CATEQUESES DO PAPA FRANCISCO
Catequeses sobre o discernimento .
Continuemos – estão a acabar – as catequeses sobre
o discernimento, e quem seguiu estas catequeses até agora talvez possa pensar:
que prática complicada é discernir! Na realidade, é a vida que é complicada e,
se não aprendermos a lê-la, complicada como é, corremos o risco de a
desperdiçar, levando-a em frente com expedientes que acabam por nos aviltar.
No nosso primeiro encontro vimos que sempre, todos
os dias, quer queiramos quer não, realizamos atos de discernimento, naquilo que
comemos, lemos, no trabalho, nos relacionamentos, em tudo. A vida coloca-nos
sempre diante de escolhas, e se não as fizermos de maneira consciente, no final
é a vida que escolherá por nós, levando-nos para onde não gostaríamos de ir.
No
entanto, o discernimento não se faz sozinhos. Hoje, abordemos mais
especificamente algumas ajudas que podem facilitar este
exercício do discernimento, indispensável da vida espiritual, embora de certo
modo já as tenhamos encontrado no decurso destas catequeses. Mas um resumo
ajudar-nos-á muito.
Uma
primeira ajuda indispensável é o confronto com a Palavra de Deus e
a doutrina da Igreja. Elas ajudam-nos a ler o que se move no
coração, aprendendo a reconhecer a voz de Deus e a distingui-la de outras
vozes, que parecem impor-se à nossa atenção, mas que no final nos deixam
confusos. A Bíblia adverte-nos que a voz de Deus ressoa na calma, na atenção,
no silêncio. Pensemos na experiência do profeta Elias: o Senhor não lhe fala no
vento que fende as rochas, nem no fogo ou no tremor de terra, mas fala-lhe numa
brisa suave (cf. 1 Rs 19, 11-12). É uma imagem muito bonita
que faz com que compreendamos o modo como Deus fala! A voz de Deus não se
impõe, a voz de Deus é discreta, respeitosa, permito-me dizer: a voz de Deus é
humilde e, precisamente por isso, pacificadora. E somente na paz podemos entrar
no íntimo de nós próprios e reconhecer os desejos autênticos que o Senhor
colocou no nosso coração. E muitas vezes não é fácil entrar naquela paz do
coração, pois andamos atarefados, com isto, aqui e ali, o dia inteiro... Mas,
por favor, acalma-te um pouco, entra em ti mesmo, em ti mesma. Dois minutos,
pára. Presta atenção ao que o teu coração sente. Mas façamos isto, irmãos e
irmãs, ajudar-nos-á muito, pois naquele momento de calma imediatamente a voz de
Deus que nos diz: “Mas, repara, olha para isto, bom isto que estás a fazer...”.
Deixemos na calma que venha de repente a voz de Deus. Espera-nos para isto...
Para quem
crê, a Palavra de Deus não é simplesmente um texto para ler, a Palavra de Deus
é uma presença viva, é uma obra do Espírito Santo que conforta, instrui, dá
luz, força, alívio e gosto de viver. Ler a Bíblia, ler um trecho, um ou dois
trechos pequenos da Bíblia, são como pequenos telegramas de Deus que te chegam
logo ao coração. A Palavra de Deus é – e não exagero – um pouco como verdadeira
antecipação do paraíso. Quem o compreendeu bem foi um grande santo e pastor,
Ambrósio, aquele bispo de Milão, que escreveu: «Quando leio a Divina Escritura,
Deus volta a passear no paraíso terrestre» (Carta, 49, 3). Com a Bíblia
abrimos a porta a Deus que passeia. Interessante...
Esta
relação afetiva com a Bíblia, com a Escritura, com o Evangelho, leva a viver
uma relação afetiva com o Senhor Jesus, não tenhais medo
disto! O coração fala ao coração, e esta é outra ajuda indispensável e não é
óbvia. Muitas vezes podemos ter uma ideia deturpada de Deus, considerando-o
como um juiz cruel e severo, pronto para nos apanhar em flagrante, com a corda
pronta para nos punir. Jesus, ao contrário, revela-nos um Deus cheio de
compaixão e ternura, pronto a sacrificar-se para vir ao nosso encontro,
exatamente como o pai da parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,
11-32). Certa vez, alguém perguntou – não sei se à mãe ou à avó, contaram-me –
“Mas o que devo fazer neste momento?” – “Ouve Deus, Ele dir-te-á o que deverás
fazer. Abri o coração a Deus”: um bom conselho. Recordo uma vez, numa
peregrinação de jovens, que se faz uma vez por ano ao Santuário de Luján, a 70
km de Buenos Aires: emprega-se o dia inteiro para chegar lá; eu tinha o hábito
de confessar durante a noite. Aproximou-se um rapaz, de 22 anos mais ou menos,
tudo, com muitas coisas [kit], tatuagens... “Meu Deus – pensei – o que será isto?”,
não? E disse-me: “O senhor sabe, vim porque tenho um problema grave, contei-o à
minha mãe e ela disse-me: “Vai ter com Nossa Senhora, faz a peregrinação, e
Nossa Senhora responder-te-á”. E vim. Tive contacto com a Bíblia, aqui, ouvi a
Palavra de Deus que me comoveu o coração e devo fazer isto, isto e isto”. A
Palavra de Deus faz comover o coração e muda a tua vida. E assim vi muitas
coisas, isto, tantas vezes. Pois Deus não deseja destruir-nos, Deus quer que
sejamos mais fortes, melhores a cada dia. Quem permanece diante do Crucificado
sente uma nova paz, aprende a não ter medo de Deus, pois Jesus na cruz não
assusta ninguém, é a imagem do desamparo total e ao mesmo tempo do amor mais
completo, capaz de enfrentar todas as provações por nós. Os santos sempre
tiveram uma predileção por Jesus Crucificado. A narração da Paixão de Jesus é a
via mestra para nos confrontarmos com o mal sem sermos esmagados por ele; nela
não há julgamento nem sequer resignação, porque é permeada por uma luz maior, a
luz da Páscoa, que permite ver naqueles terríveis feitos um desígnio maior, que
nenhum impedimento, obstáculo ou fracasso pode frustrar. A Palavra de Deus
sempre te faz olhar para o outro lado: isto é, há a cruz, aqui, é terrível, mas
há o outro lado, uma esperança, uma ressurreição. A Palavra de Deus abre-te
todas as portas, pois Ele é a porta, é o Senhor. Peguemos no Evangelho,
peguemos a Bíblia nas mãos: cinco minutos por dia, não mais. Levai um Evangelho
convosco, na bolsa, e quando estiverdes de viagem pegai nele e lede-o, durante
o dia, um pequeno trecho, deixai que a Palavra de Deus se aproxime do coração.
Fazei isto e vereis como mudará a vossa vida. Com a proximidade à Palavra de
Deus. “Sim, Padre, mas estou habituado a ler a Vida dos Santos”: isto faz bem,
faz bem, mas não deixes a Palavra de Deus. Leva o Evangelho contigo, por dia,
um minuto...
É muito bonito pensar na vida com o Senhor como uma
relação de amizade que cresce dia após dia. A amizade com Deus – pesastes
nisto? Mas, é a estrada! Pensemos em Deus, ele dá-nos... Deus não nos dá tanto,
não? Deus ama-nos, quer-nos como amigos! A amizade com Deus tem a capacidade de
transformar o coração; é um dos grandes dons do Espírito Santo, a piedade, que
nos torna capazes de reconhecer a paternidade de Deus. Temos um Pai terno e
carinhoso, um Pai que nos ama, que sempre nos amou: quando experimenta isto, o
coração dissolve-se e as dúvidas, os receios, os sentimentos de indignidade
desaparecem. Nada se pode opor a este amor do encontro com o Senhor!
E isto
lembra-nos outra grande ajuda, o dom do Espírito Santo, que está
presente em nós, e que nos instrui, torna viva a Palavra de Deus que lemos,
sugere novos significados, abre portas que pareciam fechadas, indica sendas de
vida onde parecia existir unicamente escuridão e confusão. Pergunto-vos: rezais
ao Espírito Santo? Mas quem é ele? O Grande Desconhecido? Nós rezamos ao Pai,
sim, o Nosso Pai, rezamos a Jesus, mas esquecemos o Espírito! Certa vez,
fazendo a catequese às crianças, perguntei: “Quem de vós sabe quem é o Espírito
Santo?”. E um menino: “Eu sei!” – “E quem é?” – “O paralítico”, disse-me! Ele
tinha ouvido “o Paráclito”, e pensava que fosse um paralítico. E muitas vezes –
isto fez-me pensar – para nós o Espírito Santo está ali, como se fosse uma
Pessoa que não conta. O Espírito Santo é aquele que te dá vida para a alma!
Deixa-o entrar. Falai com o Espírito assim como falais com o Pai, como falais
com o Filho: falai com o Espírito Santo – que nada tem de paralítico! Ele tem a
força da Igreja, é aquele que te leva em frente. O Espírito Santo é
discernimento em ação, presença de Deus em nós, é o dom, a maior dádiva que o
Pai garante a quantos o pedem (cf. Lc 11, 13). E Jesus como o
chama? “O dom”: “Permanecei aqui em Jerusalém na espera do dom de Deus”,
que é o Espírito Santo. É interessante levar a vida na amizade com o Espírito
Santo: Ele muda-te, Ele faz-te crescer.
A Liturgia das Horas dá início aos principais
momentos de oração do dia, com esta invocação: «Deus, vinde em nosso auxílio.
Senhor, socorrei-nos e salvai-nos». «Senhor, socorrei-me!», porque sozinho não
posso continuar, não posso amar, não posso viver... Esta invocação de salvação
é o pedido irreprimível que brota do íntimo do nosso ser. O discernimento tem a
finalidade de reconhecer a salvação realizada pelo Senhor na minha vida,
lembra-me que nunca estou só e que, se luto, é porque a aposta é importante. O
Espírito Santo está sempre conosco. “Oh, Padre, fiz algo negativo, devo ir
confessar-me, não posso fazer nada...”. Mas, fizeste algo mau? Fala ao Espírito
que está contigo e diz-lhe: “Ajudai-me, fiz algo ruim...”. Mas não canceles o
diálogo com o Espírito Santo. “Padre, estou em pecado mortal”: não importa,
fala com Ele assim ajudar-te-á a perdoar-te. Nunca deixes este diálogo com o
Espírito Santo. E com estas ajudas que o Senhor nos oferece, não devemos ter
medo! Em frente, coragem e com alegria!
Papa Francisco
Catequese na audiência geral 21.12.22
Continuemos – estão a acabar – as catequeses sobre
o discernimento, e quem seguiu estas catequeses até agora talvez possa pensar:
que prática complicada é discernir! Na realidade, é a vida que é complicada e,
se não aprendermos a lê-la, complicada como é, corremos o risco de a
desperdiçar, levando-a em frente com expedientes que acabam por nos aviltar.
No nosso primeiro encontro vimos que sempre, todos
os dias, quer queiramos quer não, realizamos atos de discernimento, naquilo que
comemos, lemos, no trabalho, nos relacionamentos, em tudo. A vida coloca-nos
sempre diante de escolhas, e se não as fizermos de maneira consciente, no final
é a vida que escolherá por nós, levando-nos para onde não gostaríamos de ir.
No
entanto, o discernimento não se faz sozinhos. Hoje, abordemos mais
especificamente algumas ajudas que podem facilitar este
exercício do discernimento, indispensável da vida espiritual, embora de certo
modo já as tenhamos encontrado no decurso destas catequeses. Mas um resumo
ajudar-nos-á muito.
Uma
primeira ajuda indispensável é o confronto com a Palavra de Deus e
a doutrina da Igreja. Elas ajudam-nos a ler o que se move no
coração, aprendendo a reconhecer a voz de Deus e a distingui-la de outras
vozes, que parecem impor-se à nossa atenção, mas que no final nos deixam
confusos. A Bíblia adverte-nos que a voz de Deus ressoa na calma, na atenção,
no silêncio. Pensemos na experiência do profeta Elias: o Senhor não lhe fala no
vento que fende as rochas, nem no fogo ou no tremor de terra, mas fala-lhe numa
brisa suave (cf. 1 Rs 19, 11-12). É uma imagem muito bonita
que faz com que compreendamos o modo como Deus fala! A voz de Deus não se
impõe, a voz de Deus é discreta, respeitosa, permito-me dizer: a voz de Deus é
humilde e, precisamente por isso, pacificadora. E somente na paz podemos entrar
no íntimo de nós próprios e reconhecer os desejos autênticos que o Senhor
colocou no nosso coração. E muitas vezes não é fácil entrar naquela paz do
coração, pois andamos atarefados, com isto, aqui e ali, o dia inteiro... Mas,
por favor, acalma-te um pouco, entra em ti mesmo, em ti mesma. Dois minutos,
pára. Presta atenção ao que o teu coração sente. Mas façamos isto, irmãos e
irmãs, ajudar-nos-á muito, pois naquele momento de calma imediatamente a voz de
Deus que nos diz: “Mas, repara, olha para isto, bom isto que estás a fazer...”.
Deixemos na calma que venha de repente a voz de Deus. Espera-nos para isto...
Para quem
crê, a Palavra de Deus não é simplesmente um texto para ler, a Palavra de Deus
é uma presença viva, é uma obra do Espírito Santo que conforta, instrui, dá
luz, força, alívio e gosto de viver. Ler a Bíblia, ler um trecho, um ou dois
trechos pequenos da Bíblia, são como pequenos telegramas de Deus que te chegam
logo ao coração. A Palavra de Deus é – e não exagero – um pouco como verdadeira
antecipação do paraíso. Quem o compreendeu bem foi um grande santo e pastor,
Ambrósio, aquele bispo de Milão, que escreveu: «Quando leio a Divina Escritura,
Deus volta a passear no paraíso terrestre» (Carta, 49, 3). Com a Bíblia
abrimos a porta a Deus que passeia. Interessante...
Esta
relação afetiva com a Bíblia, com a Escritura, com o Evangelho, leva a viver
uma relação afetiva com o Senhor Jesus, não tenhais medo
disto! O coração fala ao coração, e esta é outra ajuda indispensável e não é
óbvia. Muitas vezes podemos ter uma ideia deturpada de Deus, considerando-o
como um juiz cruel e severo, pronto para nos apanhar em flagrante, com a corda
pronta para nos punir. Jesus, ao contrário, revela-nos um Deus cheio de
compaixão e ternura, pronto a sacrificar-se para vir ao nosso encontro,
exatamente como o pai da parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,
11-32). Certa vez, alguém perguntou – não sei se à mãe ou à avó, contaram-me –
“Mas o que devo fazer neste momento?” – “Ouve Deus, Ele dir-te-á o que deverás
fazer. Abri o coração a Deus”: um bom conselho. Recordo uma vez, numa
peregrinação de jovens, que se faz uma vez por ano ao Santuário de Luján, a 70
km de Buenos Aires: emprega-se o dia inteiro para chegar lá; eu tinha o hábito
de confessar durante a noite. Aproximou-se um rapaz, de 22 anos mais ou menos,
tudo, com muitas coisas [kit], tatuagens... “Meu Deus – pensei – o que será isto?”,
não? E disse-me: “O senhor sabe, vim porque tenho um problema grave, contei-o à
minha mãe e ela disse-me: “Vai ter com Nossa Senhora, faz a peregrinação, e
Nossa Senhora responder-te-á”. E vim. Tive contacto com a Bíblia, aqui, ouvi a
Palavra de Deus que me comoveu o coração e devo fazer isto, isto e isto”. A
Palavra de Deus faz comover o coração e muda a tua vida. E assim vi muitas
coisas, isto, tantas vezes. Pois Deus não deseja destruir-nos, Deus quer que
sejamos mais fortes, melhores a cada dia. Quem permanece diante do Crucificado
sente uma nova paz, aprende a não ter medo de Deus, pois Jesus na cruz não
assusta ninguém, é a imagem do desamparo total e ao mesmo tempo do amor mais
completo, capaz de enfrentar todas as provações por nós. Os santos sempre
tiveram uma predileção por Jesus Crucificado. A narração da Paixão de Jesus é a
via mestra para nos confrontarmos com o mal sem sermos esmagados por ele; nela
não há julgamento nem sequer resignação, porque é permeada por uma luz maior, a
luz da Páscoa, que permite ver naqueles terríveis feitos um desígnio maior, que
nenhum impedimento, obstáculo ou fracasso pode frustrar. A Palavra de Deus
sempre te faz olhar para o outro lado: isto é, há a cruz, aqui, é terrível, mas
há o outro lado, uma esperança, uma ressurreição. A Palavra de Deus abre-te
todas as portas, pois Ele é a porta, é o Senhor. Peguemos no Evangelho,
peguemos a Bíblia nas mãos: cinco minutos por dia, não mais. Levai um Evangelho
convosco, na bolsa, e quando estiverdes de viagem pegai nele e lede-o, durante
o dia, um pequeno trecho, deixai que a Palavra de Deus se aproxime do coração.
Fazei isto e vereis como mudará a vossa vida. Com a proximidade à Palavra de
Deus. “Sim, Padre, mas estou habituado a ler a Vida dos Santos”: isto faz bem,
faz bem, mas não deixes a Palavra de Deus. Leva o Evangelho contigo, por dia,
um minuto...
É muito bonito pensar na vida com o Senhor como uma
relação de amizade que cresce dia após dia. A amizade com Deus – pesastes
nisto? Mas, é a estrada! Pensemos em Deus, ele dá-nos... Deus não nos dá tanto,
não? Deus ama-nos, quer-nos como amigos! A amizade com Deus tem a capacidade de
transformar o coração; é um dos grandes dons do Espírito Santo, a piedade, que
nos torna capazes de reconhecer a paternidade de Deus. Temos um Pai terno e
carinhoso, um Pai que nos ama, que sempre nos amou: quando experimenta isto, o
coração dissolve-se e as dúvidas, os receios, os sentimentos de indignidade
desaparecem. Nada se pode opor a este amor do encontro com o Senhor!
E isto
lembra-nos outra grande ajuda, o dom do Espírito Santo, que está
presente em nós, e que nos instrui, torna viva a Palavra de Deus que lemos,
sugere novos significados, abre portas que pareciam fechadas, indica sendas de
vida onde parecia existir unicamente escuridão e confusão. Pergunto-vos: rezais
ao Espírito Santo? Mas quem é ele? O Grande Desconhecido? Nós rezamos ao Pai,
sim, o Nosso Pai, rezamos a Jesus, mas esquecemos o Espírito! Certa vez,
fazendo a catequese às crianças, perguntei: “Quem de vós sabe quem é o Espírito
Santo?”. E um menino: “Eu sei!” – “E quem é?” – “O paralítico”, disse-me! Ele
tinha ouvido “o Paráclito”, e pensava que fosse um paralítico. E muitas vezes –
isto fez-me pensar – para nós o Espírito Santo está ali, como se fosse uma
Pessoa que não conta. O Espírito Santo é aquele que te dá vida para a alma!
Deixa-o entrar. Falai com o Espírito assim como falais com o Pai, como falais
com o Filho: falai com o Espírito Santo – que nada tem de paralítico! Ele tem a
força da Igreja, é aquele que te leva em frente. O Espírito Santo é
discernimento em ação, presença de Deus em nós, é o dom, a maior dádiva que o
Pai garante a quantos o pedem (cf. Lc 11, 13). E Jesus como o
chama? “O dom”: “Permanecei aqui em Jerusalém na espera do dom de Deus”,
que é o Espírito Santo. É interessante levar a vida na amizade com o Espírito
Santo: Ele muda-te, Ele faz-te crescer.
A Liturgia das Horas dá início aos principais
momentos de oração do dia, com esta invocação: «Deus, vinde em nosso auxílio.
Senhor, socorrei-nos e salvai-nos». «Senhor, socorrei-me!», porque sozinho não
posso continuar, não posso amar, não posso viver... Esta invocação de salvação
é o pedido irreprimível que brota do íntimo do nosso ser. O discernimento tem a
finalidade de reconhecer a salvação realizada pelo Senhor na minha vida,
lembra-me que nunca estou só e que, se luto, é porque a aposta é importante. O
Espírito Santo está sempre conosco. “Oh, Padre, fiz algo negativo, devo ir
confessar-me, não posso fazer nada...”. Mas, fizeste algo mau? Fala ao Espírito
que está contigo e diz-lhe: “Ajudai-me, fiz algo ruim...”. Mas não canceles o
diálogo com o Espírito Santo. “Padre, estou em pecado mortal”: não importa,
fala com Ele assim ajudar-te-á a perdoar-te. Nunca deixes este diálogo com o
Espírito Santo. E com estas ajudas que o Senhor nos oferece, não devemos ter
medo! Em frente, coragem e com alegria!
Papa Francisco
Catequese na audiência geral 21.12.22
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