Máscara N95 e PFF2: por que países da Europa reprovam material caseiro e agora exigem máscara profissional
Máscaras como a PFF2 (foto) e N95 têm melhor adesão ao rosto do que máscaras de tecido
Laís Alegretti - @laisalegretti
Da BBC News Brasil em Londres
Decisões
de países europeus que passaram a exigir o uso de máscaras profissionais pela
população abrem um novo capítulo no debate sobre os modelos de proteção facial
contra o coronavírus.
Chegou
a hora de deixar a máscara caseira de lado e buscar uma máscara cirúrgica ou de
padrão PFF2 e N95?
A
verdade é que hoje a resposta das autoridades sanitárias a essa questão muda de
país para país. Embora as políticas variem, cientistas e estudos apontam que as
máscaras N95, PFF2 ou equivalente oferecem um grau maior de proteção e devem
ser priorizadas em situações de maior risco.
Ao
mesmo tempo em que novas variantes do coronavírus se espalham e que a vacinação
contra a covid ainda está engatinhando, a necessidade das máscaras como uma das
formas de reduzir a transmissão é hoje uma certeza. O debate é a respeito do
modelo.
A
França decidiu proibir as máscaras caseiras, exigindo o uso das cirúrgicas,
FFP2 (semelhante à PFF2 brasileira e à N95) ou máscaras de tecido feitas de
acordo com padrões chamados de categoria 1.
O
argumento do governo francês é o de que os modelos caseiros não oferecem a
proteção necessária contra novas variantes do coronavírus.
Antes,
Áustria e Alemanha já tinham anunciado que exigiriam o uso dessas máscaras
(cirúrgicas ou PFF2) em locais como transporte público e comércio, que são mais
propícios para a transmissão do vírus.
No
Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mantém a indicação
de máscaras de tecido, limpas e secas, para a população em geral, enquanto as
máscaras cirúrgicas e as N95, PFF2 e equivalentes devem ser usadas "pelos
profissionais que prestam assistência a pacientes suspeitos ou confirmados de
covid-19 nos serviços de saúde".
Procurada
pela reportagem, a agência brasileira reconhece que "alguns países
europeus indicaram ou passaram a exigir o uso de máscaras N95 e PFF2 ou equivalentes
pela população geral", mas argumenta que hoje não há recomendação da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para que haja um aumento no nível de
proteção das máscaras, "principalmente devido à falta de evidências que
sustentem essa indicação e para evitar o desabastecimento dos serviços de saúde
com este insumo tão importante para a prestação de assistência aos pacientes
com covid-19 durante a realização de procedimentos que possam gerar
aerossóis".
A OMS mantém a recomendação de uso de máscaras de tecido para o público em geral.
O
engenheiro biomédico Vitor Mori, membro do grupo Observatório Covid-19 BR,
recomenda o uso de máscaras PFF2 e N95 para a população em geral em situações
de exposição a lugares mal ventilados e inevitáveis, como transporte público.
"Temos que deixar bem claro que a PFF2 é a última linha de proteção e deve ser usada quando não há outra opção de proteção (como priorizar locais ventilados e manter distanciamento)", diz Mori. "A primeira coisa é: você pode ficar em casa? Se a resposta for sim, fique em casa."
Pós-doutorando
na Faculdade de Medicina na Universidade de Vermont, Mori explica que a defesa
do uso de máscaras com maior nível de proteção é reflexo de um progresso no
conhecimento em relação às formas de transmissão do vírus, e não de uma
característica específica da nova variante de coronavírus.
Inicialmente,
houve maior atenção à transmissão pelo contato com superfícies contaminadas e
pelas gotículas que emitimos ao tossir ou espirrar. Depois, especialistas
passaram a destacar a
importância da transmissão por gotículas ainda menores,
que emitimos ao falar ou espirrar, e que ficam suspensas no ar por mais tempo,
os chamados aerossóis.
Foi
só em outubro de 2020 que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC),
órgão de saúde dos Estados Unidos, atualizou suas diretrizes sobre os tipos de
transmissão do coronavírus e passou a incluir os aerossóis, considerando que a transmissão pode ocorrer pelo ar.
Isso também é importante para entender a necessidade de evitar locais com
ventilação ruim ou com muitas pessoas aglomeradas.
"Para
a proteção contra essas partículas (aerossóis), as máscaras de pano não
funcionam. Então, ao entender a importância da transmissão por aerossóis, você
reforça a importância de máscaras de melhor qualidade, bem vedadas ao rosto e
com boa capacidade de filtração", diz Mori.
Como as máscaras N95 e PFF2 protegem mais?
O
primeiro ponto importante é que essas máscaras seguem padrões estabelecidos por
normas técnicas para garantir um nível alto de proteção, diferente de máscaras
artesanais. É por isso que é possível saber a capacidade de filtragem delas. A
PFF2 filtra pelo menos 94% das partículas de 0,3 mícron de diâmetro, as mais
difíceis de se capturar. A capacidade de filtragem da N95 é 95%.
Embora
a N95 seja o modelo mais buscado em pesquisas no Brasil, é a nomenclatura dos
Estados Unidos. O padrão no Brasil é a PFF2. E, na Europa, é a FFP2. Esses
padrões de respiradores, embora não sejam idênticos, são equivalentes. E a
recomendação é usar os modelos sem válvulas, já que elas permitem saída de ar
sem filtragem.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55794988
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