domingo, 4 de julho de 2021

7 LIÇÕES APRENDIDAS COM A PANDEMIA APÓS 1 AN

 

Fazer do limão uma limonada ou olhar a metade cheia do copo. Seja qual for a sua forma de olhar, de toda situação adversa é possível tirar algumas lições. Com a pandemia da COVID-19 não é diferente. Obviamente, ainda é cedo para tirar grandes conclusões, mas após um ano desse cenário desafiador, já é possível refletir sobre alguns pontos importantes, especialmente com relação ao modo de trabalhar e gerir equipes.

 

Para detalhar esses ensinamentos e fornecer informações úteis para as organizações continuarem a superar os desafios provocados pela pandemia, convidamos Fernando Mantovani, Diretor-Geral da Robert Half Brasil.

Adiante, as lições foram listadas em pontos-chave que tiveram grande impacto na dinâmica dos negócios nesse período.

 

Acompanhe!

 

1. Reinvenção de negócios

 

O problema sanitário gerado pelo coronavírus afetou o mundo dos negócios, provocando crises econômicas que perduram até o momento em vários setores. Isso realçou a importância da área de gestão de crises, que é encarregada de providenciar estratégias para lidar com os problemas provocados por questões atípicas drásticas, tanto internas quanto externas.

 

Sendo assim, organizações que não dispunham de planos para lidar com situações adversas precisaram implementar medidas a toque de caixa para gerir os danos causados pela pandemia. Isso significou reduzir ou interromper atividades, migrar processos para o ambiente virtual, adotar novas formas de trabalhar etc.

 

No entanto, Fernando Mantovani observa que muitas organizações sofreram e ainda sofrem com a crise provocada pela pandemia. A lição que fica é que estar preparado para reinventar seus negócios é fundamental.

 

“No outro extremo, empresas foram fortemente impactadas de maneira positiva, como aplicativos de delivery e marketplaces. Elas mostram isso nos seus resultados”, contrapõe o diretor-geral. “A mudança nos hábitos comportamentais das pessoas alterou radicalmente a dinâmica desses negócios e conseqüentemente os seus resultados”.

 

2. Quebra de paradigmas

 

O isolamento social e a forma na qual o vírus se espalha fez com que a operação e a gestão das empresas passassem por adaptações. Até mesmo os espaços de trabalho precisaram ser alterados.

 

Tudo isso precisou ser feito em um curto período, gerando uma mudança em rotinas que antes eram consideradas consolidadas. Para Fernando, a grande lição que fica disso é uma quebra de paradigmas.

 

"Para muitas organizações, o home office era apenas uma ideia ou uma política em construção e, de repente, a empresa estava com 100% dos colaboradores trabalhando de casa".

 

Pensava-se que havia processos que eram impossíveis de serem feitos remotamente, sem papel ou sem a presença física de alguém. Mas logo foram encontradas ferramentas para que as atividades fossem adaptadas ao modelo virtual.

 

Por exemplo, no período pré-COVID-19, várias organizações davam prioridade à assinatura de contratos no papel, embora já houvesse ferramentas digitais que podiam ser usadas para certificar documentos.

 

“Muitas empresas não adotavam isso antes da pandemia, mas depois dela passaram a adotar”, enfatiza Fernando Mantovani. “Por que não adotaram antes? Qual era a barreira? Onde estava o paradigma? Acredito que essa seja a grande lição: mostrar o quanto podemos evoluir e o quanto devemos estar atentos a padrões que estamos construindo para o futuro”.

 

Em resumo, muitos dos paradigmas anteriores e dos desafios trazidos pela pandemia foram superados na necessidade da empresa continuar operando.

 

3. Uso da tecnologia

 

O uso de recursos de tecnologia se tornou essencial para lidar com a pandemia e manter as empresas operando. Isso em vários setores organizacionais e de diferentes formas, como podemos ver pelo crescimento e consolidação de algumas ferramentas e pela necessidade de equipamentos por parte dos colaboradores para conseguirem trabalhar.

 

Veja alguns exemplos de tecnologias e demandas relacionadas a elas que tiveram destaque na pandemia:

 

- Migração para processos digitais e fortalecimento do e-commerce

 

Muitas empresas migraram processos para o ambiente virtual (transformação digital) para atender também a maior demanda de consumidores nesse ambiente.

 

Aliás, a 6° edição do relatório Neotrust apontou que o comércio eletrônico brasileiro teve um aumento de 20,2 milhões de novos consumidores em 2020. O faturamento chegou a R$ 126,3 bilhões, uma variação de 68,1% em relação a 2019, quando a receita do e-commerce nacional foi de R$ 75,1 bilhões.

 

- Investimento em equipamentos para colaboradores

 

Internamente, muitas empresas precisaram investir em equipamentos, softwares e outros recursos tecnológicos para fazerem as modificações necessárias para continuar a atuar.

 

Nesse caso, foi importante o apoio que algumas organizações deram aos colaboradores que passaram a trabalhar em casa. Por exemplo, ao contribuírem com a aquisição de móveis, itens de informática ou outros objetos para eles montarem suas estações de trabalho, com acesso à internet, em suas residências.

 

Isso pode ter sido mais simples para algumas empresas do que para outras, porém, o impacto causado tende a ser positivo para o desempenho e bem-estar da equipe que foi alojada em home office.

 

- Crescimento dos softwares de videoconferências

 

Também é importante destacar a adoção de ferramentas tecnológicas de videochamadas em grupo, como o Zoom, o Google Meets e o Microsoft Teams.

O sucesso delas foi tão grande que, recentemente, a Zoom Video Communications Inc. passou a valer mais de US$ 125 bilhões. Um valor maior do que muitas empresas tradicionais de tecnologia.

 

Isso é resultado de como elas passaram a fazer parte do dia a dia das empresas e de suas equipes remotas, como já são ferramentas como planilhas, serviços de e-mail e mensageiros instantâneos (WhatsApp, Telegram, Signal etc.).

 

Vale destacar que as ferramentas de videochamadas servem tanto para reunir as equipes e permitir que discutam sobre o dia a dia das empresas quanto para possibilitar que trabalhem em sintonia. Além disso, são essenciais para vários processos de RH, como recrutamento e treinamentos. Sendo assim, a tendência é que isso continue após a pandemia.

 

- Importância da computação em nuvem

 

Outra tecnologia que está sendo importante para as empresas é a computação em nuvem (cloud computing), especificamente as ferramentas que permitem o compartilhamento de arquivos, documentos e dados em geral.

 

Com os times atuando remotamente, transferir arquivos pesados, complexos e sigilosos entre colegas de trabalho ficou mais difícil. Na empresa, isso seria feito pela rede intranet ou por dispositivos físicos de armazenamento, como pendrives.

 

Todavia, com os profissionais distantes entre si, soluções de computação em nuvem e de transferência de arquivos se tornaram fundamentais. Por meio delas, basta armazenar o arquivo desejado na nuvem e compartilhar o link de acesso com o colega. Em alguns casos, até mesmo é possível estabelecer níveis de acesso ao conteúdo.

 

Exemplos comuns usados pelos funcionários são o Dropbox, o Google Drive e o Microsoft OneDrive. No entanto, também há versões empresariais mais completas, como o Microsoft Azure e a Amazon AWS.

 

Muitas organizações já tinham migrado seus processos, ferramentas e dados para esses ambientes, que permitem o acesso a esse conteúdo remotamente, via Internet. Na pandemia, isso foi importante para os colaboradores continuarem a acessar seus sistemas de trabalho mesmo atuando de casa.

 

O mesmo pode ser dito de sistemas gerenciais que são comercializados dessa forma, ou seja, via computação em nuvem. Isso permite que sejam acessados de qualquer local do mundo, em qualquer hora.

 

Em um contexto de trabalho a distância, essa possibilidade se tornou um diferencial tanto para as desenvolvedoras desses programas quanto para muitos de seus clientes corporativos. Afinal, eles puderam continuar operando sem perderem o acesso a seus sistemas de gestão e operacionalização quando funcionários precisaram trabalhar de casa.

 

4. Trabalho remoto

 

As relações humanas foram afetadas consideravelmente pela pandemia, especialmente as profissionais, por causa do distanciamento das equipes. O trabalho remoto ganhou destaque, mas igualmente demandou o desenvolvimento de novas habilidades para os gestores lidarem com seus times, enquanto tentavam mantê-los engajados.

 

Houve, também, uma mudança nas interações. Afinal, o contato diário no escritório, no almoço ou no cafezinho deixou de existir. Apesar disso, Fernando destaca que ainda é cedo para mensurar se houve modificações profundas no relacionamento da equipe hoje, em relação ao que havia no período pré-pandemia.

 

O diretor geral destaca que, na hora que o mundo voltar ao normal e as pessoas puderem optar pelo trabalho remoto ou não, é quando poderemos olhar para os resultados de empresas e equipes, em termos de performance, e fazer uma comparação apropriada. Além disso, essa análise dependerá também de organização para organização.​

 

5. Recrutamento, seleção e aculturamento organizacional

 

A contratação de novos talentos para as empresas sofreu impactos, tanto pela redução das vagas em grande parte dos negócios quanto pela necessidade de implementar processos remotos para o recrutamento e a seleção.

 

Além disso, outras questões apareceram nos passos seguintes à contratação dos talentos, seja no processo de adaptação deles, seja no acompanhamento de seus resultados.

 

“Como fazer gestão, engajar e aculturar as novas contratações em um ambiente onde as pessoas não estão mais juntas o tempo todo?”, questiona Fernando Mantovani. “Isso foi uma mudança sensível, isto é, aprender a trabalhar à distância sem sufocar o seu colaborador, mas garantindo performance”.

 

6. Comunicação

 

A comunicação foi uma habilidade essencial aos gestores na pandemia, pois eles tiveram de aprender a se comunicar com a equipe sem sufocar seus colaboradores. Nesse cenário, o líder precisou estar próximo, ser uma pessoa presente e ajudar o colaborador, ao contrário de ser apenas alguém que cobra.

 

Nesse cenário, o perfil de líder que se sobressaiu foi o de quem respeita o indivíduo e entende as dificuldades do colaborador em trabalhar em casa. Afinal, o liderado tem que gerenciar, além da sua vida profissional, sua vida pessoal em paralelo — às vezes, com os filhos em casa. Outro diferencial desse tipo de líder é ser alguém que respeita o horário de trabalho e de intervalo, bem como a saúde dos membros da equipe.

 

“Acho que um líder verdadeiro demonstrou essas habilidades e será recompensado por isso, tanto na performance da equipe hoje como na retenção de talentos”, comenta Fernando Mantovani. “Quem não soube trabalhar dessa maneira certamente pagará um preço e perderá a equipe quando o mundo estiver realmente mais restabelecido”.

 

7. Flexibilidade e trabalho híbrido

 

A expansão das assinaturas digitais, o uso massivo de tecnologias de videoconferência (Zoom, Google Meets, Microsoft Teams etc.) e a migração de processos físicos para o meio virtual são alguns avanços que tendem a permanecer.

 

Fernando Mantovani acredita que outra mudança que deve ficar no mercado é a flexibilização em relação à quantidade de dias por semana que o colaborador estará fisicamente presente nos escritórios.

 

“Cem por cento no escritório ficou ultrapassado, afinal, para que esse nível de enrijecimento se já comprovamos que é possível que o colaborador se mantenha produtivo trabalhando de casa?”, questiona ele. “Mas cem por cento em casa, na minha opinião, traz uma série de impactos no médio prazo que não são positivos”.

 

Então, uma das chaves é encontrar um equilíbrio dentro de cada indivíduo, fazendo com que a empresa consiga operar de forma a manter seus níveis de performance. Por exemplo, permitindo a flexibilização das jornadas e a mudança de ambientes de trabalho para aqueles que estão alocados apenas em home office ou em trabalho presencial nas locações do negócio.

 

Além disso, essa harmonia é fundamental para que a liderança consiga fazer um trabalho bacana, inclusive, de identificação de talentos, sucessão e aculturamento.

 

“Na minha visão, esse é o grande desafio que vem pela frente".

 

Em relação ao que já foi feito, as mudanças tendem a se manter por muitos anos.

 

“Todas essas adaptações que foram consequências da pandemia trarão frutos lá na frente, com ganhos de eficiência e de produtividade. Inclusive, na qualidade de vida e na forma de trabalhar de alguns colaboradores da empresa”, destaca Fernando Mantovani. “Acredito que esse é o grande legado”.

 

Sendo assim, é importante buscar meios para continuar a se adaptar às mudanças trazidas pelo cenário de pandemia, que ainda provoca impactos significativos no cotidiano dos negócios.

 

Outro ponto importante é refletir sobre as lições aprendidas com a pandemia e adicionar a isso o conhecimento obtido com as medidas implementadas pela sua equipe para lidar com ela, sejam elas positivas ou não. Tal medida ajudará a nortear suas próximas ações.

 

https://www.roberthalf.com.br/blog/tendencias/7-licoes-aprendidas-com-pandemia-apos-1-ano-rc


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