REFLEXÃO DOMINICAL I
A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
Hoje a Igreja celebra
o Mistério da Transfiguração de Jesus: consiste numa manifestação externa e
visível da sua divindade, da sua natureza divina. Trata-se de uma exceção: em
geral, Jesus não centra a atenção dos outros em sua Pessoa, ainda que dê mostras
do seu Ser divino, por conceder o perdão dos pecados, pelas palavras de
sabedoria, por conhecer os pensamentos das pessoas, mostrar que conhece o
passado e o futuro, além de realizar todo tipo de milagres. Nesta cena há o
simbolismo da montanha, como o lugar da subida, onde se respira o ar puro da
criação, permite contemplar a imensidão da natureza e a sua beleza. Aparecem
Moisés e Elias, que representam a Lei e os Profetas, e falam com Jesus, falam
de Jesus. Estão envoltos em glória e falam da morte dele, que se haveria de
cumprir em Jerusalém. Jesus leva apenas três dos Apóstolos à montanha. Por que
somente estes três? Porque eles serão testemunhas da agonia de Jesus no horto
das Oliveiras. Depois também assistirão a outras humilhações: os maus tratos em
casa do sumo sacerdote e o julgamento iníquo e falso em que forjarão sua
condenação sumária. Deus permite que eles saboreiem a visão da sua Glória para
que se mantenham firmes e não desanimem ao tomar contato com a miséria humana e
aos sofrimentos horríveis que o resgate dos nossos pecados exige. No entanto,
tal como aconteceu com estes três Apóstolos, a divindade de Cristo continuou
sendo um mistério. Não basta um sinal se faltar a fé. Estes Apóstolos
duvidaram, vacilaram. Pedro chegou a negar que conhecia Jesus, quando foi
preso. Como sentimos falta de uma comprovação da nossa fé, entendemos a reação
dos três no Monte Tabor: Senhor, é bom estarmos aqui: façamos três tendas... Se
tanta felicidade vislumbraram os Apóstolos vendo a humanidade de Cristo transfigurada
e dois membros da sociedade dos santos, quando maior será a felicidade da visão
beatífica, em que poderemos ver Deus face a face, tal como Ele é, em seu trono
de Glória, rodeado do coro dos Anjos e dos Santos do céu! A reação de Pedro é
compreensível: queremos perpetuar os momentos de alegria, de felicidade, de
satisfação. Sempre que nos sentimos bem numa festa, numa reunião de amigos ou
parentes, numa viagem, etc., a nossa reação é também esta: “vamos ficar um
pouco mais...”. Seria bom se a nossa proximidade com Deus, a nossa amizade com
Jesus fosse tão viva, tão pessoal que pudéssemos dizer o mesmo. Podemos agora
dirigir-nos a Jesus e dizer: “Jesus, que bom você estar aqui... Que bom tê-lo
como Amigo! Você é o Amigo em quem eu posso confiar totalmente, porque você
nunca vai me decepcionar”. Nós estamos com Jesus especialmente na oração e na
Eucaristia. Vamos cuidar da nossa vida diária de oração. Abrir um espaço para
conversar com Jesus, cultivar a amizade com Ele, preparar muito bem cada
Comunhão.
Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São Paulo
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