"10 ensinamentos do papa Francisco para as famílias”
Por Felipe Sérgio Koller
Crédito: News.va/Facebook
Neste domingo, dia 13,
completaram-se três anos desde que Jorge Mario Bergoglio se tornou papa com o
nome de Francisco. Já na homilia da missa que marcou o início do seu
pontificado, seis dias depois da sua eleição, Francisco falava do cuidado e da
ternura. Referindo-se à vocação de guardião a que Deus tinha chamado São José,
celebrado naquele dia, ele dizia: “É cuidar uns dos outros na família: os
esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com
o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais.”
"Era a primeira vez que o
papa latino-americano falava da família, um tema que se tornou recorrente no
seu pontificado. De fato, ele convocou dois sínodos de bispos para tratar da
“vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo” e dos
“desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”, em 2014 e
2015. Além disso, celebrou o casamento de vinte casais na Basílica de S. Pedro,
em 2014, e dedicou as suas catequeses semanais ao tema da família durante um
ano inteiro.
Uma interpretação distorcida
de palavras e gestos de Francisco fez com que muitos duvidassem do
comprometimento do papa com a valorização do matrimônio e da família. Um olhar
mais atento, porém, não deixa dúvidas que essa é uma preocupação que está no
coração do papa. Para celebrar esses três anos de pontificado, recordamos dez
trechos de pronunciamentos do papa Francisco sobre o matrimônio e a família.
1- "A
importância de sonhar
Não é possível uma família sem
o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não
crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se. Por isso,
recomendo-vos que à noite, ao fazer o exame de consciência, vos ponhais também
esta pergunta: Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Hoje sonhei com o amor
do meu esposo, da minha esposa? Hoje sonhei com os meus pais, os meus avós que
fizeram a vida avançar até mim? […] Não percais esta capacidade de sonhar. E,
na vida dos cônjuges, quantas dificuldades se resolvem, se conservarmos um
espaço para o sonho, se nos detivermos a pensar no cônjuge e sonharmos com a
bondade, com as coisas boas que tem. Por isso, é muito importante recuperar o
amor através do sonho de cada dia. Nunca deixeis de ser namorados!
(Encontro das Famílias, Manila, Filipinas, 15
de janeiro de 2015"
2- "A
família nos ensina a abertura ao outro
As relações baseadas no amor
fiel, até à morte, como o matrimônio, a paternidade, o ser filho ou irmão,
aprendem-se e vivem-se no núcleo familiar. Quando estas relações formam o
tecido básico de uma sociedade humana, conferem-lhe coesão e consistência.
Portanto, não é possível fazer parte de um povo, sentir-se próximo, cuidar de
quem está mais distante e infeliz, se no coração do homem estiverem
fragmentadas estas relações fundamentais, que lhe dão segurança na abertura ao
outro. […] Perante uma visão materialista do mundo, a família não reduz o homem
ao estéril utilitarismo, mas oferece-lhe um canal para a realização dos seus
desejos mais profundos.
(Mensagem por ocasião do I
Congresso Latino-Americano de Pastoral Familiar, 5 de agosto de 2014)
3- Sem
família não há humanidade
A família é importante, é
necessária para a sobrevivência da humanidade. Se não existe a família, a
sobrevivência cultural da humanidade corre perigo. É a base, nos apeteça ou
não: a família.
(Entrevista na Rádio Catedral,
Rio de Janeiro, 27 de julho de 2013)
4- Ideologias
que destroem a família
Existem colonizações
ideológicas que procuram destruir a família. Não nascem do sonho, da oração, do
encontro com Deus, da missão que Deus nos dá. Provêm de fora; por isso, digo
que são colonizações. […] E assim como os nossos povos, num determinado momento
da sua história, chegaram à maturidade de dizer não a qualquer colonização
política, assim também como família devemos ser muito sagazes, muito hábeis,
muito fortes, para dizer não a qualquer tentativa de colonização ideológica da
família. […] A família está ameaçada também pelos crescentes esforços de alguns
em redefinir a própria instituição do matrimônio mediante o relativismo, a
cultura do efêmero, a falta de abertura à vida.
(Encontro das Famílias,
Manila, Filipinas, 15 de janeiro de 2015)
5- A
crise da família
A família atravessa uma crise
cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais. No caso da
família, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade, porque se
trata da célula básica da sociedade, o espaço onde se aprende a conviver na
diferença e a pertencer aos outros e onde os pais transmitem a fé aos seus
filhos. O matrimônio tende a ser visto como mera forma de gratificação afetiva,
que se pode constituir de qualquer maneira e modificar-se de acordo com a
sensibilidade de cada um. Mas a contribuição indispensável do matrimônio à
sociedade supera o nível da afetividade e o das necessidades ocasionais do
casal.
(Exortação apostólica
Evangelii Gaudium, n. 66, 24 de novembro de 2013)
6- Cada
filho é um milagre
Um filho muda a vida! Todos
nós vimos — homens, mulheres, que quando chega um filho a vida muda, é outra
coisa. Um filho é um milagre que muda a vida. Vós, meninas e meninos, sois
precisamente isto: cada um de vós é fruto único do amor, vindes do amor e
cresceis no amor. Sois únicos, mas não sozinhos! E o fato de terdes irmãos e
irmãs vos faz bem: os filhos e as filhas de uma família numerosa são mais
capazes de comunhão fraterna desde a primeira infância. Num mundo muitas vezes
marcado pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de
partilha; e destas atitudes beneficia toda a sociedade.
(Discurso à Associação
Nacional das Famílias Numerosas, Vaticano, 28 de dezembro de 2014)
7- “Perder
tempo” com os filhos
Quando confesso um homem ou
uma mulher, casados, jovens, e da confissão sobressai algo em relação ao filho
ou à filha, eu pergunto: […] diga-me, o senhor brinca com os seus filhos? —
Como, Padre? — o senhor perde tempo com os seus filhos? Brinca com os seus
filhos? — Mas não, pois quando saio de casa de manhã cedo — diz-me o homem —
eles ainda dormem, e quando volto, já estão na cama. Também a gratuidade,
aquela gratuidade do pai e da mãe em relação aos filhos, é muito importante:
“perder tempo” com os filhos, brincar com os filhos. Uma sociedade que abandona
as crianças e marginaliza os idosos corta as suas raízes e ofusca o seu porvir.
(Discurso aos participantes na
Plenária do Pontifício Conselho para a Família, Vaticano, 25 de outubro de
2013)
8- O amor
supera a dificuldade
Os filhos dão trabalho. Nós,
como filhos, demos trabalho. Às vezes, em casa, vejo alguns dos meus
colaboradores que vêm trabalhar com olheiras. Eles têm um bebê de um mês, dois
meses. Eu lhes pergunto: “Não dormiste?” Respondem: “Não, chorou a noite toda”.
Na família há dificuldades, mas essas dificuldades são superadas com amor. O
ódio não supera nenhuma dificuldade. A divisão dos corações não supera nenhuma
dificuldade. Só o amor é capaz de superar a dificuldade. Amor é festa, o amor é
a alegria, o amor é seguir em frente.
(Vigília de oração com as
famílias, Filadélfia, Estados Unidos, 26 de setembro de 2015)
9- Nunca
deixar as pazes para depois
O matrimônio é o caminho
conjunto de um homem e de uma mulher, no qual o homem tem o dever de ajudar a
esposa a ser mais mulher, e a mulher tem o dever de ajudar o marido a ser mais
homem. Este é o dever que tendes entre vós: “Amo-te e por isso faço-te mais
mulher” – “Amo-te e por isso faço-te mais homem”. É a reciprocidade das
diferenças. Não é um caminho suave, sem conflitos, não! Não seria humano. É uma
viagem laboriosa, por vezes difícil, chegando mesmo a ser conflituosa, mas isto
é a vida! […] É normal que os esposos briguem: é normal! Acontece sempre. Mas
dou-vos um conselho: nunca deixeis terminar o dia sem fazer a paz. Nunca.
(Homilia em missa com o rito
do matrimônio, Vaticano, 14 de setembro de 2014)
10- A
harmonia que vem de Deus
Queridas famílias, como bem
sabeis, a verdadeira alegria que se experimenta na família não é algo
superficial, não vem das coisas, das circunstâncias favoráveis… […] Na base
deste sentimento de alegria profunda está a presença de Deus, a presença de
Deus na família, está o seu amor acolhedor, misericordioso, cheio de respeito
por todos. […] Só Deus sabe criar a harmonia a partir das diferenças. Se falta
o amor de Deus, a família também perde a harmonia, prevalecem os
individualismos, se apaga a alegria. Pelo contrário, a família que vive a
alegria da fé, comunica-a espontaneamente, é sal da terra e luz do mundo, é
fermento para toda a sociedade.
(Homilia na Jornada da Família
por ocasião do Ano da Fé, Vaticano, 27 de outubro de 2013)
Fonte: https://www.semprefamilia.com.br/religiao/10-ensinamentos-do-papa-francisco-para-as-familias/
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