Por: Frei Laércio Rodrigues da Cruz OAR
O mês de setembro é dedicado a Bíblia,
tempo propício para lê-la e praticá-la segundo a vontade de Deus, os exemplos
de Jesus Cristo e a inspiração do Espírito Santo.
No último dia do mês da Bíblia,
celebraremos a memória de São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja, grande
tradutor e exegeta da Bíblia, que enriqueceu toda a Igreja com a sua tradução.
A Igreja o declarou padroeiro de todos
os que se dedicam ao estudo da Sagrada Escritura com amor e fervor.
“A Sagrada Escritura é a palavra de Deus
enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo” 1, portanto, ela possui um
sentido para vida do homem que crê, trazendo o conteúdo revelado: o que no
princípio era o Verbo que estava com Deus: Jesus Cristo (Cf. Jo. 1,1).
Os textos da Sagrada Escritura são
inspirados pelo Espírito Santo. Eles trazem em si toda a Verdade Revelada, sem
sombras de dúvidas ou margens para erros; podem ser até um pouco escuros e
confusos, devido ser interpretados por homens e expressos por linguagem humana.
Função do Espírito Santo
Por isso, é função do Espírito Santo nos
iluminar, ajudando-nos na interpretação e compreensão da Sagrada Escritura na
Igreja, pois “o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa continuamente a fé por meio de
seus dons” 2.
A Sagrada Escritura é Palavra de Deus,
porém, escrita por homens. Deus servindo-se do gênero humano quis se dá e se
fazer compreendido por toda a humanidade, perpetuando-se na Sagrada Escritura.
“Muitas vezes e de modos diversos falou
Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nesses dias que são os últimos,
falou-nos por meio do Filho” 3 (Hb 1,1-2).
“A Sagrada Tradição e a Sagrada
Escritura constituem um só sagrado depósito da palavra de Deus confiado à
Igreja” 4, por tanto, cabe a ela, guardar e interpretar seu conteúdo, nos
oferecendo uma interpretação à luz da fé e do Espírito Santo, pois ela, segundo
Bento XI, “funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela” 5.
Santo Agostinho e a Sagrada Escritura
Do encontro de Santo Agostinho com a
Sagrada Escritura pode-se dizer que “ele acreditou nas Escrituras, que antes se
lhe apresentavam muito diversificadas em si mesmas, e às vezes indelicadas,
[…].
Para Santo Agostinho, transcender a
letra tornou credível a própria letra e permitiu-lhe encontrar finalmente a
resposta às profundas inquietações do seu espírito, sedento da verdade” 6.
Devemos tomar muito cuidado quanto à
interpretação de textos ou passagens da Sagrada Escritura.
É necessário ler e compreender
primeiramente o texto no seu próprio contexto em que foi escrito, para depois
fazermos o pretexto, ou seja, como esse texto se justifica e se atualiza hoje
em nossa vida e em nossa comunidade.
Há duas possibilidades para uma adequada
interpretação da Sagrada Escritura:
A primeira seria por meio de uma leitura
orante: leitura, meditação, oração, contemplação e ação, fazendo-a como um
alimento necessário para nosso espírito.
A segunda possibilidade seria por meio
de uma interpretação profunda de um texto bíblico, permitindo fazer uma
interpretação existencial do texto no seu contexto, buscando na própria
existência do texto uma mensagem para a vida do homem de hoje.
Assim, à luz do Espírito Santo, não
somente a compreenderemos, mas também a viveremos, anunciando-a por meio de
nossos atos e palavras, a toda pessoa que encontrarmos e em todo lugar que
formos.
1 CONSTITUIÇÃO Dogmática Dei Verbum
sobre a revelação divina. In: CONCÍLIO VATICANO II. 1962-1965. Vaticano II:
constituições, decretos e declarações. Petrópolis: Vozes, 1996, 5.
2 Ibid., 5.
3 BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2006.
4 CONSTITUIÇÃO Dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina. In: CONCÍLIO
VATICANO II. 1962-1965. Vaticano II: constituições, decretos e declarações.
Petrópolis: Vozes, 1996, 10.
5 Apud Bento XVI. Verbum Domini. Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum
Domini. São Paulo: Paulinas, 2011. 3 (A voz do papa, 194).
6 Ibid., 38.
http://www.pnslourdes.com.br/formacao/formacao-biblica/#fbescri
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