23.º DOMINGO DO TEMPO COMUM
PERDOAR E RECONCILIAR!
Perdoar, com certeza, é questão de amor e se você não tiver um coração repleto de amor você não vai corrigir o seu irmão e, muito menos, vai conquista-lo para você ou para Deus! Nossas reconciliações são pouco eficazes porque são pobres de amor! Reconciliação sem amor tem sabor de vingança! … Mesmo seguindo as etapas pedagógicas indicadas por Jesus, nossas reconciliações não funcionam; tem sabor de armistício! O fogo permanece encoberto por cinzas! Basta uma “lufada de vento”, para a guerra recomeçar.
A repreensão é necessária para haver reconciliação; se ela existir, marcada pelo amor, o pecador poderá não se converter e continuar com seu pecado e, então, irá pagar por ele! Mas se você não repreender seu irmão e ele não se converter… ele irá responder por seu pecado, mas Eu (Deus) pedirei contas a você a respeito do pecado do irmão! E nesta prestação de contas, com certeza, não terá o “jeitinho brasileiro”!
O dever da repreensão não é um acréscimo à Lei; pelo contrário, é uma exigência de Lei de Deus, fomos criados por amor e seremos felizes na justa medido do perdão e do auxílio fraterno pois viveremos a plenitude do amor. Quando amamos e perdoamos de coração, somos verdadeiramente irmãos e estaremos agindo de acordo com o plano de Deus que nos fez à sua imagem e semelhança! Repreender com amor e por amor… nos fará cumprir plenamente o Mandamento do amor: “O amor é o cumprimento perfeito da Lei!”
“Não fecheis o coração; ouvi hoje a voz de Deus!
FREI CARLOS ZAGONEL
CORRIGIR UM IRMÃO
As leituras bíblicas da Missa deste domingo falam sobre o tema da caridade fraterna na comunidade dos fiéis, a qual tem sua fonte na comunhão da Trindade. O apóstolo Paulo afirma que toda a Lei de Deus encontra a sua plenitude no amor, de modo que, também os nossos relacionamentos com os outros, os dez mandamentos e qualquer que seja o preceito se resumem nisto: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Rm 13, 8-10).
O texto do Evangelho tirado do capítulo 18 de Mateus, dedicado à vida da comunidade cristã, nos diz que o amor fraterno comporta também um sentido de responsabilidade recíproca, pela qual, se o meu irmão comete uma culpa contra mim, eu devo usar de caridade em relação a ele, a antes de tudo, falar- -lhe pessoalmente, fazendo-lhe meditar que aquilo que disse ou fez não é bom.
Este modo de agir se chama correção fraterna: essa não é uma reação à ofensa imediata, mas é movida pelo amor ao irmão. Comenta Santo Agostinho: Aquele que te ofendeu, ofendendo-te, provocou em si mesmo uma grave ferida, e você não cuidará da ferida do seu irmão? Você deve esquecer a ofensa que recebeu, não a ferida do teu irmão (Discursos, 82;7) E se o irmão não me escuta? Jesus no Evangelho indica um percurso: antes de voltar a falar- -lhe chame outras duas ou três pessoas, para ajudá-lo melhor a se dar conta daquilo que fez; se, apesar disso, ele rejeitar a observação, haverá a necessidade de levar a questão à comunidade; e se não escuta nem mesmo a comunidade, é necessário leva-lo a perceber a separação que ele mesmo provocou, separando-se da comunhão da Igreja.
Tudo isto indica que existe uma corresponsabilidade no caminho da vida cristã: cada um, consciente dos próprios limites e defeitos, é chamado a acolher a correção fraterna e a ajudar os outros com este serviço particular. Um outro fruto da caridade na comunidade é a oração em comum. Diz Jesus: "Se dois de vocês na terra se colocarem de acordo para pedir qualquer coisa, o meu Pai que está nos céus a concederá. Porque onde estão dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mt 18,19-20)
A oração pessoal é certamente importante e mais, indispensável, mas o Senhor assegura a sua presença na comunidade que, mesmo sendo pequena, é unida e unânime, porque esta reflete a própria realidade de Deus Uno e Trino, perfeita comunhão de amor.
Orígenes diz que "devemos exercitar-nos nesta sinfonia" (Comentário sobre o Evangelho de Mateus 14,1), isto é, nesta concórdia no interior da comunidade cristã. Devemos exercitar- -nos seja na correção fraterna, que requer muita humildade e simplicidade do coração, seja na oração, a fim que suba a Deus, uma comunidade verdadeiramente unida em Cristo.
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