BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA – Orgulho,
patriotismo e reflexão
Fabrício Robson de Oliveira(*)
Você sabia que neste ano de 2022 comemoramos
o Bicentenário da Independência do Brasil? Oficialmente, no
dia 07 de setembro é comemorado o Dia da Pátria – Dia da Independência – Grito
da Independência.
É quase
certo que você leitor já participou em algum momento dos desfiles no dia 07 de
setembro, seja desfilando ou como telespectador, ou até mesmo participando de
atividades na escola, museus, ou assistindo desfile pela TV. Quem não se lembra
da frase: “Independência ou morte?” E se você já participou de algum desfile no
Dia da Pátria deve recordar de usar os uniformes de sua escola todo alinhado,
ou ter feito parte da fanfarra (saudades dos sons da fanfarra ecoando entre as
casas). Em algumas cidades, tinha ou tem até certas rivalidades para saber qual
a melhor escola e fanfarra no desfile; e se você foi ou é militar, aquele
prazer de engraxar seu coturno ou sapato, alinhar o fardamento; incorporar o
Pavilhão Nacional em sua Unidade e seguir para o desfile, sempre acompanhados
pelos olhos atentos de toda a população local. Os desfiles trazem um ânimo e
clima diferente, concordam?
Este
artigo/ matéria não possui a intenção de rememorar os acontecimentos históricos
que antecederam e/ou sucederam a Proclamação da Independência do Brasil em
1822, mas sim, para uma breve reflexão sobre nossos sentimentos acerca dos
valores históricos nacionais.
Tal data é uma das mais importantes em nosso país,
pois remete simbolicamente a nossa consolidação como uma Nação
Independente, dando início a um novo período econômico, cultural e
histórico ao Brasil. A data faz parte da memória
coletiva de todos nós brasileiros e deve sim, ser celebrada com alegria e sentimento
de amor ao país; trazendo à tela nossa história, recordando nosso passado, e
renovando nosso sentimento de orgulho pela Pátria que herdamos ao nascer.
Infelizmente,
ainda somos um país (quase) sem memória e que não valoriza sua história como
deveria. Não apenas por sua população em si, muitos se interessam; mas dos
governos que se tornam quase que indiferentes à manutenção e valorização de
nossa história na massa da sociedade, sendo este aspecto cultural ainda
deficiente em nosso meio. Há certo aumento do interesse da população sobre
nossa história; mesmo assim, a cada ano, percebe-se que os valores históricos e
de país vão se perdendo e/ ou vão se transfigurando para outros contextos,
lamentavelmente.
Talvez
você se recorde que em sua infância ou adolescência, de cantar o Hino Nacional
e até realizar uma oração ecumênica quase todos os dias na escola, antes do
início das aulas. E em época de Olímpiadas e Copa do Mundo que parcela da
sociedade se movimentava colorindo as ruas de suas cidades com bandeirinhas
verde e amarelo e pintando nos muros os símbolos da pátria. Nossos valores
cívicos de base também estão se esvaindo pouco a pouco.
Salvo o
período pandêmico, que não houve atividades diversas, é observado a constante
falta de interesse por todos, seja Estado, seja população. Pense no 07 de
setembro em sua cidade; ouso em dizer que é um evento “esvaziado” se comparado
ano a ano, com participação de poucas escolas e/ ou alunos nos desfiles e até
mesmo o público presente. Será que neste ano bicentenário, as Universidades e
escolas estão se movimentando, estudando e estimulando as comemorações? Ou
estão apenas preparando para o desfile de forma superficial (aquelas que o
fazem)? E a mídia? Há alguma forma de propaganda em massa sobre os 200 anos da Independência?
Como estão as comemorações nas redes sociais e na imprensa? E sua prefeitura?
Já divulgou o calendário das atividades do Bicentenário? Ouso novamente em
dizer que muitos não sabiam de tal comemoração deste ano; quem sabe, até mesmo
você leitor.
Em 2000,
ano de comemoração dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, havia intensa
movimentação acerca de tal data, onde o cidadão tomava conhecimento de tal
comemoração; não com a apatia que parece está ocorrendo este ano; pelo menos
até o momento.
Com a
comemoração dos 200 anos de nossa independência, não se vê alegria e motivação
para tal data, vê-se apatia tanto dos governos federal, estaduais e municipais,
tanto pela própria população em geral. Há algumas movimentações por meio de
órgãos de governo com algumas atividades previstas e que já aconteceram ou
estão ocorrendo; inclusive com o translado do coração de Dom Pedro I ao Brasil,
o qual retornará a Portugal depois das comemorações do bicentenário; mas são de
fato, ações isoladas; não se vê por exemplo uma movimentação do Planalto para
uma grande comemoração cívica e/ ou incentivo por meio do Ministério da
Educação para tratativas nas escolas, dentre outros tantos órgãos e
instituições. Isso se repete pelos governos estaduais e municipais. A imprensa
e as mídias sociais apresentam-se quase que inerte a este importante marco em
nossa história, salvo alguns meios.
Tal
comemoração deve, ou pelo menos deveria, ser uma data para realizarmos um
balanço de nossos 200 anos de independência; discutindo em salas de aula e na
sociedade; aprendendo com erros e acertos; avanços e recuos; crescimento;
formações; e focar em um futuro próspero para nossa Nação Independente. Mostrar
ao mundo o nosso orgulho de ser brasileiro.
A
história não para. Hoje, nós que a escrevemos. Estamos em um período, de certa
forma, conturbado em vários níveis em nossa sociedade brasileira, mas tal
celebração deveria ser motivo de alegria, da mesma forma que é comemorado um
jogo da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo.
Símbolos Nacionais/ cívicos – Representação de um
só povo; o Brasileiro.
Não
confundamos o significado de nossos símbolos nacionais com outra coisa, a não
ser como, nossos símbolos nacionais. A Bandeira, o Hino, as Armas e o Selo são
protegidos por lei. Não valorizemos a apropriação indevida de algum símbolo
para representar alguma ideologia e/ou filosofia, seja ela, qualquer que seja.
Tenhamos
amor à pátria e sejamos patriotas no significado da palavra; sejamos aqueles
que amam, respeitam, são leais e se orgulham de sua terra natal, e a ela,
prestamos nossos serviços.
Quando se
usa a Bandeira Nacional como símbolo do país, é para ter orgulho, é para
respeitá-la; mas se seu uso for para identificar uma ideologia ou filosofia
partidária ou grupo por exemplo, ou ultrajá-la de alguma forma, é no mínimo
imoral (não vou abordar aspectos jurídicos); é uma deturpação de ser patriota.
Se o objetivo de seu uso não é “defender” o Brasil em si, “exaltá-lo”,
“representá-lo”; entre outros; mas sim, ajudar na eleição ou na adoração de um
político específico ou de uma ideologia política ou representação de um grupo
específico, não há o que se falar em patriotismo; e isso, infelizmente está
ocorrendo em vários países, não só no Brasil.
A Bandeira Nacional e suas cores identifica um país
e todos seus cidadãos e não um determinado nicho da sociedade. Cuidado! Não
percamos nossa identidade nacional. Os símbolos nacionais pertencem a
todos. O seu uso indevido acarreta muitas vezes a repulsa por outras
pessoas, que começam a associá-los a um nicho específico e isso é grave; é
perigoso. Nossos símbolos jamais deveriam perder seu significado. Eles
representam o Brasil e tudo que ele envolve.
Portanto,
quem usa as cores de seu país não necessariamente é patriota e quem não as usa,
não necessariamente é um não patriota. Tenhamos isso em mente, sempre.
Usar as
cores do país em uma competição internacional, como por exemplo, na Copa do
Mundo, que por acaso será este ano; é uma forma de representar o país pelas
cores (não beijando um brasão de uma empresa privada de futebol), ou ainda
ostentar a Bandeira Nacional consigo, é uma forma de representação saudável ao
nosso país. Estamos ainda, em ano de eleição, esse período sim, devemos ter
cuidado com o simbolismo nacional para que ele não seja deturpado em favor de
um lado político e/ou que seja ultrajada de alguma forma. Tenhamos extremo
respeito aos nossos símbolos e a história que trazem consigo. Defendamos sempre
nossa bandeira, isso é ter respeito por seu país.
O objetivo destes últimos parágrafos acerca do uso
dos símbolos nacionais, é para ilustrar, entre outras coisas, o incentivo e
orgulho de ostentar a bandeira do Brasil e/ ou suas cores neste 07 de setembro,
comemorando o Bicentenário de nossa independência. Mostre seu patriotismo e
amor a pátria Brasil e NÃO misture/ use nossas cores e símbolos para outra
finalidade. Seja ético! Não confunda as coisas e não se aliene. Ame a
pátria que herdamos ao nascer! Todos ostentamos a mesma bandeira, cores, hino e
símbolos nacionais; pois eles pertencem a todos os brasileiros.
Parabéns,
Nação Brasileira pelos seus 200 anos de independência! Que nossa história nunca
fique esquecida e que as gerações do presente e futuro, possam entender a
importância e o reflexo dos acontecimentos passados em nossa sociedade atual,
bem como, as ações do presente e seus impactos no futuro.
(*)Especialista em Direito Internacional; Bacharel em Direito e
Pesquisador em Segurança e Defesa.
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