QUANDO A AFETIVIDADE GERA INFIDELIDADE
A
afetividade desintegrada é uma causa de infidelidade pouco conhecida, mas que
precisa ser tratada
Nos casos de infidelidade,
costuma-se assumir uma relação com um terceiro, com o estímulo da paixão carnal
devido a uma sexualidade desintegrada. Essa é a razão pela qual a
pessoa se submeterá à dominação do impulso carnal.
Por outro lado, em uma sexualidade
integrada, a inteligência, a vontade e os apetites sensitivos operam numa ordem
hierárquica, na qual as faculdades superiores prevalecem sobre os apetites da
carne para um bem superior: o amor.
No entanto, há outra causa menos
reconhecida de infidelidade, mas não menos comum por isso, que é uma afetividade desintegrada.
É uma disfunção da personalidade, pela
qual a inteligência e a vontade não são mais submetidas aos impulsos sensitivos
da carne, mas aos impulsos dos sentimentos e emoções. Isso acontece devido
a múltiplas causas, como:
- a imaturidade da
juventude, aliada a uma má educação da afetividade;
- um coração
negligenciado e desprovido de afeto;
- pessoas que
sofreram uma perda dolorosa ou experiência afetiva, deixando-as com baixa
autoestima ou um pobre autoconceito.
Na sexualidade desintegrada, muitas
vezes se confunde o amor com a paixão do amor, enquanto na afetividade
desintegrada, o que se confunde é o amor com mero sentimentalismo.
De onde vem a infidelidade?
Por causa dessa disfunção de
personalidade, homens e mulheres muitas vezes se apaixonam pela pessoa errada
quando solteiros ou até casados, algo que geralmente acontece quando essa fraqueza
afetiva é detectada por quem busca a sedução para alimentar seu ego. Ou –
pior – para gratificação sexual.
Como o que não se conhece não se ama,
quem erra guiado pelo sentimentalismo ilude-se, acreditando conhecer uma
realidade que acaba por ser apenas uma miragem, um produto da
manipulação.
Uma miragem formada pelas
primeiras confidências, em que uma ou ambas as partes constroem uma imagem
angelical para a outra, às vezes misturando-a com uma certa vitimização.
Por exemplo: detalhes sutis como
um presente comprado em uma viagem, com a mensagem explícita ou
silenciosa de que se lembraram do outro.
Na
infidelidade às vezes começamos prestando atenção em quem achamos mais
interessante, mais espiritual…
Outras formas: mensagens com pensamentos
estereotipados nas redes sociais ou em notas manuscritas que pretendem
promover uma imagem de maturidade e até uma certa espiritualidade, ao mesmo
tempo que lisonjeiam a figura do outro.
Como os olhos são as janelas da alma,
recorrem-se a olhares enganosos de clara aceitação e desapego de afeto,
enquadrados num leve sorriso, que, sendo vazio, finge dizer muito, e consegue,
enganando.
Manifestações de afeto e infidelidade
As manifestações de afeto começam com
contatos corporais sutis. Ambos já estão deixando de ser infiéis com
seus pensamentos, para serem infiéis em ações.
A
pressão e a urgência da parte infiel aumentam.
No entanto, a vítima do autoengano ainda
pode reagir e colocar bloqueios no coração. Isso é alcançado se você
colocar distância. Você deve reconhecer que o que veio clamar por todos os
seus sentimentos é algo que está profundamente errado em si mesmo.
Como recuperar a integração da afetividade?
Em casos como este, qual é a verdade que
deve ser apresentada à consciência para recuperar a integração da afetividade?
A primeira coisa é admitir que a vida
afetiva sensível, sendo natural e gratificante, é extremamente enganosa e
doentia quando o amor se reduz a apenas sentimentos, acima de sua verdade.
Como perceber?
O amor pessoal é sincero e
transparente, ama desinteressadamente, busca o bem da pessoa amada mesmo
às custas do seu próprio bem, e com um sacrifício que, pela própria força do
amor, se revela agradável. Em contrapartida, o afeto demonstrado em
um relacionamento ilícito não é livre para satisfazer uma necessidade do ego,
afetiva ou sensual. Isso é muito fácil de detectar se você esfriar a
cabeça.
O amor pessoal, por sua beleza, dispensa
artifícios, como acontece entre uma pedra preciosa quanto à sua melhor
imitação.
https://pt.aleteia.org/2022/02/09/quando-a-afetividade-gera-infidelidade/
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