Mensagem
do Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade 2023
Realizada pela CNBB
todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, a
Campanha da Fraternidade de 2023 deste ano tem com o tema: “Fraternidade e
fome”. A Mensagem de Francisco para a Igreja no Brasil e todos os fiéis
brasileiros.
Vatican News
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) lança, nesta Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, a Campanha
da Fraternidade de 2023, com o tema: “Fraternidade e fome”, juntamente com o
lema “Dai-lhes vós mesmo de comer” (Mt 14,16), incentivando assim nossas
comunidades a assumirem suas responsabilidades ante a situação da fome que
persiste no Brasil, a exemplo do Mestre Jesus.
Para a ocasião o Papa Francisco enviou
aos fiéis brasileiros uma mensagem para o início da Quaresma e da Campanha da
Fraternidade 2023. Eis a íntegra da sua mensagem:
Queridos
irmãos e irmãs do Brasil!
Todos
os anos, no tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de
verdadeira e sincera conversão, redirecionando toda a nossa vida para Ele, que
“amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer
não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Ao preparar-nos para a
celebração dessa entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e
no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas
penitenciais que nos ajudam a colaborar com a ação do Espírito Santo, autor da
nossa santificação.
Com
o intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a
Campanha da Fraternidade deste ano propõe que voltemos o nosso olhar para os
nossos irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. Ainda hoje,
“milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se
toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa,
a alimentação é um direito inalienável” (Discurso no encontro com os Movimentos
Populares, 28/X/2014).
A
indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vós mesmos de comer” ‹Mt
14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos — do
muito ou do pouco que temos — com os nossos irmãos que nem sequer tem com que
saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles
que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica
com os mais pobres e famintos: “eu estava com fome, e me destes de comer...
todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus
irmãos, foi a mim que o fizestes” ‹Mt 25, 35.40).
É
meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos
brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima. leve não somente a ações
concretas — sem dúvida, necessárias — que venham de modo emergencial em auxílio
dos irmãos mais necessitados, mas também gere em todos a consciência de que a
partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode
restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve
ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente
em todo aquele que passa fome.
Desejo
igualmente que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas
paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível
federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade
civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente
extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que “aqueles
que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma came e sangue que
nós. Por isso, merecem que nina mão amiga os socorra e ajude, de modo que
ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito
de cidadania” (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7)
Confiando
estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes
graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da
Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação
brasileira, de modo especial àqueles que se empenham incansável- mente para que
ninguém passe fome, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma,
São João de Latrão, 21 de dezembro de 2022.
Franciscus
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