Quaresma: quarenta dias; tempo de penitência, jejum, oração, esmola. Mas por que 40 dias? O número ganha significado a partir da Bíblia, onde aparece muitas vezes. Certamente esse número é teológico e não matemático, ou seja, tem valor qualitativo e não quantitativo. Quarenta é um número simbólico: o tempo necessário para o amadurecimento, para a prova, para atingir um ideal almejado, sejam quarenta anos ou quarenta dias. Vejamos! Moisés passou 40 dias no monte Sinai, em intimidade com Deus. O povo de Israel, que ele libertou, era escravo no Egito e Moisés foi escolhido para libertá-lo e conduzi-lo à Terra Prometida, onde corre “leite e mel”, ou seja, uma terra abençoada na qual Deus reinaria sobre todos, onde seria o “seu Deus”. Antes de chegar a essa terra, o povo passou quarenta anos no deserto para escutar a voz de Deus, conhecer sua Lei e aprender a praticá-la. Um tempo de prova e de preparação para uma experiência única de Deus.
Jesus continuou o caminho de Moisés no deserto e se tornou o guia e o libertador de todos os homens e as mulheres. Segundo relatos dos evangelistas, Ele passou quarenta dias no deserto, tempo necessário para provar sua fidelidade ao Pai, antes de iniciar sua missão como profeta. Com sua comunhão com Deus, dita em forma de jejum e oração, venceu a tentação no deserto, mostrou a sua liberdade e seu senhorio sobre todas as coisas. Diferentemente de Adão, que não soube acolher o projeto de Deus e se fechou em seu orgulho, Jesus acolheu o Reino do qual é mediador e se tornou Senhor de todos e de tudo por sua ressurreição dos mortos.
A Igreja
continua, durante o tempo litúrgico da quaresma, celebrando os mistérios do êxodo
e a fidelidade de Cristo; ela busca uma renovação contínua de sua comunhão com Deus,
sempre acreditando no amor apaixonado de Deus pelo ser humano que se manifesta no
seu Filho Jesus Cristo. Por isso, ela faz penitência em busca de uma fidelidade
maior a seu Senhor. E convida cada cristão a uma mudança de vida, em vista de uma
mais radical adesão a Jesus. A quaresma prepara a celebração do mistério central
da vida de Jesus: sua páscoa; sua morte e ressurreição com as quais reconciliou
a humanidade com Deus. O batismo nos imergiu no mistério pascal de Cristo. Mas nem
sempre conseguimos ser fiéis a Cristo e a seu evangelho. A quaresma se entende,
pois, como tempo de conversão, para que sejamos mais fiéis à graça de nosso batismo,
cujas promessas vamos renovar na grande celebração da páscoa, na noite do sábado
santo.
Fonte:
https://fiquefirme.com.br/multimedia-archive/14_espiritualidade_da_quaresma/
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