REFLEXÃO DOMINICAL
III
FESTA
DA SAGRADA FAMÍLIA
Envolvidos
no clima santo do tempo de Natal a Mãe Igreja nos convida a celebrar hoje a
SAGRADA FAMÍLIA. O tempo do Natal associa ao mistério da Encarnação os temas
complementares da Sagrada Família e da “Mãe de Deus”. A festa
de hoje situa a Encarnação de Jesus no quadro da família, célula básica da
sociedade humana. Focaliza, por conseguinte, a condição humana de Jesus e
sugere algumas atitudes concretas para a vida cristã, para a vida familiar. Não
se trata de encontrar um receituário de vida moral, pura e simplesmente. Mas de
pistas para adequar a vida familiar à sociedade focando o mistério da família
de Nazaré, para voltarmos à nossa situação, aqui e agora, imbuídos do mesmo
espírito de fé que viveu a família sagrada.
Estimados
Irmãos,
Os
problemas da família humana são apresentados pela liturgia de hoje: a
insegurança, a morte que ronda e nem sempre conduzida só pela mão da natureza;
a violência, a corrupção, o hedonismo desvairado, situações dificílimas da vida
humana. De outro lado vivemos também, com coragem, a grandeza de Deus que se
apresenta confiante, prudente como a Sagrada Família em tomar decisões que
protejam ao Filho de Deus.
Assim
Jesus é apresentado por Mateus como o Novo Moisés, o LIBERTADOR e fundador de
um novo povo de Deus; Jesus escondido e perseguido, é o Filho do Eterno Pai, a
plenitude das promessas de Deus e a esperança salvadora das criaturas humanas.
Herodes
havia mandado matar todas as crianças para ver se aniquilava com Jesus. Assim,
depois da morte de Herodes, a Palestina foi dividida entre três filhos seus:
Arquelau ficou com a Judéia, a Samaria e a Iduméia; Felipe ficou com a parte
oriental e norte da Galiléia; Herodes Antipas ficou com a Galiléia e a Peréia.
É esse Herodes que vai mandar matar João Batista e terá parte na paixão de Jesus.
Era muito astucioso, a ponto de Jesus chamá-lo de Raposa. O mais violento dos
três, entretanto, era Arquelau. Tão cruel e autoritário, que o imperador romano
Augusto se viu obrigado a depô-lo e exilá-lo. E no seu lugar nomeou um “Procurador” romano
na pessoa de Pôncio Pilatos que ocupou o posto por 10 anos.
Porque a
Sagrada Família teve que fugir para o Egito? Para que Jesus não fosse vítima
destes facínoras. A prudência de José, o justo pai adotivo de Jesus, levou a
família para o Egito. Depois de algum tempo Jesus foi levado para Nazaré aonde
passou a sua juventude e uma fase anterior a sua vida pública. Por isso Jesus
foi chamado de “O Nazareno”.
Estimados
Irmãos,
É
importante ressaltar que Jesus foi considerado o novo Moisés. Muito maior do
que o Moisés que tirou o povo da escravidão e o encaminhou para a terra
prometida. Jesus nos tira do pecado e nos dá a graça, nos tira da morte e nos
anuncia a vida eterna, a vida santa. Jesus sempre foi o Sacerdote, o profeta, o
legislador, o homem de Deus, o amado de Deus. Jesus, filho de Deus,
era sacerdote do altar da aliança nova e eterna, era o amor de Deus
encarnado no meio dos homens e das mulheres. Moisés devolvera ao povo a
confiança; devolvera ao povo a liberdade; fê-lo caminhar na busca da terra prometida;
e sobretudo, refizera o relacionamento do povo com Deus.
Jesus
fugiu e voltou para o seu povo, demonstrando o amor permanente e fiel de Deus
ao seu povo, enquanto o povo se tornava sempre de novo infiel e desregrado.
Jesus vem tirar o pecado do mundo e e fazer do povo infiel e ingrato um “povo
escolhido, uma nação santa… revestida de luz… e um povo de Deus”.
Estimados
irmãos,
O
Evangelho de hoje(cf. Mt 2,13-15.19-23) mostra uma família do povo, sujeita a
toda espécie de sacrifícios e tribulações. Uma família que permanece unida nas
dificuldades e nas desgraças. Uma família que, apesar de santa e agradável a
Deus, padece, angustia-se, sofre. É visível a lição de que o sofrimento não é,
por si, castigo do pecado. Desde a infância, Jesus passa pelo sofrimento,
sobretudo pelo sofrimento causado pela estupidez e cobiça do poder dos outros
opressores. Isso vale para todos nós que passamos pelas tribulações e pelos
sofrimentos. Somente com resignação, coragem, fé e amor em Deus Uno e Trino
vamos vencer o mal e triunfar o bem e a vida plena.
No
Evangelho a fuga ao Egito e a instalação do lar em Nazaré. As três etapas da
infância de Jesus: Belém, Egito e Nazaré, não são mera casualidade. Deus o
conduz e seus pais o protegem. Mateus quer mostrar que, nestas etapas, se
realiza a vinda da salvação para Israel. Plenifica-se a missão do povo que
também migrava um dia do Egito à terra prometida. Jesus, o novo Moisés, criará,
de judeus e pagãos, o novo povo de Deus.
Caros
irmãos,
Este
episódio do “Evangelho da Infância” apresenta-nos uma família – a Sagrada
Família – que, como qualquer família de ontem, de hoje ou de amanhã, se
defronta com crises, dificuldades e contrariedades (essas dificuldades que, em
tantos outros casos, acabam por minar a unidade e a solidariedade familiar). A
Sagrada Família é também uma família onde se escuta a Palavra de Deus e onde se
aprende a ler os sinais de Deus. É na escuta da Palavra que esta família
consegue encontrar as soluções para vencer as contrariedades e para ajudar os
membros a vencer os riscos que correm; é na escuta de Deus que esta família
consegue descobrir os caminhos a percorrer, a fim de assegurar a cada um dos
seus membros a vida e o futuro. A Sagrada Família é, ainda, uma família que
obedece a Deus. Diante das indicações de Deus, não discute nem argumenta; mas
cumpre à risca os desígnios de Deus. E é precisamente o cumprimento obediente
dos projetos de Deus que assegura a esta família um futuro de vida, de
tranquilidade e de paz.
Neste
tempo de Natal convém não esquecermos o tema central à volta do qual se
constrói o Evangelho que hoje nos é proposto: Jesus é o Deus que vem ao nosso
encontro, a fim de cumprir o projeto de salvação que o Pai tem para os homens.
A sua missão passa por constituir um novo Povo de Deus, dar-lhe uma Lei (a Lei
do “Reino”) e conduzi-lo para a terra da liberdade, para a vida definitiva.
Meus
irmãos,
A
Primeira Leitura(cf. Eclo 3,2-6.12-14) anuncia a grandeza de Deus: “Como são
belos os pés que anunciam a paz, noticia a felicidade e traz uma mensagem de
salvação: Deus reina e nos ama!”. Por isso o Livro do Eclesiástico
anuncia o comportamento que deve reinar na vida familiar, chamando os homens a
honrar o seu pai, para alcançar o perdão de seus pecados, pois quem respeita a
sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. O escritor sagrado manifesta a
necessidade de se amparar os pais na velhice, sendo compreensivo, humildade e
caridoso, assim seus pecados serão perdoados. Todas estas atitudes são atitudes
relevantes do quarto mandamento do Decálogo – honrar pai e mãe. A identidade de
um povo se mede, em certo sentido, pela relação familiar, pelo respeito, pelo
amor e pelo cuidado que se cultiva para com os pais. É bom notar que esta
leitura apresenta regras para a vida familiar – Regras da sabedoria judaica
para a vida familiar. Prevalecem o respeito importante aos pais, o bom
comportamento e o bom senso que deve reinar na vida familiar.
Reconhecer
que os pais são o instrumento através do qual Deus concede a vida deve conduzir
os filhos à gratidão; e a gratidão não é, apenas, uma declaração de intenções,
mas um sentimento que implica certas atitudes práticas. O livro do Eclesiástico
aponta algumas: “honrar os pais” significa ampará-los na velhice e não os
desprezar nem abandonar; significa assisti-los materialmente – sem inventar
qualquer desculpa – quando já não podem trabalhar (cf. Mc 7,10-11); significa
não fazer nada que os desgoste; significa escutá-los, ter em conta as suas
orientações e conselhos; significa ser indulgente para com as limitações que a idade
ou a doença trazem. É verdade que a vida de hoje é muito exigente a nível
profissional e que nem sempre é possível a um filho estar presente ao lado de
um pai que precisa de cuidados ou de acompanhamento especializado. No entanto,
a situação é muito menos compreensível se o afastamento de um pai do convívio
familiar (e o seu internamento num lar) resulta do egoísmo do filho, que não
está para “aturar o velho”. Esta leitura fornece indicações práticas para nos
ajudar a construir famílias felizes, que sejam espaços de encontro, de
partilha, de fraternidade, de amor verdadeiro.
Por isso,
com o Salmo Responsorial(cf. Sl. 128) cantamos: Felizes os que temem o Senhor e
trilham seus caminhos!
Caros
irmãos,
Na
segunda leitura(cf. Cl 3,12-21), São Paulo, orienta sobre a convivência
familiar baseando-se, acima de tudo no amor, que é vínculo de perfeição, e
também no perdão e na paz em Cristo. Conclamando para o perdão, esta atitude é
vivida na família, que exige desprendimento e perdão. Paulo faz recomendações a
todos os membros do núcleo familiar, sempre relacionado a atitude de um e de
outro: “Mulheres, sede submissas a vosso marido, como convém no
Senhor”(cf. Cl 3,16), portanto com a dignidade de pessoa humana,
conservando a integridade dos valores cristãos. “Maridos, amai vossa
esposa e não sejais ásperos com ela”(cf. Cl 3,19), seguido da
recomendação aos filhos: “…obedecei em tudo aos vossos pais, pois isto
agrada ao Senhor”(cf. Cl 3,20). Como observamos São Paulo sublinha que
o amor de Cristo deve fundamentar as regras da vida familiar – Por isso Paulo
cita brevemente as regras da boa família helenística. A norma, porém, de tias
regras não é o mero bom comportamento, mas Cristo mesmo. Ele dá aos homens
viverem juntos na paz e no amor. Isso vale para a família e para a comunidade.
Onde vive a paz, a Palavra de Cristo encontra acolhida; aí também descobre-se a
alegria na oração e no trabalho em comum, no cotidiano de nossos dias.
O que é que significa,
concretamente, “revestir-se do Homem Novo”?
Para o autor da carta, viver como “Homem Novo” é cultivar um conjunto de
virtudes que resultam da união do cristão com Cristo: misericórdia, bondade,
humildade, mansidão, paciência. Lugar especial ocupa o perdão das ofensas, a
exemplo de Cristo que sempre manifestou uma grande capacidade de perdão. Estas
virtudes, que devem ornar a vida do cristão, são exigências e manifestações da
caridade, que é a fonte de onde brotam todas as virtudes do cristão. Catálogos
de exigências como este apareciam também nos discursos éticos dos gregos. O que
é novo, aqui, é a fundamentação: tais exigências resultam da íntima
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