sábado, 1 de janeiro de 2022

REFLEXÃO DOMINICAL II


"VIMOS A SUA ESTRELA..."

 

Na Liturgia da igreja, ainda dentro das festividades do natal celebra-se nesse domingo a Festa da Epifania que significa Manifestação de Deus. Há quem pense de maneira bem equivocada, que o cristianismo é um grupo fechado para o qual Jesus se manifestou e se revelou com exclusividade e por conta desse pensamento, muitos há que se apossam da salvação como se esta também fosse particular. Há outros ainda mais ousados que tendo séria dificuldade para ser seguidor fiel de Cristo e do seu santo evangelho, procuram adaptá-lo de acordo com suas conveniências ou interesses.


No passado realmente Deus escolheu o povo de Israel em particular para revelar-se porém, chegando a plenitude dos tempos, enviou–nos seu Filho Jesus Cristo que veio trazer a Salvação a toda humanidade e não mais a uma pessoa ou a um grupo em particular.


No evangelho desse domingo, uns magos do oriente, sobre os quais há muitas histórias, viram no céu um sinal e seguindo a estrela chegaram até Jesus na manjedoura. Não conheciam as profecias, eram de outra cultura religiosa, mas assim que viram a estrela no céu, puseram-se a caminho.


Não é de hoje que a humanidade sonha com uma Paz que reúna os homens do mundo inteiro, em uma unidade que não exclua a diversidade, afinal a humanidade tem algo em comum, somos todos filhos e filhas de Deus, irmanados em Jesus, de diferente nacionalidade, cultura, contexto histórico, social e político, mas somos iguais porque Jesus veio para todos.


Ser igual não significa necessariamente um mesmo jeito de rezar, de se relacionar com Deus, um mesmo rito e uma mesma maneira de manifestar a fé, se fosse assim, os magos do oriente não teriam jamais visto o sinal no céu. Quando pensamos na unidade de todos os povos e nações diante de Deus, estaríamos sendo ingênuos se desejássemos uma uniformidade, Deus não nos criou em série, mas temos cada um a nossa identidade própria, em uma diversidade, que longe de ser obstáculo para a unidade, é fator que enriquece e que solidifica a unidade.


O que faz a diferença é a fé, através da qual nos abrimos para Deus na medida em que o buscamos. Deus se manifesta a todos mas a reação de cada homem é diferente. Os poderosos e prepotentes como o Rei Herodes, embora tenham o conhecimento sobre a manifestação de Deus, em vez de se alegrarem, se sentem perturbados com esta manifestação divina, que os levará a rever seus princípios e ideologias. Mas em todos os tempos da nossa história sempre houve pessoas como os magos, que ao menor sinal de Deus, se põe a caminho e ao encontrá-lo na simplicidade da vida, não hesitam em adorá-lo e reconhecê-lo como único Deus e Senhor.


Abrir os cofres significa abrir o coração e a mente para uma compreensão clara de quem é Jesus, pois ouro, incenso e mirra significam a divindade, a realeza e a humanidade de Jesus. Deus é muito simples e está sempre ao alcance de todos, nós é que às vezes complicamos demais, quando queremos inventar fórmulas mirabolantes para se experimentar Jesus em nossa vida.


Os Magos na viagem de volta mudaram o percurso, iluminados pela luz da fé, todo aquele que conhece Jesus e o aceita como Salvador e Senhor, começa a percorrer um outro caminho, que não passa pela ambição dos poderosos e auto suficientes, mas sim pelo sonho dos que acreditam e lutam por um mundo novo, onde embora diferentes, todos os homens se reconheçam como irmãos e irmãs em Jesus, Filhos e Filhas de um mesmo Pai, que os criou para viverem na plenitude do amor.


A Jerusalém envolta em luz e que atrai a si todos os homens de todas as nações, não significa apenas um templo, mas sim uma grande assembléia na qual se insere todos os homens e mulheres de boa vontade, inclusive os pagãos, que como nos ensina o apóstolo Paulo, na graça santificante reconheceram a presença de Deus em Jesus Cristo.

 

José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail  
jotacruz3051@gmail.com

http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0299.htm#msg01

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