sábado, 8 de janeiro de 2022

SANTO AGOSTINHO E O SEU BATISMO NA PÁSCOA

Por que Agostinho foi batizado na Páscoa? Não foi ele que escolheu; nem mesmo o planejou. Na Igreja antiga só havia uma data para os batismos, que era a noite de Páscoa, e no ano 387 a Páscoa coincidiu como este ano em que estamos com o dia 24 de abril.

É uma data que divide a vida de Agostinho em duas. Ele e os que foram batizados com ele, seu filho Adeodato e seu amigo Alípio, tiveram que interromper a estadia em Cassicíaco, onde estavam descansando. Começava a quaresma, que era o tempo em que se dava a catequese aos que iam ser batizados. Durante os meses de março e abril tiveram que assistir pontualmente às palestras que lhes eram proferidas pelo próprio bispo, Ambrósio. Aprenderam de memória o pai nosso e o símbolo da fé, o credo. Dedicaram-se intensamente à oração, pediram a oração dos demais, estudaram, jejuaram, se mortificaram.

E chegou a grande noite de 23 para 24 de abril. Toda a Igreja de Milão marcou presença na basílica, que resplandecia de luzes e adornos. Todos luziam seus melhores trajes de galas. Era a grande festa, a celebração da Luz e da Vida, o dia da Ressurreição de Cristo. A primeira parte da reunião foi dedicada a ler com fruição os principais episódios da salvação de Deus a favor de seu povo.

A seguir vinha a cerimônia do batismo. Era realizado no batistério, um local propositalmente anexo à basílica. Ainda se conservam as ruínas do antigo de Milão; são visíveis desde uma das estações do atual metrô, no subsolo da maravilhosa catedral gótica, construída entre os séculos XIV e XIX. Era uma piscina de forma octogonal, à qual os batizandos desciam desnudos, porque desnudo se nasce e se renasce. Ali eram batizados pelo bispo. Logo saiam e revestiam a túnica imaculada que usariam durante toda uma semana.

Não é santo Agostinho quem nos dá todos estes detalhes. Ao contrário, quando fala de seu batismo nas Confissões, ele é sumamente lacônico. Não diz mais que uma frase: “Recebemos o batismo e fugiram de nós as preocupações da vida passada”. Desta forma expressa a ruptura com toda uma vida dedicada aos afãs materiais e o nascimento a nova vida com a única preocupação de buscar a Deus e seguir a Cristo. Isso, nem mais nem menos, é o batismo.

https://www.agustinosrecoletos.com/2011/04/aquela-outra-pascoa-em-24-de-abril-quando-santo-agostinho-foi-batizado/?lang=pt-pt

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