Volta às aulas presenciais em SP deve ser decidida em novembro
Bruno Covas - Foto: RovRosa/Agência BrasilO prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), deve adiar a decisão sobre a volta às aulas presenciais na capital paulista para novembro. Nesta quinta (17), ele deve anunciar que as escolas poderão fazer de forma opcional atividades extracurriculares a partir de outubro, como antecipou o jornal Folha de S.Paulo, mas sem definição de retomada das aulas regulares.
Covas, que tenta a reeleição, sofre pressão de grupos opostos sobre a
reabertura das escolas na cidade. De um lado, sindicatos de professores pedem que
as aulas presenciais só sejam retomadas em 2021. De outro, donos de escolas
querem a autorização para voltar a funcionar.
Sem acompanhar o cronograma de reabertura definido pelo governo João Doria
(PSDB), que já liberou parte das atividades escolares no estado desde 8 de
setembro e prevê a volta às aulas regulares em outubro, Covas segue adiando a
decisão.
Nesta quinta (24), o prefeito deve apenas afastar o anúncio antecipado de que
não haverá aulas em 2020 – o adiamento do retorno para 2021 vem sendo pedido os
sindicatos de professores.
Manteria sem definição, no entanto, a data em que elas serão autorizadas na
capital. A avaliação atual é de que, se houver liberação ainda este ano, será
apenas para novembro –e mesmo isso não está definido. Novembro tem dois
feriados e eleições municipais, quando Covas concorre à reeleição.
"A opção foi pela indefinição para não desagradar ninguém, nem os que
querem a volta nem os que defendem o retorno só no próximo ano", diz Celso
Napolitano, presidente da Fepesp (Federação dos Professores do Estado de São
Paulo), que representa os docentes das redes pública e privada.
"Ao adiar, ele causa incerteza entre os professores e famílias, prejudica
o planejamento pedagógico para o encerramento das atividades deste ano."
Para esta quinta também está prevista a apresentação do resultado do novo
inquérito sorológico feito com alunos da cidade de São Paulo. O último estudo
do tipo indicou estimativa de que mais de 123 mil estudantes (18,3%) tenham
anticorpos para a doença –comparando ao inquérito anterior, houve aumento da
prevalência, que antes era de 16,1%.
Foi com o resultado desse desse inquérito que Covas decidiu não autorizar a
reabertura das escolas para atividades extracurriculares em setembro, como
planejava o governo Doria. A decisão do prefeito impediu a retomada também nos
colégios da rede estadual.
Covas tem sido procurado
não apenas pelo sindicato de professores das redes municipal e particular, mas
também das escolas estaduais. A Apeoesp, maior sindicato de docentes do país,
pressiona a gestão municipal para que não libere a reabertura.
Das mais de 5.000 escolas estaduais paulistas, 20% (1.177) ficam na capital e
dependem da liberação de Covas, e não apenas do governador, para reabrirem.
O Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo)
também tem pressionado o prefeito para autorizar a reabertura e diz que pode
recorrer mais uma vez à Justiça para forçar a volta das atividades presenciais.
"Ele está cedendo à pressão dos sindicatos de professores e provocando um
estrago na educação das crianças. A escola privada já está preparada para a
reabertura desde julho, não é válido esse argumento de que, se abrirmos antes,
vai se ampliar a desigualdade educacional na cidade. A desigualdade já está
posta", diz Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp.
Na semana passada, a Prefeitura de São Paulo anunciou a compra de kits com
equipamentos de segurança a ser entregues aos estudantes e educadores. O
anúncio era para o início do processo de aquisição dos materiais.
A nota falava da compra de 760 mil kits, o que é insuficiente para atender somente
parte dos estudantes, que são mais de um milhão na rede municipal. Segundo a
prefeitura, a compra foi planejada para a entrada parcial dos alunos, sem informar
qual era a previsão da chegada desses materiais às escolas.
O protocolo de segurança da rede municipal determina que a volta às aulas só
pode ocorrer quando as escolas estiverem com esses materiais disponíveis para o
uso dos alunos e professores.
Sem acompanhar o cronograma de reabertura definido pelo governo João
Doria (PSDB), que já liberou parte das atividades escolares no estado desde 8
de setembro e prevê a volta às aulas regulares em outubro, Covas segue adiando
a decisão.
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