domingo, 1 de agosto de 2021

SANTO AGOSTINHO

A VOCAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO

No mês de agosto, Mês Vocacional, celebramos e rezamos por todas as vocações da vida da Igreja. Todas as vocações têm sua raiz, seu fundamento na vocação batismal. Pelo batismo fomos chamados a nos tornar filhos e filhas de Deus, membros de seu povo santo, ungidos para a missão de ser “sal da terra e luz do mundo”, “fermento” que faz crescer o reinado de Deus no seio da humanidade. Como Agostinho despertou para o chamado de Deus em sua vida? Foi um longo processo...

Agostinho recebeu os primeiros ensinamentos da fé de sua mãe, Santa Mônica. Nas suas Confissões, ele nos revela que bebeu o nome de Cristo com o leite materno: “e esse nome nunca saiu de meu coração”. Seguindo o costume da Igreja da época, Agostinho deixou para ser batizado quando adulto.

Na juventude, Agostinho esqueceu muitos ensinamentos de sua mãe e, movido pela inquietude de seu coração, aventurou-se por diversos caminhos, em busca de sua realização pessoal. Experimentou tudo o que estava ao alcance de um jovem de sua época e de sua condição social. Por volta dos 18 anos, em Cartago, começou a frequentar a seita dos maniqueus, causando muito desgosto à sua mãe. Mônica redobrou-se em lágrimas e orações, acompanhando de longe e de perto, conforme podia, os passos do filho.

Agostinho permaneceu entre os maniqueus por nove anos. Desiludido com a doutrina deles, tornou-se cético, frequentando a academia dos filósofos de Roma. Em Milão interessou-se pelos ensinamentos dos filósofos neoplatônicos, que o ajudaram a aproximar-se novamente de Deus. Mas foi através das pregações do bispo Santo Ambrósio que Agostinho pouco a pouco retornou à fé de sua mãe.

Na verdade, esta fé sempre estivera no seu coração. Deus sempre estivera perto, ele sim se afastara, fugira, tapara os ouvidos para não escutar o chamado de Deus. Aos 32 anos ele se converte e, por sete meses, preparou-se num longo retiro para o batismo, que ocorreu na vigília pascal de 24 de abril de 387. Junto com ele foram batizados seu filho Adeodato e seu amigo Alípio.

Como cristão batizado, Agostinho optou por viver numa comunidade de “amigos e irmãos”, como “servos de Deus”. Ao voltar para a África, ele vendeu seus bens e reservou apenas uma pequena parte da chácara que herdara de seu pai. Juntos, dedicavam-se à oração, ao estudo da Sagrada Escritura, à prática das “boas obras”, as obras de misericórdia. Eram todos leigos, procurando colocar em prática a vocação batismal, de acordo com a “Regra dos Apóstolos”, ou seja, inspirados na primeira comunidade cristã, como narram os Atos dos Apóstolos.

Quando foi a Hipona para convidar um amigo para fazer parte de sua comunidade, estando na igreja, o idoso bispo Valério pediu ao povo que indicasse alguém para ajudá-lo na função de presbítero, padre. Os olhos voltaram-se para Agostinho e, mesmo contra sua vontade, aceitou ser ordenado, mas com uma condição: poder viver em comunidade com seus irmãos de caminhada. Não muito depois, foi ordenado bispo auxiliar de Valério, sucedendo-o, mais tarde, na cátedra de Hipona. Como bispo, fundou ainda outras duas comunidades religiosas.

Por quase quarenta anos, Agostinho exerceu o ministério de padre e bispo na cidade de Hipona. Os frutos de sua vocação são incontáveis. Através dele Deus realizou maravilhas, durante sua vida e ao longo de quase dezesseis séculos de história. Tudo porque um dia Agostinho não pôde resistir ao chamado de Deus: “Tu me chamaste, e teu grito rompeu minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou minha cegueira. Derramaste teu perfume e, respirando-o, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz” (Confissões X, 27,38).

Frei Luiz Antônio Pinheiro, OSA

https://agostinianos.org.br/wp-content/uploads/2020/12/Jornal-Inquietude_ed96.pdf

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