DEZ ANOS COM FRANCISCO
No
próximo dia 13 de março, completam-se 10 anos da eleição do Papa Francisco como
Sucessor do apóstolo Pedro na Sede de Roma e Papa de toda a Igreja Católica.
Cardeal Odilo Pedro
Scherer - arcebispo metropolitano de São Paulo
Muitas lembranças vêm à mente sobre a
eleição do novo Papa, o nome que escolheu para si, as suas primeiras manifestações
como Pontífice e sobre as expectativas que se criaram com a surpreendente
eleição do primeiro Papa da América Latina, primeiro Papa Jesuíta.
Mais do que fazer avaliações sobre o
pontificado de Francisco, desejo refletir sobre a missão do Papa e nossa
relação, como católicos, com ele. Podem parecer questões óbvias, mas, talvez,
não o sejam para todos. Ao ser legitimamente eleito, o Papa assume a missão e o
encargo de supremo responsável visível por toda a Igreja, como pastor,
legislador e sumo sacerdote. Ele tem sobre toda a Igreja poder pleno, supremo e
universal, e exerce o seu encargo em nome de Cristo em benefício da vida e da
missão da Igreja.
No entanto, o Papa não é o único
responsável por toda a Igreja. Cada bispo, em comunhão com o Papa e sob a sua
autoridade, é responsável direto e imediato pela “Igreja particular”, ou
diocese, que é confiada aos seus cuidados. E todos os bispos juntos, em
comunhão com o Papa, também respondem pelo bem de toda a Igreja. Eles
constituem o “Colégio Episcopal”, que expressa a participação na sucessão
apostólica e na missão confiada aos apóstolos por Jesus Cristo. Em força da
“colegialidade episcopal”, os bispos cultivam a comunhão entre eles e na Igreja
e com o Papa, que é o chefe do colégio episcopal. A expressão máxima da
colegialidade episcopal e da corresponsabilidade dos bispos por toda a Igreja
acontece na celebração dos concílios ecumênicos.
Mensagem
do Cardeal Scherer
Os membros da Igreja estão unidos a
ela mediante a graça do Batismo e da profissão da fé eclesial e católica. Essa
comunhão na Igreja e com ela também se expressa necessariamente mediante a
união com o próprio bispo, que foi legitimamente constituído e que está em
comunhão com o Papa. Mas também se expressa necessariamente mediante a comunhão
com o Papa. Isso não depende de simpatia com a pessoa do Papa, mas decorre da
nossa fé católica. Seria contraditório proclamar-se católico mantendo uma
posição de desobediência ao Papa.
Tudo o que o Papa fala deve ser tido
como “verdade de fé” ou “dogma”? Certamente não, pois o Papa também usa uma
linguagem coloquial e é necessário levar em conta o contexto e o tipo de seu
pronunciamento. O Papa ensina de modo “infalível” em circunstâncias
extraordinárias, bem específicas e previamente manifestas. Normalmente, os
ensinamentos do Papa constituem Magistério “ordinário” e isso significa que
ele, como Doutor maior do ensino da Igreja, explica ou explicita as questões
que dizem respeito à nossa fé, à moral e à disciplina da Igreja.
Nesse caso, mesmo quando não se trata
de magistério solene e extraordinário, a voz do Papa deve ser ouvida com
respeito e acolhida com obediência cristã, como expressão de nossa comunhão com
ele. Sua palavra de ensino, orientação e legislação é diversa da de um teólogo
não investido de autoridade magisterial.
Desde quando se apresentou pela
primeira vez ao mundo, como Papa, na noite de 13 de março de 2013, Francisco
pediu a oração de todos por ele. E o repete com frequência ainda agora. Eis,
pois, mais um dever dos católicos para com o Papa: rezar por ele. Nós rezamos
pelo Papa em todas as missas, mas é importante que cada católico o faça também
pessoalmente. Desde os tempos apostólicos, a Igreja reza “por Pedro”.
Mais uma forma de os católicos
cultivarem a comunhão com o Papa é participar da sua “solicitude por todas as
Igrejas”. Ele carrega, de fato, a preocupação por tudo aquilo que se passa em
toda a Igreja e também por todas as dores e sofrimentos da humanidade. Isso
deve levar-nos, mais uma vez, a rezar constantemente nas intenções do Papa. As
coletas do óbolo de São Pedro, pelas missões e em favor dos “lugares santos”
são ocasião concreta para participarmos dos cuidados e preocupações do Papa por
toda a Igreja e toda a humanidade.
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