Pod e vape fazem mal? Veja 9 riscos do cigarro eletrônico
O cigarro eletrônico contêm pelo
menos 80 substâncias químicas — Foto: Istock Getty Images
Por Mateus Freitas Teixeira
Cardiologista do Vasco da Gama, é
diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro e
coordenador médico da Clínica Fit Center
Câncer, doenças cardiovasculares e
pulmonares (EVALI), doping: cardiologista e médico do esporte, Mateus Freitas
Teixeira analisa os perigos do vaping para a saúde
Tudo que é proibido atrai o jovem e o deixa com a sensação de status e poder. Como um ciclo, vemos jovens com seus
cigarros eletrônicos, os pods ou vapes. Basta andar pelas festas, bares e
restaurantes à noite e vemos moda que atrai cada fez mais jovens adeptos.
Porém, cabe alertar e informar sobre o quanto o cigarro eletrônico, pod ou vape
podem fazer mal e os perigos que eles conferem à saúde das pessoas em geral e
de atletas em particular, que incluem aumento do risco de câncer e de doenças
cardiovasculares e pulmonares, além de doping.
+ O que acontece com o corpo quando se para de fumar?
+ Cigarro eletrônico mata: conheça a EVALI, doença respiratória aguda
causada pelo vaping
A
primeira informação importante: a comercialização, importação e propaganda de
dispositivos eletrônicos de fumar (RDC nº 46/2009) está proibida pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Documentos das Sociedades
Brasileiras de Cardiologia, Pneumologia e Oncologia possuem vários alertas
sobre as manifestações clínicas do uso contínuo de vape. Vejamos alguns:
1. O cigarro eletrônico contém pelo menos 80
substâncias químicas, entre
elas, a nicotina, que causa dependência, além propilenoglicol e glicerina
vegetal, que produzem acetaldeído, substância associada ao reforço do poder
de dependência da nicotina;
2. O filamento aquecido dentro desses dispositivos é
feito com metais, como níquel, latão, cobre e cromo, que são inalados conforme
o líquido aquece e gera vapor.
Portanto, fumantes de cigarro eletrônico têm níveis maiores de concentração de
níquel no organismo, por exemplo, um carcinogênico grau 1, segundo a Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). Ou seja, o cigarro
eletrônico pode causar câncer;
3. O equipamento gera partículas ultrafinas que
conseguem ultrapassar a barreira alveolar dos pulmões e ganhar a corrente
sanguínea, aumentando os níveis de inflamação no corpo. Consequentemente, há lesão dos tecidos que cobrem
os vasos (endotélio), deflagrando doenças cardiovasculares como
síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e trombose.
4. O uso do VAPE está ligado a outras síndromes como
a EVALI (E-cigarette
or vaping use-associated lung injury, em português "doença pulmonar
associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping"), uma doença
respiratória aguda que cursa com tosse, falta de ar e dor no peito, sendo
comuns também dores na barriga, vômitos e diarreias, além de febre, calafrios e
perda de peso, podendo facilmente ser confundida apenas com um quadro gripal.
5. A Evali pode causar ainda fibrose pulmonar,
pneumonia e chegar à insuficiência respiratória. Observamos também início de bronquite
asmática nos usuários e doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC);
6. Alguns estudos ainda relatam piora de
transtorno do humor, como ansiedade e depressão, pelo uso dos
cigarros eletrônicos;
7. No caso de atletas, o cigarro eletrônico pode
causar sérios riscos, uma vez que atividades físicas em excesso são
pró-inflamatórias e o vaping aumenta a inflamação;
8. O vaping também contribui para a queda do
desempenho esportivo, já que
os pulmões ficam comprometidos;
9.
O pod ou
vape contêm substâncias proibidas - e muitas vezes desconhecidas, já que não se
pode ter certeza do que há nas formulações, pois não são regulamentadas pela
Anvisa - e muitas podem configurar doping.
Logo,
diante dessa moda que já chega à quarta geração, temos que ter cuidado. Espero
que possamos propagar essa informação e ter argumentos robustos para convencer
aos jovens de que o cigarro eletrônico não é menos perigoso do que o cigarro
tradicional.
A fumaça aquecida do cigarro eletrônico contém partículas ultrafinas de
substâncias que conseguem ultrapassar a barreira alveolar dos pulmões — Foto:
Istock Getty Images
Referências:
1.
Review of Global Evidence on the Health Effects os
Electronic Cigarrettes.
2.
Cigarro eletrônico pode causar
infarto e síndrome coronariana aguda.
3.
Sociedade Brasileira de
Pneumologia e Tisiologia.
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