Vacinas contra o coronavírus: 5 pontos que todo mundo deve saber
Por Daniella Grinbergas e Gustavo Grohmann
Especialistas
discutem a eficácia mínima que uma vacina para a Covid-19 deve ter, questões de
segurança, particularidades para certas populações.
A corrida pela vacina contra a Covid-19 traz uma mistura de animação
com incerteza. Aí que entra um artigo publicado no periódico científico Journal of American Medical Association (JAMA),
dos médicos americanos Jesse Goodman, John Grabenstein e Miles Braun. Ele aborda
questões-chave que todos nós devemos ficar de olho ao encarar as candidatas à vacina contra Covid-19 (Sars-CoV-2). O texto vai da eficácia
mínima à necessidade de medidas de segurança mesmo após a imunização.
Veja
Saúde reuniu as principais informações desse artigo, contextualizando-as de acordo
com o cenário brasileiro. Confira:
1.
Qual a taxa mínima de eficácia da vacina?
Segundo
a Food and Drug Administration (FDA), agência que regula medicamentos nos Estados
Unidos, uma vacina contra essa pandemia só será licenciada por lá se tiver provas
de que previne ou reduz a gravidade da doença em pelo menos 50% das pessoas vacinadas.
Aqui
no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estipulou um limite
mais alto: 70%. Entretanto, no final de setembro, já havia sinalizado que poderia
aprovar uma vacina com 50% de eficácia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adota
uma postura semelhante.
Apesar
de parecer pequena, essa porcentagem já ajudaria a reduzir a disseminação do Sars-CoV-2,
principalmente em um cenário carente de alternativas. Mas claro: imunizantes que
se mostrarem mais potentes substituiriam os mais fraquinhos no futuro.
Porém,
os especialistas americanos alertam que todo estudo possui uma margem de erro. Se
um experimento indica que uma vacina tem 50% de eficácia, esse número pode na realidade
ser de 30%, por exemplo. Ou de 80%. Só mais estudos e um acompanhamento prolongado
da população imunizada trarão precisão aos dados.
Além
disso, é importante investigar se as vacinas só evitariam casos leves, ou se também
impediriam os episódios mais graves da Covid-19. E se reduziriam hospitalizações
e mortes. Atualmente, há quem critique algumas das pesquisas conduzidas no momento
por prestarem menos atenção a esses pontos
2.
Os padrões de segurança
A FDA
exige que mais de 15 mil pessoas sejam vacinadas e acompanhadas por tempo suficiente
para o aparecimento de eventuais reações adversas. A agência ainda demanda a divulgação
de todos os dados de segurança e de uma revisão criteriosa feita por especialistas
sem interesses financeiros nos estudos.
Embora
desconfortáveis, sintomas como dor local, febre e fadiga são aceitáveis diante de
um produto com potencial para evitar infecções graves. No entanto, problemas graves
observados em pessoas que tomaram as vacinas devem ser investigados a fundo para
ver se de fato tem a ver com a picada.
Só que
tem uma questão aqui: “Os pacientes devem entender que possíveis eventos adversos
raros às vezes são detectados apenas quando a vacina é usada de maneira abrangente
pela população”, escrevem os autores do artigo publicado no JAMA. Isso significa
que, mesmo após a aprovação das vacinas, é importante que as autoridades sigam monitorando
seus efeitos positivos e negativos, até para potencializar os benefícios e minimizar
ainda mais os riscos. Essa é uma prática comum a outros medicamentos, aliás.
3.
A vacina pode não ser igualmente eficaz para todos
De acordo
com o artigo, grupos diferentes possivelmente não terão a mesma resposta à vacinação.
Os idosos, quem sabe, talvez desenvolvam menos anticorpos, por exemplo. Somente
com os estudos concluído é que será possível comparar as características das pessoas
e sua relação com o imunizante.
Segundo
a publicação, é importante conhecer essas diferenças para definir quem deverá receber
as vacinas — e quais os grupos prioritários.
Tudo
indica que crianças e grávidas não tenham indicação em um primeiro momento. Como
os estudos estão se concentrando em outras populações, provavelmente não teremos
dados suficientemente confiáveis de segurança e eficácia nelas em um primeiro momento.
Os ensaios
com essas e outras turmas só serão realizados após a comprovação da segurança nos
demais.
4.
Nem todas as concorrentes são iguais!
As fórmulas
são distintas e podem mudar ao longo da jornada, aperfeiçoando-se de acordo com
o avanço da ciência. É provável que, no futuro, algumas sejam mais indicadas a um
grupo específico, enquanto outras caiam em desuso.
Só com
um entendimento aprofundado sobre cada vacina será possível fazer recomendações
mais personalizadas.
5.
Quem se vacinar precisa manter as medidas de proteção
Os protocolos
de segurança e higiene adotados atualmente devem perdurar por mais algum tempo.
Isso porque nenhuma vacina é 100% eficaz e grande parte da população está suscetível
ao coronavírus.
Aliás,
nem sabemos se a vacina será capaz de barrar a transmissão do Sars-CoV-2, ou se
apenas impedirá o desenvolvimento da doença em quem tomar as doses.
No mais,
a produção inicial de imunizantes não dará conta de boa parte da população mundial.
E a ciência desconhece por quanto tempo a imunidade oferecida pela injeção perduraria.
Diante
de tantas incertezas, é possível, por exemplo, que autoridades sigam recomendando
que a população use máscaras e evite se aglomerar, mesmo após a chegada de uma vacina.
Conforme os estudos forem se acumulando, essas medidas podem ser revistas.
Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/vacinas-contra-o-coronavirus-5-pontos-que-todo-mundo-deve-saber/
Nenhum comentário:
Postar um comentário