A morte não é nada
“A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.”
Este volume contém duas obras de Santo Agostinho. A primeira, “De vera religione”, foi escrita entre sua conversão e sua ordenação sacerdotal com a finalidade de atrair ao catolicismo seu amigo Romaniano, que ele próprio havia levado ao maniqueísmo. A segunda obra deste volume é o pequeno, mas significativo, tratado “De cura pro mortuis gerenda”, acerca do cuidado devido aos defuntos, redigido por volta do ano 421 d.C. Trata-se de uma resposta à consulta feita por Paulino, bispo de Nola da Campânia, na península itálica. A questão que origina o opúsculo é se os fiéis tiram algum proveito de ter seu corpo inumado junto ao túmulo de algum santo. Agostinho responde que sacrifícios e orações pelos mortos só fazem sentido se os defuntos viveram de modo a merecer tirar proveito de tais atos. Além de responder a estas questões, o bispo de Hipona trata de outras questões relacionadas à morte, como a aparição dos mortos.
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