CRISTO É A NOSSA PAZ NA CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021
Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
A
compreensão do texto bíblico possibilite a aceitação sempre maior da Campanha
da Fraternidade em nível ecumênico nas comunidades de fé, em Cristo, do qual a
Igreja católica participa no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC). O
ecumenismo é fundamental na vida da Igreja, no apelo forte pela unidade dos
cristãos ao redor do pastor supremo, o Senhor Jesus Cristo.
Cristo é a nossa paz
Cristo é a nossa paz. É
o lema da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Ele foi tirado da Carta de
São Paulo aos Efésios (cfr. Ef 2,14a),
uma carta como diz o texto, para pessoas de boa vontade em um mundo cheio de
barreiras, de divisões e de muitas esperanças. A comunidade de Efésios fazia
parte das cidades do Mediterrâneo. O apóstolo Paulo ficou por muito tempo
naquela comunidade, uma cidade que vivia um intenso clima cultural, no qual
convergiam instâncias diversas a partir do judaísmo e o helenismo, ou também do
paganismo.
A paz de Cristo
A paz de Cristo do qual
São Paulo falou é diferente daquela romana, sendo percebida como a vida nova,
dada pelo Senhor Jesus na reconciliação com Deus, com os irmãos e irmãs, é
percebida como salvação. A paz foi o primeiro dom do Ressuscitado dado aos
discípulos (cfr. Jo 20,19).
O significado da palavra paz é fundamental nas diversas línguas como no
grego eirene, no
hebraico shalom e no
aramaico, sholom, todas
possuindo um sentido de superação das violências, das discriminações, plenitude
de relações entre o ser humano com Deus. A afirmação de que Cristo é a nossa
paz alude à confissão de que em Cristo não há mais, nem grego, nem judeu, nem escravo,
nem livre, nem homem, nem mulher, mas todos são um em Cristo Jesus (cfr. Gl 3,28) e nem lugar para o
racismo, o ódio.
Ideal a ser vivido
A
unidade na diversidade era um ideal a ser alcançado, entre judeu-cristãos e
gentio-cristãos, em vista de uma convivência pacífica. Se para as pessoas
judias convertidas ao cristianismo, a lei era fundamental, de modo que a nova
Aliança trazida por Cristo era para eles a universalização da mesma, da lei, no
entanto Cristo superou a antiga lei colocando na nova, a partir dele, segundo o
apóstolo, o amor misericordioso de Deus, a relação de reconciliação do ser
humano com Deus em Jesus Cristo. A carta de Paulo era um convite para a
superação que dividia os cristãos em vista da unidade em Cristo nas quais as
pessoas formavam comunidade, eram convocadas à experiência do amor de Deus que
une a todos em Cristo. As comunidades de fé são chamadas à unidade, respeitando
a diversidade.
A fé em Cristo
A
fé em Cristo leva os fiéis às obras de perdão e de amor fraterno. Como é
possível o testemunho da unidade em Cristo Jesus? Cristo é a nossa paz de modo
que Ele não é motivo para divisões e conflitos, mas é inspiração para a
convivência e o diálogo, compromisso de amor.
Fez um só povo
Ele fez um só povo de
ambos os povos que existiam. Isto estava presente na Palestina, porque a parede
de separação que dividia no pátio, no templo de Jerusalém, de um lado estavam
os judeus e de outro lado estavam os pagãos, foi derrubada por Cristo Jesus
porque Ele é a nossa paz. Mas também no mundo pagão onde o Apóstolo pregava,
Cristo derrubou a parede que dividia judeus e pagãos que se convertiam ao
cristianismo, formando um só povo, na unidade e na diversidade. A boa nova
supera os ódios, os exclusivismos, preconceitos e exclusões. Do que era
dividido Ele formou um só povo (cfr. Ef 2,14a).
Com Cristo as pessoas vivem em comunhão e no diálogo fraterno.
A história da salvação
Cristo sendo a paz para
todos, coloca uma dimensão social que se percebe na história da salvação no
sentido de que judeus e pagãos reconhecem Deus como Pai, sendo que o Pai de
Jesus Cristo é também o Pai das famílias humanas. A paz permite cuidar e
reconstruir a convivência social, pois todos são da família de Deus, irmãos e
irmãs (cfr. Ef 2,19).
A descrição da paz em Cristo
Nós
afirmamos na expressão paulina de que Cristo é a nossa paz, o como Ele
aproximou de Deus os judeus e os gentios. Ele derrubou o muro de separação,
matando na própria carne a inimizade, destruindo a lei feita por decretos. Ele
unificou os dois povos no seu sangue, criando em si mesmo um só homem novo e o
reconciliou com Deus. Assim Ele anunciou a paz aos vizinhos e aos que estão
longe. Tudo isso é fruto do dom de Cristo como nossa paz, o acesso no único
Espírito e a Deus que é Pai.
É muito importante o
movimento ecumênico na vida da igreja e das comunidades de fé, em vista da
unidade em Cristo pela diversidade, porque Cristo é a nossa paz, porque do que
era dividido fez uma unidade (Ef 2,14a).
Rezemos uns aos outros.
Fonte: https://www.cnbb.org.br/cristo-e-a-nossa-paz-na-campanha-da-fraternidade-ecumenica-2021/
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