Como José e Maria esperavam o nascimento de Jesus?
Carlos Padilla Esteban -
O
maior milagre está escondido em Maria, o maior segredo é cuidado por José
Maria está a caminho de Belém. Junto a José. E com Jesus no seu
interior. É advento. É espera. É silêncio. Desligamos o celular e nos
conectamos a Deus. Descansamos do barulho do mundo. Faz bem desconectar-se um
pouco. Renunciar um pouco. Fazer mais silêncio.
Caminhamos com Maria e José. Maria acalma José quando ele se
inquieta. José se ajoelha diante de Maria, diante de Jesus em Maria. Maria, no
advento, é o único lugar do mundo onde se encontra o Deus feito carne. Que
grandeza! Que pequenez!
O medo, a incerteza, o sentimento de fragilidade, o poder
descansar em José. Maria não está sozinha. Como Deus é bom! Ela pode falar com
José, sonhar com ele, rezar com ele olhando as estrelas, caminhar na ponta dos
pés pela vida, levantar o olhar e os anseios, construir um mundo de ternura.
Ele sabe de tudo e compreende Maria. Com ele, ela pode falar tudo.
Com José, com suas mãos sobre sua barriga. Os três estão sozinhos neste
momento.
O
caminho
Imagino a intimidade de Maria com Jesus. Os diálogos intermináveis
no silêncio do caminho. Imagino a intimidade de Maria com José, a intimidade
dos três. Como será que eles rezavam juntos? Certamente, também tinham medos,
dúvidas, inseguranças.
“Como será este menino? O que vai acontecer? Onde ele nascerá? O
que teremos de fazer? Como poderemos educar o próprio Deus?” Eles sentem que
não sabem nada, que são fracos e ignorantes. Como se educa um Deus que sabe
tudo, que pode tudo?
José está tranquilo porque Maria está presente. Ele confia
totalmente nela. É um tempo de olhares, de silêncios, de ternura. De abraços
calados. O anjo veio ao seu encontro. Ao de Maria, ao de José. Mas depois o
anjo parece ficar calado. Não há mais sinais. Só Deus em Maria, só Maria em
Deus.
Quantos caminhos nesse primeiro advento! O caminho de Deus até
nós, tocando com imenso respeito a porta de Maria, a porta de José. O caminho
até a casa de Isabel, Maria cheia de Deus, levando a alegria em seu ventre.
Há quadros que representam José caminhando com Maria rumo à casa
de Isabel. Como poderia deixá-la sozinha? O caminho sagrado até Belém. Muitos
passos, muitos dias, muitas noites. Calor e frio. Escuridão e luzes. Vento e
medo. Alegria e espera. Assim como em nossa vida, quando caminhamos.
Nossa
história
Repassamos o passado e encontramos também caminhos em nossa
história, encontros e desencontros, medos e esperanças. Como José e Maria no
advento. Caminhos e descansos. Muitos momentos de quietude, de recolhimento, de
oração profunda, interior, de descansar em silêncio, um junto ao outro, os três
unidos.
O maior milagre está escondido em Maria. O maior segredo é cuidado
por José. Deus cresce dentro dela. Maria o guarda como o mais sagrado.
Acaricia-o. E o espera quando ninguém o espera. Em silêncio, seu corpo e sua
alma se preparam para Ele.
Ela já sabe seu nome. Chama-o pelo nome. Calada, em seu coração.
Pronuncia seu nome. Chama-o suavemente. Com imensa ternura. Ela sempre o amou,
e agora Ele está com Ela, para sempre.
Maria pensa nas pessoas a quem Jesus ajudará. Repete seu “sim”. Às
vezes com força. Às vezes também com voz suave. Subitamente, diz como um grito.
Mas, outras vezes, seu “sim” será o silêncio, o gesto calado. O simples estar
em pé. O ajoelhar-se para segurar aquele que não consegue se manter em pé.
Esse “sim” de Nazaré, esse “sim” de Ain Karim, esse “sim” repetido
no caminho a Belém. Esse “sim” em Belém, escondida ao lado de uma manjedoura.
Esse “sim” no Egito, cheia de desconcerto. E novamente esse “sim” do silêncio
de trinta anos.
Esse “sim” oculto em uma família santa. Esse “sim” que nós tantas
vezes não pronunciamos. Esse “sim” que fica preso na garganta. Esse desejo
torpe e pobre por levantar o olhar, a alma, o interior. Esse anseio profundo
por chegar ao mais profundo da vida.
Hoje,
podemos nos unir a esta oração:
“Ensina-me, Maria, neste advento, a querer, a velar, a guardar, a
olhar para o meu interior sem mês distrair. Porque eu me distraio. Ajuda-me a
caminhar, como tu. Tu carregas Deus sem dizer nada. Isso me comove. Como eu
gostaria de me parecer mais com você!
Tu carregas Deus em tua paz, em tua ternura, em tua misericórdia,
na luz dos teus olhos, nesse teu jeito de estar preocupada pelos detalhes mais
humanos, de acolher com teu olhar limpo, de deixar de pensar em ti para pensar
no outro.
Teu ‘sim’ de Nazaré… Ah, quantos ‘sim’ saíram dos teus lábios, da
tua alma! Agora, tu e José não veem mais que o hoje, mas confiam. Em breve,
haverá outro passo a ser lado, e Deus lhes marcará esse pedaço de caminho com
seus passos, dando-lhes luz.
Ajuda-me a ser assim, a dar o meu ‘sim’ nos passos que preciso dar
hoje, e confiar em que, para os passos de amanhã, Deus estará comigo. ‘Sim’ ao
hoje. ‘Sim’ a este passo.”
Neste advento,
queremos aprender novamente a caminhar. Sem pressa. Em silêncio. Desconectados
um pouco. Conectados profundamente com Deus. Primeiro um passo, depois o outro.
Assim, o caminho se tornará mais leve. Enxergaremos mais longe. Confiaremos com
mais força. Como as crianças, que sabem que alguém as espera para iluminar seu
caminho de cada dia.
Fonte: https://pt.aleteia.org/2020/12/03/como-jose-e-maria-esperavam-o-nascimento-de-jesus/
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