LEITURA ORANTE DA BÍBLIA
Leitura orante da Bíblia
Estudamos a Bíblia para compreender
melhor a mensagem, mas ela não é só um livro que nos permite ter mais conhecimentos.
Ela é principalmente um espaço onde somos convidados a conversar com Deus. Por isso
a Igreja nos convida a fazer a chamada “leitura orante” da Bíblia. É um processo
que, especialmente na catequese de crianças, precisa ser trabalhado de maneira simples,
para ser bem entendido, valorizado e acolhido. É normalmente apresentado em 4 passos:
leitura (o que o texto diz em si), meditação (o que o texto diz para mim, hoje),
oração (o que o texto me faz dizer a Deus) e contemplação (como o texto me faz olhar
a vida, tomar decisões, assumir compromissos).
Evidentemente, antes de tudo,
cada texto precisa ser bem compreendido. Muitas vezes nem percebemos que certas
frases e palavras, por serem de outro tempo e outra cultura, podem ser estranhas
para as novas gerações. Às vezes se trata
de palavras cujo significado pode não estar claro. Será que as crianças e adolescentes
(e muitos adultos) sabem, por exemplo, o que é um fariseu, um publicano, um samaritano?
Será que entendem palavras que hoje são frequentemente percebidas com outro sentido,
como sacrifício, temor a Deus, lei? Um dia, na missa, um menino de 9 anos foi escolhido
para fazer parte da procissão das ofertas. Conversei rapidamente com ele, que estava
bem animado por poder participar daquele jeito. Perguntei então se sabia o que era
“oferta” e ele me disse: _Sei sim: é quando o supermercado vendo um produto mais
barato...
Por tudo isso, precisamos examinar
o texto para ver o que precisa ser explicado para que a leitura orante se desenvolva
sem problemas. Aí então podemos desenvolver os 4 passos recomendados nesse contato
com a Bíblia:
1º passo: Leitura: o que o texto quis comunicar na época e na
cultura em que foi escrito
Podemos fazer uma viagem no
tempo, convidar os catequizandos a se sentirem parte do povo em que a Bíblia nasceu.
Alguns recursos podem ajudar a tornar esse passo mais interessante. Por exemplo:
cada pessoa pode ser convidada a ler o texto como se fosse alguém presente na cena
bíblica em questão, pensando como se sentiria ao ouvir a mensagem, como contaria
esse sentimento a outros depois; pode até ser feita uma espécie de dramatização
de uma “entrevista” com pessoas a quem o texto se refere. A seguir pode haver um
comentário com a turma sobre as consequências que aquela mensagem poderia ter naquele
tempo.
2º passo: Meditação: o que
o texto diz para nós; olhar a nossa realidade de hoje e perceber como a mensagem
do texto a ela se aplica.
A turma pode imaginar quais
seriam as situações e personagens correspondentes ao que a mensagem quer comunicar
para nós hoje, diante do que vivemos em casa, na igreja, na comunidade, do que vemos
nos jornais. Os catequizandos podem até ser convidados a reescrever um texto que
passasse o mesmo recado, compor algo semelhante em formato de notícia de jornal
ou dramatizar uma cena de hoje onde ficasse evidente, com personagens diferentes,
o que o texto bíblico quer nos dizer.
3º passo: Oração: como o texto nos faz entrar em diálogo com
Deus sobre o que foi comunicado e percebido.
Aqui poderíamos lembrar, aplicados
ao que foi refletido na meditação, quatro tipos de função da oração:
a) pedir perdão: depois de um exame de consciência
sobre o que Deus estava nos pedindo através do texto, podemos comentar situações
onde o ser humano deixa de fazer o que a Palavra bíblica nos está pedindo. A seguir,
cada um pode lembrar situações onde não correspondeu ao projeto divino e fazer em
silêncio seu pedido pessoal de perdão.
b) pedir as graças necessárias:
podemos conversar sobre o que cada um precisa desenvolver em sua vida para ser capaz
de cumprir o que Palavra de Deus está propondo.
c) agradecer: dentro do assunto
abordado pelo texto, podemos pensar nos dons que já recebemos, nas situações em
que Deus nos ajudou a fazer algo bom, nas pessoas que já nos ajudaram a viver melhor
e mostrar nossa gratidão a Deus e aos companheiros de caminhada.
d) louvor: é a oração mais
gratuita. Não se trata de louvar a Deus para conseguir manipulá-lo; é a manifestação
espontânea da alegria e da gratidão por termos esse Pai que nos criou e nos acompanha
com amor, esse Filho que se entregou por nós e nos ensinou o melhor caminho, esse
Espírito Santo que nos inspira e nos ajuda a viver com mais sabedoria.
4º passo: Contemplação: como o texto nos faz ver a vida a partir da vontade de Deus
A oração nos devolve à vida
cotidiana com um olhar diferente. Depois de uma boa conversa com Deus vamos perceber
algo mais profundo nas pessoas que nos cercam, nas maravilhas da natureza, nas notícias
do jornal, no que vivemos na Igreja. Anthony de Mello tem uma frase interessante
que ilustra isso: “se você olhou a árvore e viu o milagre, finalmente você viu a
árvore.” O mesmo poderia ser dito sobre a maneira como olhamos as pessoas e o que
Deus nos pede diante das situações da nossa vida.
Percebemos como a leitura orante
pode aprofundar a nossa relação com Deus? Queremos fazer isso com criatividade e
persistência?
Therezinha Motta Lima da Cruz
Fonte: http://www.catequesedobrasil.org.br/noticia/leitura-orante-da-biblia
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