quarta-feira, 22 de março de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL I DEUS É VIDA E DÁ VIDA

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL I

DEUS É VIDA E DÁ VIDA

O Evangelho deste Quinto Domingo da Quaresma é o da Ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-45). Lázaro era irmão de Marta e de Maria; eram muito amigos de Jesus. Quando Ele chegou a Betânia, Lázaro já estava morto há quatro dias; Marta correu ao encontro do Mestre e disse-lhe: “Se Tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!” (v. 21). Jesus respondeu-lhe: “Teu irmão há de ressuscitar” (v. 23); e acrescenta: “Eu sou a Ressurreição e a Vida; aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá” (v. 25). Jesus mostra-se como o Senhor da vida, Aquele que é capaz de dar vida até mesmo aos mortos. Depois chega Maria e outras pessoas, todas em lágrimas, e então Jesus - diz o Evangelho - “comoveu-Se profundamente [...] e chorou” (vv. 33-35). Com esta perturbação no coração, foi ao túmulo, agradece ao Pai que sempre o escuta, manda abrir o túmulo bradou em voz alta: “Lázaro, sai para fora” (v. 43). E Lázaro saiu tendo “os pés e as mãos ligados com faixas e o rosto envolto num sudário” (v. 44). Aqui constatamos diretamente que Deus é vida e dá vida, mas Ele assume o drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do seu amigo Lázaro, mas ele quis fazer sua a nossa dor pela morte de entes queridos, e acima de tudo ele quis mostrar o domínio de Deus sobre a morte. Neste trecho do Evangelho, vemos que a fé do homem e a onipotência de Deus, do amor de Deus procuram-se e, por fim, encontram- -se. É como um caminho duplo: a fé do homem e a onipotência do amor de Deus que se procuram, no final encontram-se. Vemo-lo no grito de Marta e de Maria e de todos nós com elas: “Se Tu estivesses aqui!...”. E a resposta de Deus não é um discurso, não, a resposta de Deus ao problema da morte é Jesus: “Eu sou a Ressurreição e a Vida... Tende fé! No meio do choro continuai a ter fé, mesmo que a morte pareça ter vencido. Tirai a pedra do vosso coração! Que a Palavra de Deus restitua a vida onde há a morte”. Ainda hoje Jesus nos repete: “Tirai a pedra”. Deus não nos criou para o túmulo, Ele criou-nos para a vida, bela, boa, alegre. Mas “a morte entrou no mundo por inveja do diabo” (Sb 2,24), diz o Livro da Sabedoria, e Jesus Cristo veio para nos libertar dos seus laços. Por isso, somos chamados a remover as pedras de tudo o que cheira a morte: por exemplo, a hipocrisia com que se vive a fé é morte; a crítica destrutiva dos outros é morte; a ofensa, a calúnia, é morte; a marginalização dos pobres é morte. O Senhor pede-nos para remover estas pedras do coração, e a vida então florescerá novamente ao nosso redor. Cristo vive, e aquele que o acolhe e adere a ele entra em contato com a vida. Sem Cristo, ou fora de Cristo, não só a vida não está presente, mas cai-se de novo na morte. A ressurreição de Lázaro é também um sinal da regeneração que se dá no crente através do Batismo, com plena inserção no Mistério Pascal de Cristo. Pela ação e poder do Espírito Santo, o cristão é uma pessoa que caminha na vida como uma nova criatura: uma criatura para a vida e que vai em direção à vida. Que a Virgem Maria nos ajude a ser tão compassivos quanto o seu Filho Jesus, que fez sua a nossa dor. Que cada um de nós esteja próximo daqueles que estão na prova, tornando-se para eles um reflexo do amor e ternura de Deus, que liberta da morte e faz vencer a vida

- Papa Francisco Angelus, 2020

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47a-23-5-domingo-de-quaresma-a.


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