terça-feira, 24 de janeiro de 2023

TRES MANEIRAS DE SE VER O MUNDO: OS PRINCÍPIOS DA 'CAUSALIDADE', DA 'CASUA DADE' E DA 'SINCRONICIDADE'"

 

  TRES MANEIRAS DE SE VER O MUNDO:  OS PRINCÍPIOS DA 'CAUSALIDADE', DA 'CASUA DADE' E DA 'SINCRONICIDADE'"

Por Lindolivo Soares Moura(*)

    "Aspreocupações de que ele se rodeou, que esse pressentimento não se realizasse, fizeram precisamente com que ele se concretizasse" [Henri-Benjamin Constant].

 

Você pode até ter algum outro Princípio para acrescentar aos que lhe estarão sendo sugeridos, mas a vida e o viver são regidos basicamente por três grandes Princípios: o da "Causalidade", o da "Casualidade" - só inverter o "us" - e aquele que é o mais relevante dos três, ao menos sob o prisma da espiritualidade, que é o chamado Princípio da "Sincronicidade"! Por vezes a vida e o viver parecem jogar com dois ou até com os três ao mesmo tempo, mas raramente isso acontece. A tendência é que em cada situação específica um deles prevaleça!

O Princípio da "Causalidade" é regido e ao mesmo tempo possibilita, a "previsibilidade": onde tem causa tem seu efeito, e vice-versa. Já o Princípio da "Casualidade" é regido pelo "imprevisto", e pouca ou nenhuma previsibilidade permite, isso por motivos óbvios: caso permitisse sua razão de ser desapareceria. Expressões do tipo: "jamais imaginei que essa m...fosse dar nisso!", ou: "ora, ora, só me faltava essa!", são exemplos desse Princípio, como também exemplos da imprevisibilidade. Já o Princípio da "Sincronicidade", por sua vez, é regido pela "prevenção" - não confunda com "previsibilidade" - juntamente com o assim chamado "bom senso", como se fossem  dois irmãos gêmeos! "Que maravilha, meu Deus! Me preparei justamente pra isso!",  ou: "Não poderia ter saído melhor! Saiu exatamente como eu planejei!", são bons exemplos do bom-senso e da prevenção que acompanham o Princípio da "Sincronicidade". Tomara mesmo, que você repita muitas e muitas vezes essas últimas expressões! Rezo e peço a Deus para que isso aconteça!

Veja: na vida nem tudo é fruto do acaso, como muitas vezes se pensa e se diz. Mas que por vezes o acaso parece governar o mundo, não parece haver dúvida nenhuma disso. "Então o que se pode fazer nesse caso, em que o acaso persiste? Rezar, torcer e esperar?" - você pergunta. Claro, respondo eu! Sem dúvida! Afora o esperar passivamente, que em nada contribui para coisa alguma, toda força positiva e toda energia que agrega sinergia são sempre e sem dúvida bem vindas! Mas...Olha o "mas" chegando! Cuidado com ele e com aquilo que ele traz! Rezar e torcer são muito bem vindos, mas como eu dizia você pode fazer mais, muito mais que isso! "Mais o quê!?" - continua você! Ué, como "mais o quê!"?  O que for possível de se fazer, uai! Sou mineiro, vou gente!? O que nem eu nem você podemos, nem nós e nem eles muito menos, é nos deixarmos embalar pela "Gabriela" - ou melhor, o complexo dela - e assim sairmos e seguirmos mundo afora cantando e nos justificando: "eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim" e tudo mais, e nem tampouco entrarmos na onda do Zeca Pagodinho: colocarmos a viola nas costas - como gostava de fazer o Boldrin, mas aí era para alegrar Deus e todo mundo! - e simplesmente deixar que a vida nos leve quando e para onde ela decidir e quiser, ou ainda ficarmos simplesmente debruçados na janela esperando... esperando...e finalmente ouvindo e olhando a banda do Chico passar. Até poderíamos fazer isso, mas melhor não, não deveríamos! A gente iria acabar igual aquela vaca, que descuidada e sem fazer nada, quando viu já tinha ido para o brejo! O acaso não pode  pegar a gente assim tão desprevenido, feito passarinho voando e "muito ocupados em fazer nada", como dizia um tal de Paulo! Prevenido de tudo a gente nunca vai estar, mas sem prevenir nada seria o fim da picada! Diria que o suficiente é suficiente - vale isso? - é o bastante:  o bastante para a gente não se afogar num copo d'água e nem sair por aí fazendo besteira sem dar-se conta! Os Tibetanos chamam a isso de "kunlong", uma espécie de "know-how' que se vai adquirindo ao longo da vida, e que quando, repentinamente e sem pedir licença o imprevisto surge, está bem ali, disponível à nossa frente! "Hábitos!", diria o grande mestre Aristóteles! E como esse homem falava bonito, gente! Pro acaso e o imprevisto, tá bom! Vamos seguir em frente! Um adendo antes: o Positivismo atribuía ao acaso ignorância, enquanto do lado oposto visões bem mais espiritualistas insistiam que o acaso seria uma espécie de "estratégia", escolhida por Deus para poder se manter no anonimato. Cada um escolhe de que lado quer ficar! Só não pode - ao menos não deveria - é ficar em cima do muro! Aí o tombo seria maior!

Falemos um pouco agora do Princípio da Causalidade e da previsibilidade! Com certeza você já terá percebido que é ele quem governa a Ciência e a cientificidade! Os cientistas costumam ser e ficar tão encantados com a grandeza e a capacidade de resolução desse Princípio, que a maioria deles não pensa duas vezes em dispensar e abrir mão, sem pestanejar, dos demais! "Se existe um deus - eles dizem - ele só pode ser um  'logos puro', pura razão e racionalidade!". E lá se vão para o ralo - outros dirão, "água abaixo!" -  os mitos, as utopias, os enigmas e os mistérios, incluindo aí, claro, o Mistério da Santíssima Trindade! Barbaridade!!! Desculpem, deixei escapar! Mas que falta humildade e sobra pretensão nisso, isso é certo! É demais! Se ao menos tais cientistas conhecessem o "Paulão", aquele que tanto advertiu sobre "falar todas as línguas dos homens",  "conhecer todos os mistérios da ciência", e umas coisas bem contundentes mais, talvez eles baixassem ao menos um pouco a crista da onda! Paulão - aquele, de Tarso, e que um dia fora "Saulo" - pode até não ter sido cientista, como eles são, mas que ele merecia ao menos um meio Nobel da Paz, ah isso ele merecia! Para não dizer Nobel e meio! Paulão agradeceria! Ser "um dos", se não o maior Teólogo do Cristianismo, nossa! - não é pouca coisa não! Retomando o "fio da meada" [minha sogra faz muito isso!]: se o bom senso - que segundo Gramsci é a parte saudável do senso comum - sugere que a causalidade não é tudo, nem por isso com certeza ela precisa ser reduzida a nada.Tanto ela como uma Ciência mais humilde, e portanto mais moderada - como a de um Einstein, por exemplo - têm muito a nos transmitir e mais ainda a nos ensinar! Afinal, sermos mais ordenados, ordeiros, organizados, não deixar nada pra última ora, nem as coisas jogadas pra qualquer lado, enfim, parar de procrastinar, entre outras coisas - vixe!, quanta coisa! - tudo isso  e muito mais com certeza é coisa boa! Se formos parar pra pensar com calma, de preferência, veremos que a boa Ciência, juntamente com a "Causalidade" e a previsibilidade, nao têm apenas muita história pra contar; tem também muita coisa boa e muita lição pra nos ensinar. Só não aprende mesmo quem não quer! "Sabão não costuma espumar bem na cabeça de burro velho", como diz o velho ditado! Mas aí é outra coisa, não tem jeito! E não é de velhice que aqui se está a falar! Não, não é "mesmo"! É de algo bem pior! Melhor mesmo é até deixar pra lá!

Por fim o Princípio da "Sincronicidade", que jamais dá as caras sem estar acompanhado do bom senso e da prevenção! Amo esse Princípio! Amo de paixão! Se é que a um Princípio se possa amar! Força de expressão, claro, licença poética, dirão os poetas! Seja lá o que for, que seja! Desde que nos permita expressar melhor e aprimorar nossa comunicação! Jung falou e ensinou muito sobre esse Princípio, como e mais que ninguém! A ponto de deixar Freud meio irritado! Ou irritado e meio, sei lá!  "Sério!? Coitado!!!". Sério,  sim! É que Jung era também um grande místico, quilômetros-luz mais holístico que seu mestre! Freud parecia ser meio avesso a essas coisas de mística e de espiritualidade! Bastou Jung falar de um tal de "Inconsciente coletivo" e pronto!: a coisa pegou! Logo em seguida o caldo entornou e Jung acabou levando um "chega pra lá!". Nada houve que ou quem que pudesse dar jeito! Nem Deus! Aliás, "Deus" era justamente o "xis da questão" e a "justa causa" da dissensão! Trabalhador não gosta muito dessa expressão não! Fazer o quê! Acontece! O certo é que, sem saída -  exceto aquela da porta mais próxima - Jung arrumou as malas, agradeceu, e foi procurar seu espaço e seu lugar! Mal sabia ele o que haveria de encontrar pela frente! Mal sabia!

Mais tarde reportaram a Freud que ele, Jung, estava "muito bem, obrigado!". Mas foi só falar num tal de "Amor Ágape" - que segundo disseram Jung teria encontrado pelo caminho, ao longo de sua longa jornada, e o ressentimento de Freud voltou à tona! Subiu às alturas!  "Jamais experimentei algo desse tipo!" - ele exclamou, sem a gente conseguir saber bem se se lamentando ou querendo excomungar mais alguém - "Pura fantasia, pura besteira!", ele desafogou! Era catarse pura, explodindo no ar! "Amor divino, oceânico, Incondicional e infinito!? Ah! Para com isso! Isso não existe! Só na mente de quem não tem o que pensar!". Dito isso saiu mais emburrado que burro que nunca teve descanso, nem em domingo, dia santo, e tampouco em feriado! Pra onde teria ido, não se sabe! Mas para a Capela rezar é certeza que ele não foi! Freud rezando seria algo como o "encardido" - no dizer do Padre Léo - se ajoelhando e pedindo perdão a Deus: difícil, impossível de acreditar! Felizmente conhecemos melhor a Psicanálise que Freud, assim como conhecemos melhor a América que Colombo! Felizmente! Senão a carroça estaria até hoje, atolada no brejo! O certo é que se para os céticos, como David Hume, o acaso não passava de ignorância, uma interpretação gestáltica e  holística sempre viram cada acontecimento como uma manifestação única de um conjunto de processos interligados e conectados entre si. Quando Jung ouviu isso, "eureka!": passou a chamar essa conexão e esse sincronismo de "Sincronicidade"! E estava criado o Princípio! Era demais esse garoto! Puro brilhantismo!

Enquanto isso, bem distante dali, Freud ficava cada vez mais irritado! Jung por sua vez ensinava coisas bonitas, profundas! De discípulo que era, passara a ser Mestre requisitado! Quem o visse dialogando e argumentando, diria: como esse Jung está mudado! O fato de cada um de nós ter chegado à frente de três milhões de "nós-outros", por exemplo - respondeu a um cético inveterado - para ele nada tinha a ver com sorte! Tampouco por isso nossa vida deixaria de ter sentido e significado! Jamais! - ele insistia! Toda vida e cada vida tem seu próprio sentido! A isso ele passou a dar o nome recém-criado de "Sincronicidade"! "Sincronismo entre o quê?", indagavam os menos avisados! "Sincronismo entre nossos desejos e anseios mais profundos, e algo, alguma coisa, alguma força ou energia que tenha vindo deste, daquele, ou de qualquer outro mundo! Ou quem sabe ainda de um além-mundo qualquer, ou até mesmo da eternidade!", era o que ele respondia. "O sentido e o significado não estão nas coisas em si mesmas" -   não se cansava de repetir - "estão em nós, em cada um de nós! Só o ser humano pode conferir sentido a tudo, sentido, razão e significado!". Àqueles que insistiam em falar de Causalidade e Casualidade ele contrapunha: "O homem moderno não entende até que ponto seu 'racionalismo' o deixou à mercê do 'submundo psíquico'. Ele se libertou da 'superstição', ou assim acredita, mas no processo perdeu seus valores espirituais num grau positivamente perigoso, fazendo assim com que sua tradição moral e espiritual se desintegrasse. Hoje ele paga o preço desse rompimento, com a desorientação e a dissociação mundiais!". Esse era Jung! "O cara!", diria Obama! Perto dele - com todo respeito - o Lula - "o cara!", segundo o Obama - seria quase um nada! Se fosse no Brasil a gente diria: "Eta cabra da peste!". Ao menos lá pros lados do Nordeste!

Pouco a pouco a Sincronicidade foi ganhando outros nomes; muitos, por sinal! Como certa Maria, para algumas Religiões. No Cristianismo, por exemplo, a Sincronicidade é chamada de "reciprocidade", e está ali, bem no coração da Oração que você tanto conhece: "...pois é dando, que se recebe! É perdoando que se é perdoado!", e por aí segue a Prece! No Budismo ela tem um nome curioso: "lei do Carma", também chamada de "Lei da causa e do efeito". Engraçado, não!? "Causa e efeito" lembra Ciência! Ciência e cientificidade! Para falar da Lei do Carma, ninguém melhor que Buda, o "Iluminado": "Quer façamos o bem ou o mal - ele ensina - seremos sempre herdeiros daquilo que fizermos!". Sábio, esse tal de Buda! Faz lembrar um certo Jesus, pau a pau!  Mais próximo de nós Paulo Coelho foi provavelmente quem melhor falou da Sincronicidade! De forma algo diferente, é bem verdade, mas com a mesma riqueza de significado, certamente: "Quando fazemos um movimento  favorável e  cuidadoso para com a vida, a natureza, as pessoas e a humanidade - ele diz - a vida, a natureza, as pessoas e a humanidade tendem a fazer o mesmo movimento em direção a nós!". Esse Paulo deve ser parente do tal "Paulão", de quem eu falei logo Ali atrás! "Porreta" ele! ["Porreta" cabe, né Antônio Rocha!? Senão, mudai, na hora da revisão!].

Também a sabedoria popular, que nunca costuma deixar por menos, sem se manifestar, também ela tem sobre a Sincronicidade algo a falar. E quase sempre de forma simples, direta, e sem palavreado rebuscado: "Quem planta vento colhe tempestade!". Pronto! Tá dado o recado! Não falei!? Simples, direto e reto! Por isso é que a sabedoria popular tem meu respeito! Diferente de um monte de políticos que dizem uma coisa e depois têm que dizer outras dez, tentando se explicar e se justificar! Eita política "maledetta"! Saudades do Ulisses e do "Tranquedo", como dizia um amigo meu! Uma coisa a gente não pode negar: é bonito, essa coisa de ver que Ciência, arte, espiritualidade e sabedoria popular, apesar de todas as diferenças entre elas, estão sempre sincronizadas e falando linguagem parecida quando se trata da essência, daquilo que é belo e bonito, daquilo que enfim é mais importante e interessa! Seria isso uma "espécie especial" de sincronismo, ou quem sabe, até de "Sincronicidade!? Cada um pense lá como quiser e como melhor lhe aprouver! Mas que é bonito, isso é!

Há certo tempo alguém fez chegar às minhas mãos uma revista cujo nome era: "Psicologia, Ciência e Profissão". Lá pelas tantas deparei-me com um artigo curioso! Curioso e interessante! O título dizia: "O efeito Bumerangue da Fofoca". Não vou comentar sobre o conteúdo agora não! O próprio título, imagino, já me poupa de ter que fazer isso, e "de quebra", como se diz no popular, nos poupa a todos de ter que estender o tempo! Sabemos bem o que é um bumerangue! Justamente por isso eu me pus a pensar: "gente, isso é pura Sincronicidade!". Aí me veio a pergunta: e se em vez de "fofoca" pudéssemos substituir por "falar bem",  "elogio", "bons auguros" e outras cositas más!?  A título de exemplo ficaria mais ou menos assim: "O efeito bumerangue do 'falar bem' das pessoas!", "O efeito Bumerangue do 'elogio'", e por aí vai! Seria algo muito bom! Bom não, maravilhoso! Bom demais! E então!? O que estamos esperando!? Bora lá praticar!?   

 

(*) Reflexão enviada de Vitória(ES) por whasapp.

 

 

 

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