1. A política não é verdadeira
A maioria dos livros de história, bem como a maioria das aulas de ciência política, exagera acentuadamente o papel que as lideranças políticas e as instituições tiveram em moldar a história do mundo.
É fácil e conveniente demais contar
histórias de uma maneira que atribua crédito ou culpa a forças pessoais
poderosas — como se a liderança política fosse capaz de desenhar e ditar
resultados sociais. Muito mais difícil é contar a história de maneira
verdadeira, isto é, analisando a evolução de ideias, da cultura e da
tecnologia.
Sociedades podem ser bem-sucedidas sem
líderes brilhantes em seu governo. Com efeito, elas frequentemente prosperam
exatamente por causa da ausência dessas pessoas (você já ouviu
falar de algum
político suíço de qualquer período da história?).
Mesmo na história americana, o maior período
de inovação e criação de riqueza ocorreu sob presidentes cujos
nomes hoje já estão praticamente esquecidos.
2. A política é ineficaz
As pessoas querem recorrer à política e
ao processo político para "resolver" todos os tipos de coisas: criar
empregos, aumentar a renda, melhorar a infraestrutura, aumentar o acesso à
cultura, e melhorar a educação, a segurança e a saúde. Esta é a pior solução
possível.
Todas essas coisas ocorrem apesar do
estado, e não por causa dele. Nenhum político ou partido
político jamais criou algo comparável à Amazon, ao YouTube, à Apple, à Uber, a
todos os aparelhos, máquinas e aplicativos que nos trazem bem-estar, ou mesmo a
milhões de pequenas e médias empresas que nos servem diariamente, efetivamente
melhorando nosso padrão de vida.
A melhor maneira de um governo promover
o bem da sociedade é simplesmente se recusando a interferir na vida, na
liberdade e na propriedade das pessoas. A única coisa realmente boa que pode
advir do ativismo político é limitar o poder do estado ao máximo possível. O
problema é que tudo na política conspira exatamente para quebrar esse limite
Por isso, e de novo, é necessário haver
antes uma grande mudança ideológica para dar sustentação a este movimento.
3. A política destrói ideais
O idealista bem intencionado inicia seu
ativismo político pensando que esta é a maneira com que ele irá fazer a
diferença. Mas ele rapidamente irá descobrir que tudo é uma enganação: suas ideias
e visões não importam e seu voto não muda nada. Ele está tentando controlar uma
máquina que está totalmente fora do controle dele.
Ato contínuo, ele tem de fazer uma
escolha: ou ele continua jogando o jogo, mesmo sabendo que jamais alcançará
seus ideais; ou ele abandona toda aquela futilidade e vai se dedicar a um setor
no qual ele realmente pode manter seus princípios e efetuar mudanças genuínas;
setores como educação, cultura, tecnologia, fé ou empreendedorismo.
A principal (e talvez única) coisa que
você realmente é capaz de controlar é você próprio. Logo, eis as suas
principais obrigações: capacitar-se continuamente, adquirir cada vez mais
habilidades, conhecimento, erudição e força de caráter para que, no final, você
tenha um grande domínio sobre sua área escolhida.
4. A política pode lhe tornar um imoral
O setor estatal não produz nada por
conta própria. Ele simplesmente parasita o resto da sociedade, confiscando sua
riqueza e vivendo dela. Quem está no setor estatal vive exclusivamente daquilo
que retira coercivamente das pessoas produtivas. O setor estatal prospera pelo
roubo e pela fraude.
Não há um único estado grande que não
seja culpado de fazer coisas terríveis a seu povo — coisas que, se fizéssemos
uns com os outros, seríamos
tachados de criminosos. Com efeito, todos os que já estiveram lá
dentro podem atestar que não é possível existir algo como "burocracia
eficiente", jogo político "limpo", e programas criados por
ativistas de "grande espírito público".
A realidade lá dentro é várias vezes
pior e mais fétida do que qualquer um de nós aqui de fora pode sequer
fantasiar.
Uma vez lá dentro, ao descobrir tudo
isso, o que você fará? Algumas pessoas irão se sentir ainda mais atraídas pelo
arranjo exatamente por causa deste niilismo moral que o estado desencadeia: no
mínimo, toda aquela máquina pode ser usada para esmagar meus inimigos.
Tamanho rebaixamento da moral e do
caráter é repulsivo. Por isso, há quem diga que o estado atrai sociopatas.
5. A política é imune a alterações
A única função do estado é ser um
aparato de coerção e compulsão. Esta é a sua marca distintiva. É isso que torna
o estado o que ele realmente é. Da mesma maneira que o estado responde bem a
argumentos de que ele deveria ser maior e mais poderoso, ele é
institucionalmente hostil a qualquer um que diga que ele deveria ser menos
poderoso e menos coercivo.
Isso não quer dizer que algum trabalho
feito "de dentro" não possa gerar algo de bom, em algum
momento. Porém, é muito mais provável o estado converter o libertário do
que o libertário converter o estado.
Todos nós já vimos isso milhares de
vezes. Dificilmente são necessários mais do que alguns poucos meses para que um
intelectual libertário que tenha ido para o governo "amadureça" e se
dê conta de que seus ideais eram 'muito pueris' e 'insuficientemente
realistas'. Um político prometendo tornar o governo mais manso e mais submisso
rapidamente se torna um proeminente especialista em criar novas maneiras de
tornar o estado mais eficiente no confisco da riqueza alheia. Tão logo este
fatídico passo é tomado, não há mais limites.
Aquele indivíduo genuinamente
bem-intencionado, e que entrou para a máquina estatal tentando mudá-la para
melhor, acabou sendo mudado por ela para pior.
Há um caminho melhor, mais ético e moral
Com efeito, há milhões de maneiras
melhores. Você pode perfeitamente continuar sendo um libertário (ou qualquer
outra denominação que você prefira) e fazer coisas efetivas que não envolvam
agitação política. Governos vêm e vão, mas a tecnologia e as ideias duram. E
elas também são mais poderosas que tanques, exércitos e bombas: ideias são à
prova de balas.
Você pode se dedicar às artes, escrever
prosas, compor música, criar empreendimentos produtivos, salvar vidas por meio
da medicina ou da terapia, ou ser um ótimo cônjuge, pai ou amigo. Qualquer uma
destas opções será um uso muito mais eficaz e humano do seu tempo na terra do
que a política.
Entender a maneira como a liberdade
humana funciona ajudará você a ver isso. E essas buscas não irão sacrificar
seus ideais.
Em definitivo, filiar-se a um partido e
buscar um cargo público não é, nem de longe, a melhor maneira de agir de acordo
com o que você acredita.
Mas por que então as pessoas são tão
atraídas por soluções políticas? F. A. Hayek deu uma dica. Tudo está ligado
àquela ânsia por soluções decisivas, duradouras e universais para os problemas
da vida. Elas estão à procura de um caminho imediato e certeiro para fazer do
mundo um lugar melhor, e veem no aparato estatal a melhor e mais efetiva
maneira de fazer isso.
No fundo, é a impaciência das pessoas
com relação à evolução gradual do conhecimento — o que só ocorre por meio de
experimentos iterativos — o que as leva a exigir soluções governamentais.
Mas uma vida extremamente politizada,
baseada naquela esperança de que o presidente, o Congresso e o judiciário irão
construir um futuro para nós, é uma vida sombria e, na melhor das hipóteses,
sem nenhum sentido. Esperar que soluções boas venham do estado sempre será
algo, no mínimo, ingênuo. E querer entrar para o estado para acelerar estas
soluções pode ser algo ainda mais danoso para seu caráter.
Libertários sempre devem ter isso em
mente. A questão da estratégia não é simples. E o poder sempre será
tentador. A esmagadora maioria das pessoas que entram para o governo é
formada por gente que está ali ou porque quer uma vida fácil, ou porque quer
controlar a vida dos outros, ou porque quer uma vida fácil que ao mesmo tempo
permite controlar a vida dos outros.
Sempre foi e sempre será assim. O
estado mastiga as pessoas e, no final, ou ele engole ou ele cospe aquelas que entraram
ali com o nobre intuito de promover a liberdade.
Esta é a lição. Em vez de tentar
se infiltrar no estado, os defensores da liberdade devem perseguir seus ideais
por meio do comércio, da educação, do empreendimento, das artes, da divulgação
de ideias, do debate etc. Liderem e exerçam influência por meio do
respeito alcançado por suas realizações. Estas são áreas que oferecem
genuínas promessas e altos retornos.
Quando um libertário diz que está
fazendo coisas boas em algum ministério ou em alguma agência reguladora, não
tenho motivos para duvidar de suas palavras. Porém, quão melhor seria caso
ele renunciasse a este emprego e escrevesse um livro expondo toda a mamata,
charlatanice e roubalheira da burocracia? Um golpe bem colocado contra um
órgão do governo pode produzir mais reformas, e gerar mais benefícios para a
sociedade, do que décadas de tentativas de infiltração e subversão.
Muito mais importante do que
legisladores expressando ideias libertárias é a existência de educadores,
empreendedores, pais e mães, líderes religiosos e empresariais divulgando as
ideias da liberdade. Defensores da genuína liberdade amam o comércio, a
tecnologia e a cultura, e não o estado. Comércio, tecnologia e cultura são
o nosso lar e nossa plataforma de lançamento para as reformas em prol da
liberdade. Apenas a divulgação de ideias sólidas pode nos libertar em
definitivo do jugo opressor do estado.
Fingir amizade com um inimigo mais
poderoso é uma postura que beneficiará exclusivamente a ele.
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