domingo, 7 de fevereiro de 2021

MÁSCARAS MAIS EFICIENTES

Máscara N95 e PFF2: por que países da Europa reprovam material caseiro e agora exigem máscara profissional

Máscaras como a PFF2 (foto) e N95 têm melhor adesão ao rosto do que máscaras de tecido

Laís Alegretti - @laisalegretti
Da BBC News Brasil em Londres

Decisões de países europeus que passaram a exigir o uso de máscaras profissionais pela população abrem um novo capítulo no debate sobre os modelos de proteção facial contra o coronavírus.

Chegou a hora de deixar a máscara caseira de lado e buscar uma máscara cirúrgica ou de padrão PFF2 e N95?

A verdade é que hoje a resposta das autoridades sanitárias a essa questão muda de país para país. Embora as políticas variem, cientistas e estudos apontam que as máscaras N95, PFF2 ou equivalente oferecem um grau maior de proteção e devem ser priorizadas em situações de maior risco.

Ao mesmo tempo em que novas variantes do coronavírus se espalham e que a vacinação contra a covid ainda está engatinhando, a necessidade das máscaras como uma das formas de reduzir a transmissão é hoje uma certeza. O debate é a respeito do modelo.

A França decidiu proibir as máscaras caseiras, exigindo o uso das cirúrgicas, FFP2 (semelhante à PFF2 brasileira e à N95) ou máscaras de tecido feitas de acordo com padrões chamados de categoria 1.

O argumento do governo francês é o de que os modelos caseiros não oferecem a proteção necessária contra novas variantes do coronavírus.

Antes, Áustria e Alemanha já tinham anunciado que exigiriam o uso dessas máscaras (cirúrgicas ou PFF2) em locais como transporte público e comércio, que são mais propícios para a transmissão do vírus.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mantém a indicação de máscaras de tecido, limpas e secas, para a população em geral, enquanto as máscaras cirúrgicas e as N95, PFF2 e equivalentes devem ser usadas "pelos profissionais que prestam assistência a pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19 nos serviços de saúde".

Procurada pela reportagem, a agência brasileira reconhece que "alguns países europeus indicaram ou passaram a exigir o uso de máscaras N95 e PFF2 ou equivalentes pela população geral", mas argumenta que hoje não há recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que haja um aumento no nível de proteção das máscaras, "principalmente devido à falta de evidências que sustentem essa indicação e para evitar o desabastecimento dos serviços de saúde com este insumo tão importante para a prestação de assistência aos pacientes com covid-19 durante a realização de procedimentos que possam gerar aerossóis".

A OMS mantém a recomendação de uso de máscaras de tecido para o público em geral.

O engenheiro biomédico Vitor Mori, membro do grupo Observatório Covid-19 BR, recomenda o uso de máscaras PFF2 e N95 para a população em geral em situações de exposição a lugares mal ventilados e inevitáveis, como transporte público.

"Temos que deixar bem claro que a PFF2 é a última linha de proteção e deve ser usada quando não há outra opção de proteção (como priorizar locais ventilados e manter distanciamento)", diz Mori. "A primeira coisa é: você pode ficar em casa? Se a resposta for sim, fique em casa."

Pós-doutorando na Faculdade de Medicina na Universidade de Vermont, Mori explica que a defesa do uso de máscaras com maior nível de proteção é reflexo de um progresso no conhecimento em relação às formas de transmissão do vírus, e não de uma característica específica da nova variante de coronavírus.

Inicialmente, houve maior atenção à transmissão pelo contato com superfícies contaminadas e pelas gotículas que emitimos ao tossir ou espirrar. Depois, especialistas passaram a destacar a importância da transmissão por gotículas ainda menores, que emitimos ao falar ou espirrar, e que ficam suspensas no ar por mais tempo, os chamados aerossóis.

Foi só em outubro de 2020 que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos, atualizou suas diretrizes sobre os tipos de transmissão do coronavírus e passou a incluir os aerossóis, considerando que a transmissão pode ocorrer pelo ar. Isso também é importante para entender a necessidade de evitar locais com ventilação ruim ou com muitas pessoas aglomeradas.

"Para a proteção contra essas partículas (aerossóis), as máscaras de pano não funcionam. Então, ao entender a importância da transmissão por aerossóis, você reforça a importância de máscaras de melhor qualidade, bem vedadas ao rosto e com boa capacidade de filtração", diz Mori.

 

Como as máscaras N95 e PFF2 protegem mais?

O primeiro ponto importante é que essas máscaras seguem padrões estabelecidos por normas técnicas para garantir um nível alto de proteção, diferente de máscaras artesanais. É por isso que é possível saber a capacidade de filtragem delas. A PFF2 filtra pelo menos 94% das partículas de 0,3 mícron de diâmetro, as mais difíceis de se capturar. A capacidade de filtragem da N95 é 95%.

Embora a N95 seja o modelo mais buscado em pesquisas no Brasil, é a nomenclatura dos Estados Unidos. O padrão no Brasil é a PFF2. E, na Europa, é a FFP2. Esses padrões de respiradores, embora não sejam idênticos, são equivalentes. E a recomendação é usar os modelos sem válvulas, já que elas permitem saída de ar sem filtragem.

 

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-55794988

 

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