A LEI DE DEUS E O TEMPLO
Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo
Encontramos dois grandes temas na liturgia deste Terceiro Domingo da Quaresma: a Lei de Deus e o Templo. Eram os valores mais sagrados para os judeus, juntamente com o dia santo, o sábado, porque diziam respeito aos deveres relacionados com Deus: honrando seus Mandamentos, reconhecendo a presença divina no templo e prestando adoração a Deus. A cena do Evangelho nos surpreende, pela força com que Jesus entrou no Templo de Jerusalém. Os peregrinos chegavam para oferecer sacrifícios a Deus e pagar o tributo anual no templo. Por isso ali estavam os vendedores de animais e os cambistas. Com o tempo, aquele lugar sagrado havia se transforma- do num verdadeiro mercado: troca de moedas, venda de animais para os rituais: pombas, rolinhas, cordeiros, cabritos, bois etc. E Jesus reage, porque não tolera que se ofenda impunemente o caráter sagrado do templo de Jerusalém. Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes. (Jo 2,14-16) Ninguém duvidava que o templo de Jerusalém continuava a pertencer a Deus. Mas havia muito barulho, gritaria, sujeira, quase não se conseguia rezar. Pensemos agora na nossa alma: lembremos que somos templos de Deus e, por isso, o Espírito Santo habita em nós (cfr. 1 Cor 3, 16). Sendo nosso coração morada do Espírito Santo, não será que também nós nos sintamos agitados, perturbados como uma feira ou um mercado? Talvez Jesus também veja o templo da nossa alma do mesmo modo: muito cheio de pensamentos inúteis, muita dispersão, dissipação, visão humana das coisas O que pode transformar a nossa alma em um mundo agitado e turbulento? O templo do nosso coração, que foi feito para Deus, pode estar completamente abarrotado com o egoísmo das nossas preocupações pessoais; com a soberba de julgar e condenar os outros; com o apegamento ao dinheiro e às coisas materiais, etc. Como Deus espera que pertençamos de verdade a Ele, nos revelou os Dez Mandamentos: “Eu sou o Senhor teu Deus... Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus em vão... Trabalharás durante seis dias e farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é sábado dedicado ao Senhor teu Deus... Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longos anos na terra que o Senhor teu Deus te dará. Não matarás. Não cometerás adultério. Não furtarás. Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que lhe pertença”. Agradeçamos a Deus o seu desejo de estar presente no templo dos nossos corações. E, para isso, façamos um bom exame de consciência seguindo os Mandamentos e preparemos a nossa Confissão, para termos um coração puro e limpo, que seja digno templo de Deus Nosso Senhor.
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