sábado, 20 de agosto de 2022

Pod e vape fazem mal? Veja 9 riscos do cigarro eletrônico

  

Pod e vape fazem mal? Veja 9 riscos do cigarro eletrônico

 

O cigarro eletrônico contêm pelo menos 80 substâncias químicas — Foto: Istock Getty Images

 

Por Mateus Freitas Teixeira

Cardiologista do Vasco da Gama, é diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro e coordenador médico da Clínica Fit Center

 

Câncer, doenças cardiovasculares e pulmonares (EVALI), doping: cardiologista e médico do esporte, Mateus Freitas Teixeira analisa os perigos do vaping para a saúde  

 

Tudo que é proibido atrai o jovem e o deixa com a sensação de status e poder. Como um ciclo, vemos jovens com seus cigarros eletrônicos, os pods ou vapes. Basta andar pelas festas, bares e restaurantes à noite e vemos moda que atrai cada fez mais jovens adeptos. Porém, cabe alertar e informar sobre o quanto o cigarro eletrônico, pod ou vape podem fazer mal e os perigos que eles conferem à saúde das pessoas em geral e de atletas em particular, que incluem aumento do risco de câncer e de doenças cardiovasculares e pulmonares, além de doping.

+ O que acontece com o corpo quando se para de fumar?
+ Cigarro eletrônico mata: conheça a EVALI, doença respiratória aguda causada pelo vaping

 

 

A primeira informação importante: a comercialização, importação e propaganda de dispositivos eletrônicos de fumar (RDC nº 46/2009) está proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Documentos das Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Pneumologia e Oncologia possuem vários alertas sobre as manifestações clínicas do uso contínuo de vape. Vejamos alguns:

1.    O cigarro eletrônico contém pelo menos 80 substâncias químicas, entre elas, a nicotina, que causa dependência, além propilenoglicol e glicerina vegetal, que produzem acetaldeído, substância associada ao reforço do poder de dependência da nicotina;

2.    O filamento aquecido dentro desses dispositivos é feito com metais, como níquel, latão, cobre e cromo, que são inalados conforme o líquido aquece e gera vapor. Portanto, fumantes de cigarro eletrônico têm níveis maiores de concentração de níquel no organismo, por exemplo, um carcinogênico grau 1, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). Ou seja, o cigarro eletrônico pode causar câncer;

3.    O equipamento gera partículas ultrafinas que conseguem ultrapassar a barreira alveolar dos pulmões e ganhar a corrente sanguínea, aumentando os níveis de inflamação no corpo. Consequentemente, há lesão dos tecidos que cobrem os vasos (endotélio), deflagrando doenças cardiovasculares como síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e trombose.

4.    O uso do VAPE está ligado a outras síndromes como a EVALI (E-cigarette or vaping use-associated lung injury, em português "doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping"), uma doença respiratória aguda que cursa com tosse, falta de ar e dor no peito, sendo comuns também dores na barriga, vômitos e diarreias, além de febre, calafrios e perda de peso, podendo facilmente ser confundida apenas com um quadro gripal.

5.    A Evali pode causar ainda fibrose pulmonar, pneumonia e chegar à insuficiência respiratória. Observamos também início de bronquite asmática nos usuários e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);

6.    Alguns estudos ainda relatam piora de transtorno do humor, como ansiedade e depressão, pelo uso dos cigarros eletrônicos;

7.    No caso de atletas, o cigarro eletrônico pode causar sérios riscos, uma vez que atividades físicas em excesso são pró-inflamatórias e o vaping aumenta a inflamação;

8.    O vaping também contribui para a queda do desempenho esportivo, já que os pulmões ficam comprometidos;

9.    O pod ou vape contêm substâncias proibidas - e muitas vezes desconhecidas, já que não se pode ter certeza do que há nas formulações, pois não são regulamentadas pela Anvisa - e muitas podem configurar doping.

Logo, diante dessa moda que já chega à quarta geração, temos que ter cuidado. Espero que possamos propagar essa informação e ter argumentos robustos para convencer aos jovens de que o cigarro eletrônico não é menos perigoso do que o cigarro tradicional.

A fumaça aquecida do cigarro eletrônico contém partículas ultrafinas de substâncias que conseguem ultrapassar a barreira alveolar dos pulmões — Foto: Istock Getty Images

Referências:

 

1.    Review of Global Evidence on the Health Effects os Electronic Cigarrettes.

2.    Cigarro eletrônico pode causar infarto e síndrome coronariana aguda.

3.    Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

 

https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2022/06/08/pod-e-vape-veja-9-riscos-do-cigarro-eletronico-para-a-saude.ghtml

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