Ciência já fala em “cérebro pandêmico”
Octavio Messias
Pandemia afetou nosso cérebro
de maneira inegável e isso está relacionado ao estresse
O periódico britânico The Guardian publicou uma reportagem
com especialistas na qual define a sutil porém frustrante deterioração mental que
muitos de nós estão sentindo durante a pandemia, o “cérebro pandêmico”. Nos últimos
16 meses, quem nunca se viu perdido entre atividades rotineiras, sem foco ao navegar
entre as abas abertas do computador ou até mesmo ao dobrar a roupa? Sim, você não
está sozinha ou sozinho nessa.
Essa falta de foco, comum entre tantos durante
a pandemia, seriam efeitos do “cérebro pandêmico”. Como explica a autora da matéria,
Kelli María Korducki, isso é resultado da produção contínua de cortisol, o hormônio
do estresse, que mata neurônios e diminui a atividade no córtex pré-frontal, a área
do cérebro responsável por memória, concentração e aprendizado.
Disrupção das atividades
Essa forte descarga de estresse pode estar
relacionada não só ao fato de que estamos expostos a um vírus letal, como ao “eterno
desconhecido” que se tornou nosso futuro, pois não sabemos exatamente como e quando
tudo isso irá acabar. Como diz Mike Yassa, diretor de Neurologia do Aprendizado
e da Memória no UC Irvine Cente, a pandemia não foi um mero evento estressante,
mas uma coleção de muitos estressores simultâneos que colocam a vida em risco e
que geraram disrupções da nossa atividade física, das nossas rotinas e ritmos diários
por um período que já se estendeu em muitos meses.
O “cérebro pandêmico” pode ser observado
em exames clínicos que avaliaram a massa cinzenta de indivíduos confinados ao isolamento
social e à solidão, efeitos que Barbara Sahakian, professora de neuropsicologia
na Universidade de Cambridge, aponta como “profundos”. “Observamos mudanças de volume
na amígdala, no hipocampo e nas regiões temporal, frontal, occipital e subcortical.
Estado reversível
A boa notícia é que essa condição do “cérebro
pandêmico” é reversível, uma vez que o cérebro é extremamente plástico e passível
de reparação. “Vamos levar algum tempo para nos recuperar disso”, aponta Mike Yassa,
que diz que ao menos os britânicos já estão em uma “trajetória de recuperação”,
o que ainda assim não deve ocorrer instantaneamente. “Não chegamos a esse ponto
de uma hora para a outra.”
Portanto, principalmente no Brasil, onde continuamos sem perspectivas de quando seremos vacinados em larga escala, é indispensável cuidar da higiene mental e fazer coisas que aliviam a produção de cortisol, como meditar, caminhar, fazer exercícios e até mesmo ouvir música, o que estimula a produção de hormônios que geram sensações de empatia e bem-estar.
https://pt.aleteia.org/2021/07/02/ciencia-ja-fala-em-cerebro-pandemico/
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