eles recebem, com boca indigna, o corpo de Cristo, recusando-se porém, absolutamente, a beber o sangue da nossa redenção” (IV sermão sobre a quaresma, 5).
Oitavo sermão sobre a quaresma, segundo o Papa Leão Magno (430 a 461 d.C):
“Com efeito, na festa da Páscoa, para a qual convergem todos os mistérios de nossa religião, aquele cujo coração não está manchado por nenhum sentimento contrário à fé, prepara-se por uma purificação autêntica e conveniente. Diz, na verdade, o Apóstolo: “Pois tudo o que não procede da boa fé é pecado” (Rm 14,23), serão inúteis e sem sentido os jejuns daqueles que foram enganados pelo pai da mentira, por suas ilusões e que não são alimentados pelo verdadeiro corpo de Cristo” (VIII sermão sobre a quaresma, 1).
Primeiro sermão na Ascensão do Senhor, segundo o Papa Leão Magno (430 a 461 d.C):
“Seus corações iluminados concebem a chama da fé; de tépidos tornam-se ardentes ao explicar-lhes o Senhor as Escrituras. Na fração do pão, abrem-se os olhos dos convivas. Muito mais felizes esses olhos que se abrem e veem manifesta a glória da natureza do Senhor” (I sermão na Ascensão do Senhor, 2).
CONCLUSÃO
A fé da Igreja é inegável, sagrada, santa e verdadeira.
Não estamos aqui, frente a uma invenção que tenha surgido por conta de interpretações erradas das escrituras ou da patrística. Crer na eucaristia como sinal vivo do amor de Deus e entender que a presença real de Jesus Cristo é crença que transcende os séculos, só corrobora com a afirmação que aquilo que cremos vem dos tempos primitivos e apostólicos.
Longe de qualquer técnica hermenêutica que o artigo aqui exposto poderia propor, temos como único compromisso o embasamento da verdade e para isso, nada melhor que recorrermos aos mais antigos que confirmaram as verdades de nossa religião. É incrível como se torna real ler passagens dos Evangelhos ou das epístolas de São Paulo sobre a eucaristia e encontrarmos testemunhos semelhantes nos séculos posteriores. Sem qualquer adição ou interpolação nos textos patrísticos, estamos aqui, presenciando os maiores atos de veracidade perante o dogma eucarístico.
Ainda que existam pessoas contrarias a ortodoxia aqui apresentada, ainda que atualmente surjam apóstatas que nutrem forte desejo pela destruição da Igreja, sabemos que nossa rocha esta firmada nas palavras do próprio Senhor: “As portas do inferno jamais abalarão a sua Igreja” (Mt 16,18 e 1 Tm 3,15).
Tenha fé e creia: Jesus Cristo é e para sempre será, reconhecido na fração do pão (Lc 24,30-35).
Escritor por: Érick Augusto Gomes
Fonte: https://accatolica.com/2017/08/20/a-eucaristia-e-os-testemunhos-primitivos-da-igreja/
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