TRES MANEIRAS DE SE VER O MUNDO: OS PRINCÍPIOS DA 'CAUSALIDADE', DA 'CASUA
DADE' E DA 'SINCRONICIDADE'"
Por Lindolivo Soares Moura(*)
"Aspreocupações de que ele se rodeou, que esse pressentimento não
se realizasse, fizeram precisamente com que ele se concretizasse"
[Henri-Benjamin Constant].
Você pode até ter algum outro
Princípio para acrescentar aos que lhe estarão sendo sugeridos, mas a vida e o
viver são regidos basicamente por três grandes Princípios: o da
"Causalidade", o da "Casualidade" - só inverter o
"us" - e aquele que é o mais relevante dos três, ao menos sob o
prisma da espiritualidade, que é o chamado Princípio da
"Sincronicidade"! Por vezes a vida e o viver parecem jogar com dois
ou até com os três ao mesmo tempo, mas raramente isso acontece. A tendência é
que em cada situação específica um deles prevaleça!
O Princípio da "Causalidade"
é regido e ao mesmo tempo possibilita, a "previsibilidade": onde tem
causa tem seu efeito, e vice-versa. Já o Princípio da "Casualidade" é
regido pelo "imprevisto", e pouca ou nenhuma previsibilidade permite,
isso por motivos óbvios: caso permitisse sua razão de ser desapareceria.
Expressões do tipo: "jamais imaginei que essa m...fosse dar nisso!",
ou: "ora, ora, só me faltava essa!", são exemplos desse Princípio,
como também exemplos da imprevisibilidade. Já o Princípio da
"Sincronicidade", por sua vez, é regido pela "prevenção" -
não confunda com "previsibilidade" - juntamente com o assim chamado
"bom senso", como se fossem
dois irmãos gêmeos! "Que maravilha, meu Deus! Me preparei
justamente pra isso!", ou:
"Não poderia ter saído melhor! Saiu exatamente como eu planejei!",
são bons exemplos do bom-senso e da prevenção que acompanham o Princípio da
"Sincronicidade". Tomara mesmo, que você repita muitas e muitas vezes
essas últimas expressões! Rezo e peço a Deus para que isso aconteça!
Veja: na vida nem tudo é fruto do
acaso, como muitas vezes se pensa e se diz. Mas que por vezes o acaso parece
governar o mundo, não parece haver dúvida nenhuma disso. "Então o que se
pode fazer nesse caso, em que o acaso persiste? Rezar, torcer e esperar?"
- você pergunta. Claro, respondo eu! Sem dúvida! Afora o esperar passivamente,
que em nada contribui para coisa alguma, toda força positiva e toda energia que
agrega sinergia são sempre e sem dúvida bem vindas! Mas...Olha o
"mas" chegando! Cuidado com ele e com aquilo que ele traz! Rezar e
torcer são muito bem vindos, mas como eu dizia você pode fazer mais, muito mais
que isso! "Mais o quê!?" - continua você! Ué, como "mais o
quê!"? O que for possível de se
fazer, uai! Sou mineiro, vou gente!? O que nem eu nem você podemos, nem nós e
nem eles muito menos, é nos deixarmos embalar pela "Gabriela" - ou
melhor, o complexo dela - e assim sairmos e seguirmos mundo afora cantando e
nos justificando: "eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre
assim" e tudo mais, e nem tampouco entrarmos na onda do Zeca Pagodinho:
colocarmos a viola nas costas - como gostava de fazer o Boldrin, mas aí era
para alegrar Deus e todo mundo! - e simplesmente deixar que a vida nos leve
quando e para onde ela decidir e quiser, ou ainda ficarmos simplesmente
debruçados na janela esperando... esperando...e finalmente ouvindo e olhando a
banda do Chico passar. Até poderíamos fazer isso, mas melhor não, não
deveríamos! A gente iria acabar igual aquela vaca, que descuidada e sem fazer
nada, quando viu já tinha ido para o brejo! O acaso não pode pegar a gente assim tão desprevenido, feito
passarinho voando e "muito ocupados em fazer nada", como dizia um tal
de Paulo! Prevenido de tudo a gente nunca vai estar, mas sem prevenir nada
seria o fim da picada! Diria que o suficiente é suficiente - vale isso? - é o
bastante: o bastante para a gente não se
afogar num copo d'água e nem sair por aí fazendo besteira sem dar-se conta! Os
Tibetanos chamam a isso de "kunlong", uma espécie de "know-how'
que se vai adquirindo ao longo da vida, e que quando, repentinamente e sem
pedir licença o imprevisto surge, está bem ali, disponível à nossa frente!
"Hábitos!", diria o grande mestre Aristóteles! E como esse homem
falava bonito, gente! Pro acaso e o imprevisto, tá bom! Vamos seguir em frente!
Um adendo antes: o Positivismo atribuía ao acaso ignorância, enquanto do lado
oposto visões bem mais espiritualistas insistiam que o acaso seria uma espécie
de "estratégia", escolhida por Deus para poder se manter no
anonimato. Cada um escolhe de que lado quer ficar! Só não pode - ao menos não
deveria - é ficar em cima do muro! Aí o tombo seria maior!
Falemos um pouco agora do Princípio da
Causalidade e da previsibilidade! Com certeza você já terá percebido que é ele
quem governa a Ciência e a cientificidade! Os cientistas costumam ser e ficar
tão encantados com a grandeza e a capacidade de resolução desse Princípio, que
a maioria deles não pensa duas vezes em dispensar e abrir mão, sem pestanejar,
dos demais! "Se existe um deus - eles dizem - ele só pode ser um 'logos puro', pura razão e
racionalidade!". E lá se vão para o ralo - outros dirão, "água
abaixo!" - os mitos, as utopias, os
enigmas e os mistérios, incluindo aí, claro, o Mistério da Santíssima Trindade!
Barbaridade!!! Desculpem, deixei escapar! Mas que falta humildade e sobra pretensão
nisso, isso é certo! É demais! Se ao menos tais cientistas conhecessem o
"Paulão", aquele que tanto advertiu sobre "falar todas as
línguas dos homens", "conhecer
todos os mistérios da ciência", e umas coisas bem contundentes mais,
talvez eles baixassem ao menos um pouco a crista da onda! Paulão - aquele, de
Tarso, e que um dia fora "Saulo" - pode até não ter sido cientista,
como eles são, mas que ele merecia ao menos um meio Nobel da Paz, ah isso ele
merecia! Para não dizer Nobel e meio! Paulão agradeceria! Ser "um
dos", se não o maior Teólogo do Cristianismo, nossa! - não é pouca coisa
não! Retomando o "fio da meada" [minha sogra faz muito isso!]: se o
bom senso - que segundo Gramsci é a parte saudável do senso comum - sugere que
a causalidade não é tudo, nem por isso com certeza ela precisa ser reduzida a
nada.Tanto ela como uma Ciência mais humilde, e portanto mais moderada - como a
de um Einstein, por exemplo - têm muito a nos transmitir e mais ainda a nos
ensinar! Afinal, sermos mais ordenados, ordeiros, organizados, não deixar nada
pra última ora, nem as coisas jogadas pra qualquer lado, enfim, parar de
procrastinar, entre outras coisas - vixe!, quanta coisa! - tudo isso e muito mais com certeza é coisa boa! Se
formos parar pra pensar com calma, de preferência, veremos que a boa Ciência,
juntamente com a "Causalidade" e a previsibilidade, nao têm apenas
muita história pra contar; tem também muita coisa boa e muita lição pra nos
ensinar. Só não aprende mesmo quem não quer! "Sabão não costuma espumar
bem na cabeça de burro velho", como diz o velho ditado! Mas aí é outra
coisa, não tem jeito! E não é de velhice que aqui se está a falar! Não, não é
"mesmo"! É de algo bem pior! Melhor mesmo é até deixar pra lá!
Por fim o Princípio da
"Sincronicidade", que jamais dá as caras sem estar acompanhado do bom
senso e da prevenção! Amo esse Princípio! Amo de paixão! Se é que a um
Princípio se possa amar! Força de expressão, claro, licença poética, dirão os
poetas! Seja lá o que for, que seja! Desde que nos permita expressar melhor e
aprimorar nossa comunicação! Jung falou e ensinou muito sobre esse Princípio,
como e mais que ninguém! A ponto de deixar Freud meio irritado! Ou irritado e
meio, sei lá! "Sério!? Coitado!!!".
Sério, sim! É que Jung era também um
grande místico, quilômetros-luz mais holístico que seu mestre! Freud parecia
ser meio avesso a essas coisas de mística e de espiritualidade! Bastou Jung
falar de um tal de "Inconsciente coletivo" e pronto!: a coisa pegou!
Logo em seguida o caldo entornou e Jung acabou levando um "chega pra
lá!". Nada houve que ou quem que pudesse dar jeito! Nem Deus! Aliás,
"Deus" era justamente o "xis da questão" e a "justa
causa" da dissensão! Trabalhador não gosta muito dessa expressão não!
Fazer o quê! Acontece! O certo é que, sem saída - exceto aquela da porta mais próxima - Jung
arrumou as malas, agradeceu, e foi procurar seu espaço e seu lugar! Mal sabia
ele o que haveria de encontrar pela frente! Mal sabia!
Mais tarde reportaram a Freud que ele,
Jung, estava "muito bem, obrigado!". Mas foi só falar num tal de
"Amor Ágape" - que segundo disseram Jung teria encontrado pelo
caminho, ao longo de sua longa jornada, e o ressentimento de Freud voltou à
tona! Subiu às alturas! "Jamais
experimentei algo desse tipo!" - ele exclamou, sem a gente conseguir saber
bem se se lamentando ou querendo excomungar mais alguém - "Pura fantasia,
pura besteira!", ele desafogou! Era catarse pura, explodindo no ar!
"Amor divino, oceânico, Incondicional e infinito!? Ah! Para com isso! Isso
não existe! Só na mente de quem não tem o que pensar!". Dito isso saiu
mais emburrado que burro que nunca teve descanso, nem em domingo, dia santo, e
tampouco em feriado! Pra onde teria ido, não se sabe! Mas para a Capela rezar é
certeza que ele não foi! Freud rezando seria algo como o "encardido"
- no dizer do Padre Léo - se ajoelhando e pedindo perdão a Deus: difícil,
impossível de acreditar! Felizmente conhecemos melhor a Psicanálise que Freud,
assim como conhecemos melhor a América que Colombo! Felizmente! Senão a carroça
estaria até hoje, atolada no brejo! O certo é que se para os céticos, como
David Hume, o acaso não passava de ignorância, uma interpretação gestáltica
e holística sempre viram cada
acontecimento como uma manifestação única de um conjunto de processos
interligados e conectados entre si. Quando Jung ouviu isso,
"eureka!": passou a chamar essa conexão e esse sincronismo de
"Sincronicidade"! E estava criado o Princípio! Era demais esse
garoto! Puro brilhantismo!
Enquanto isso, bem distante dali,
Freud ficava cada vez mais irritado! Jung por sua vez ensinava coisas bonitas,
profundas! De discípulo que era, passara a ser Mestre requisitado! Quem o visse
dialogando e argumentando, diria: como esse Jung está mudado! O fato de cada um
de nós ter chegado à frente de três milhões de "nós-outros", por
exemplo - respondeu a um cético inveterado - para ele nada tinha a ver com
sorte! Tampouco por isso nossa vida deixaria de ter sentido e significado!
Jamais! - ele insistia! Toda vida e cada vida tem seu próprio sentido! A isso
ele passou a dar o nome recém-criado de "Sincronicidade"!
"Sincronismo entre o quê?", indagavam os menos avisados!
"Sincronismo entre nossos desejos e anseios mais profundos, e algo, alguma
coisa, alguma força ou energia que tenha vindo deste, daquele, ou de qualquer
outro mundo! Ou quem sabe ainda de um além-mundo qualquer, ou até mesmo da
eternidade!", era o que ele respondia. "O sentido e o significado não
estão nas coisas em si mesmas" -
não se cansava de repetir - "estão em nós, em cada um de nós! Só o
ser humano pode conferir sentido a tudo, sentido, razão e significado!".
Àqueles que insistiam em falar de Causalidade e Casualidade ele contrapunha:
"O homem moderno não entende até que ponto seu 'racionalismo' o deixou à
mercê do 'submundo psíquico'. Ele se libertou da 'superstição', ou assim
acredita, mas no processo perdeu seus valores espirituais num grau
positivamente perigoso, fazendo assim com que sua tradição moral e espiritual
se desintegrasse. Hoje ele paga o preço desse rompimento, com a desorientação e
a dissociação mundiais!". Esse era Jung! "O cara!", diria Obama!
Perto dele - com todo respeito - o Lula - "o cara!", segundo o Obama
- seria quase um nada! Se fosse no Brasil a gente diria: "Eta cabra da
peste!". Ao menos lá pros lados do Nordeste!
Pouco a pouco a Sincronicidade foi
ganhando outros nomes; muitos, por sinal! Como certa Maria, para algumas
Religiões. No Cristianismo, por exemplo, a Sincronicidade é chamada de
"reciprocidade", e está ali, bem no coração da Oração que você tanto
conhece: "...pois é dando, que se recebe! É perdoando que se é
perdoado!", e por aí segue a Prece! No Budismo ela tem um nome curioso:
"lei do Carma", também chamada de "Lei da causa e do
efeito". Engraçado, não!? "Causa e efeito" lembra Ciência!
Ciência e cientificidade! Para falar da Lei do Carma, ninguém melhor que Buda,
o "Iluminado": "Quer façamos o bem ou o mal - ele ensina -
seremos sempre herdeiros daquilo que fizermos!". Sábio, esse tal de Buda!
Faz lembrar um certo Jesus, pau a pau!
Mais próximo de nós Paulo Coelho foi provavelmente quem melhor falou da
Sincronicidade! De forma algo diferente, é bem verdade, mas com a mesma riqueza
de significado, certamente: "Quando fazemos um movimento favorável e
cuidadoso para com a vida, a natureza, as pessoas e a humanidade - ele
diz - a vida, a natureza, as pessoas e a humanidade tendem a fazer o mesmo
movimento em direção a nós!". Esse Paulo deve ser parente do tal
"Paulão", de quem eu falei logo Ali atrás! "Porreta" ele!
["Porreta" cabe, né Antônio Rocha!? Senão, mudai, na hora da
revisão!].
Também a sabedoria popular, que nunca
costuma deixar por menos, sem se manifestar, também ela tem sobre a
Sincronicidade algo a falar. E quase sempre de forma simples, direta, e sem
palavreado rebuscado: "Quem planta vento colhe tempestade!". Pronto!
Tá dado o recado! Não falei!? Simples, direto e reto! Por isso é que a
sabedoria popular tem meu respeito! Diferente de um monte de políticos que
dizem uma coisa e depois têm que dizer outras dez, tentando se explicar e se
justificar! Eita política "maledetta"! Saudades do Ulisses e do
"Tranquedo", como dizia um amigo meu! Uma coisa a gente não pode
negar: é bonito, essa coisa de ver que Ciência, arte, espiritualidade e
sabedoria popular, apesar de todas as diferenças entre elas, estão sempre
sincronizadas e falando linguagem parecida quando se trata da essência, daquilo
que é belo e bonito, daquilo que enfim é mais importante e interessa! Seria
isso uma "espécie especial" de sincronismo, ou quem sabe, até de
"Sincronicidade!? Cada um pense lá como quiser e como melhor lhe aprouver!
Mas que é bonito, isso é!
Há certo tempo alguém fez chegar às
minhas mãos uma revista cujo nome era: "Psicologia, Ciência e
Profissão". Lá pelas tantas deparei-me com um artigo curioso! Curioso e
interessante! O título dizia: "O efeito Bumerangue da Fofoca". Não
vou comentar sobre o conteúdo agora não! O próprio título, imagino, já me poupa
de ter que fazer isso, e "de quebra", como se diz no popular, nos
poupa a todos de ter que estender o tempo! Sabemos bem o que é um bumerangue!
Justamente por isso eu me pus a pensar: "gente, isso é pura
Sincronicidade!". Aí me veio a pergunta: e se em vez de "fofoca"
pudéssemos substituir por "falar bem", "elogio", "bons auguros"
e outras cositas más!? A título de
exemplo ficaria mais ou menos assim: "O efeito bumerangue do 'falar bem'
das pessoas!", "O efeito Bumerangue do 'elogio'", e por aí vai!
Seria algo muito bom! Bom não, maravilhoso! Bom demais! E então!? O que estamos
esperando!? Bora lá praticar!?
(*) Reflexão enviada de Vitória(ES)
por whasapp.
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