Jesus teve medo da morte – e isto deve nos encorajar
Francisco
Vêneto
Após a morte, e graças à
morte do Filho de Deus, seremos por Ele ressuscitados, graças à Ressurreição do
Filho de Deus
Jesus
teve medo da morte e literalmente sentiu na pele a angústia excruciante que
atormenta o homem perante o momento mais misterioso da nossa passagem por este
mundo finito.
Durante
a Sua oração no Horto do Getsêmani, ao sopé do Monte das Oliveiras, Ele
experimentou uma tristeza tão pesada e profunda que os Seus apóstolos a notavam
no próprio semblante do Senhor. Ele parecia sentir “medo e angústia”, conforme
os Evangelhos registraram.
Depois
de já ter instituído a Sagrada Eucaristia na Última Ceia, o Mestre caminhou com
Seus discípulos até o vale do riacho do Cedron. Jesus deixou oito dos apóstolos
à entrada do jardim e chamou os outros três para acompanhá-lo: Pedro, Tiago e
João. A essa altura, já não estava com eles o traidor.
Um
horror profundo tomou conta do Filho de Deus feito homem, a ponto de fazê-lo
exclamar:
“A minh’alma está
triste de morte”.
Ele
sabia que estavam chegando as horas cruciais da Redenção. Era a hora de
entregar a vida em sacrifício por todos nós, na cruz. Da perspectiva humana,
todo o horror de ser preso, torturado, espancado, condenado à morte,
crucificado e morto explodia em Seu Sagrado Coração. Jesus rezava e pedia
forças ao Pai, consciente das dores brutais que O aguardavam e dos suplícios
que aguardavam os Seus discípulos – que sequer conseguiam ficar acordados para
acompanhá-Lo em oração.
Jesus
teve medo da morte
O
grande medo humano da morte o toma a tal ponto que Ele implora ao Pai:
“Pai: tu podes tudo!
Afasta de mim este cálice!”
Era
toda a humanidade do Deus feito carne que ali se manifestava, deixando-nos
claro que, mesmo sendo Deus verdadeiro, Ele morreria como homem verdadeiro,
experimentando toda a dor e toda a angústia que a morte pode provocar no homem.
Ele Se fez solidário para conosco na experiência dessa dor, sendo em tudo igual
a nós, exceto no pecado.
Isto
deve nos encorajar
E é
essa mesma fraqueza de Jesus, porém, que nos traz coragem perante o sofrimento
e a morte. Ele nos lembra: sim, o homem se fez mortal em decorrência do pecado,
mas a mortalidade se restringe à nossa passagem por este mundo finito. Após a
morte, e graças à morte do Filho de Deus, seremos por Ele ressuscitados, graças
à Ressurreição do Filho de Deus.
Ainda
que os tormentos terríveis de Cristo tenham decorrido muito menos do Seu
sofrimento físico do que dos nossos pecados, a Sua experiência desses tormentos
e a Sua vitória definitiva sobre eles é um incentivo para que os encaremos
conforme o Seu exemplo: sentindo, sim, as angústias e o medo natural da dor e
da morte, mas tendo também a certeza de que é somente um momento, intenso, mas
breve, diante da infinitude da Vida Plena que nos aguarda após esta separação dilacerante
do mundo finito.
Jesus
chegou a suar sangue naquela de tristeza mortal:
“E um suor Lhe veio e
caiu no chão como se fossem grossas gotas de sangue” (Lc 22,44).
Medo,
mas também consolações espirituais
Ao
mesmo tempo, no entanto, Ele também experimentou consolações espirituais que
nós também podemos esperar para quando tivermos de enfrentar essa passagem
decisiva: o Evangelho nos diz que Nosso Senhor foi consolado por um anjo
enquanto orava em agonia no jardim do Getsêmani.
Segundo
S. Tomás de Aquino, pode-se dizer que o anjo proporcionou reconforto moral à
alma de Nosso Senhor, tão sensível às manifestações de afeição quanto aos
abandonos, traições e ultrajes. O papel do anjo foi o de reanimar a Sua coragem
humana. Mensageiro celeste, aquele anjo teria evocado as virtudes magníficas
que germinariam do Sangue Divino e os frutos abundantes que brotariam do Seu
sacrifício.
O
sofrimento humano de Jesus perante a iminência da morte é tão cheio de luz e
inspiração para todos nós que o primeiro mistério doloroso do rosário é justamente “A
Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras” (cf. São Marcos 14,
32-42). Que, rezando o terço conscientes de que a dor redentora dará lugar à
luz eterna da Ressurreição, Nossa Senhora, Mãe Dolorosa, nos encoraje.
https://pt.aleteia.org/2021/03/08/jesus-teve-medo-da-morte-e-isto-deve-nos-encorajar/
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