REFLEXÃO DOMINICAL I
"O SENTIDO VERDADEIRO DA
PÁSCOA"
A palavra Páscoa tem sua origem no hebraico
“Pascha” que significa passagem, e no Judaísmo está contextualizada no fato
histórico ocorrido em 1250 A.C que foi a libertação do povo hebreu da
escravidão do Egito. A narrativa encontra-se no livro do Êxodo, que pertence ao
Pentatêutico, conjunto dos cinco primeiros livros da Sagrada Escritura, cuja
autoria é atribuída a Moisés. O ritual da páscoa judaica segue as determinações
dadas pelo próprio Deus ao Sacerdote Aarão conforme Êxodo 12, 1-8.11-14 e o
fato histórico, com esse caráter religioso, tornou-se para o Povo um memorial
da noite em que Deus os libertou da escravidão do Egito, através de Moisés,
derrotando o império do Faraó.Anteriormente a páscoa era uma Festa dos
Pastores, que comemoravam a passagem do inverno para a primavera quando por ocasião
do degelo, e surgindo a primeira vegetação à luz do sol, os animais deixavam
suas tocas, sendo essa a origem do Coelhinho da Páscoa e do ovo, que ao ter a
sua casca quebrada deixa romper a vida que há dentro dele.
A libertação do Povo da escravidão do Egito é
o acontecimento mais importante na tradição religiosa de Israel que o tornou um
memorial celebrado no ritual judaico, preceito estabelecido pelo próprio Deus,
muito rico em sua simbologia.Trata-se de uma refeição feita em pé, com os rins
cingidos, sandálias nos pés e o cajado na mão, como quem está de partida
“comereis as pressas, pois é Páscoa do Senhor”. O sangue do Cordeiro imolado
irá marcar o batente das portas dos que iriam ser salvos do anjo exterminador,
e as ervas amargas lembram a escravidão e o sofrimento que o povo passou.
Jesus de Nazaré, filho de Maria e de José,
tendo passado pelo rito iniciático do Judaísmo, freqüentava o templo e a
sinagoga, como qualquer judeu fervoroso. Não era sua intenção fundar uma nova
religião, mas sim resgatar a essência na relação dos homens para com Deus, que
o judaísmo havia perdido por causa do rigorismo do seu preceito e dos seus
ritos purificatórios. O fenômeno do messianismo era muito comum naquele tempo,
como hoje quando surgem a cada dia novos pregadores em cada esquina, mas
somente Jesus é o verdadeiro e único messias, aquele que fora anunciado pelos
profetas, o Ungido de Deus, descendente da estirpe de Davi, o grande Rei porém,
na medida em que Jesus vai manifestando quem ele é, e o seu modo de viver,
convivendo com os pecadores impuros, curando em dia de Sábado e fazendo um
ensinamento novo que estabelecia novas relações com Deus e com o próximo.
Tudo isso foi gerando um descontentamento nas
lideranças religiosas que de repente começaram a vê-lo como uma séria ameaça a
estrutura religiosa existente, e a expulsão dos vendedores e cambistas do
templo foi a gota dágua que faltava para à sua condenação, sendo dois os
motivos que o levaram à morte: o primeiro de caráter religioso, pois ele se
dizia Filho de Deus e isso constituía-se uma blasfêmia diante do judaísmo, o
segundo de caráter político, Jesus veio para ser Rei dos Judeus, representando
uma ameaça ao augusto Cezar Soberano do império Romano.
O Povo esperava um Messias Libertador
político para restaurar a realeza em Israel, que se encontrava sob a dominação
dos romanos. É essa a moldura histórica dos fatos que marcaram a vida de Jesus,
nos seus três anos de vida pública, desde que deixara a casa de seus pais em
Nazaré e dera início as suas pregações tendo formado o Grupo dos
discípulos.Logo após sua morte e ressurreição, nas primeiras comunidades
apostólicas (dirigidas pelos apóstolos) se perguntava por que Jesus havia
morrido? Nas reuniões que ocorriam aos domingos, porque Jesus havia
ressuscitado na madrugada de um Domingo, os apóstolos faziam a Fração do Pão,
recordando tudo o que Jesus fez e ensinou, concentrando suas pregações na morte
e ressurreição. E assim começou-se a se fazer as primeiras anotações sobre
Jesus e mais tarde, entre os anos 60 e 70, surgiram os evangelhos que
revelavam, não só porque Jesus havia morrido, mas também como e onde havia
nascido e de como vivera a sua vida fazendo o bem, anunciando um reino novo
sempre na fidelidade e obediência ao Pai e no amor aos seus irmãos.
A Ressurreição de Jesus é um fato apenas
compreensível e aceitável à luz da Fé, que é um dom de Deus concedido aos
homens, pois o momento da ressurreição não foi presenciado por ninguém e o que
as mulheres viram, segundo o relato dos evangelhos sinópticos, foram os
“sinais” da ressurreição: túmulo vazio, os panos dobrados e colocados de lado,
e ainda um personagem que dialoga com Madalena, confundido por ela com um
jardineiro, que anuncia que Jesus de Nazaré não estava mais entre os mortos
porque havia ressuscitado.As mulheres tornaram-se desta forma as primeiras
anunciadoras da ressurreição aos apóstolos. Outra evidência foram as aparições
de Jesus Ressuscitado aos seus discípulos, reunidos em comunidade conforme
relato do livro do Ato dos Apóstolos. Não se tratam de aparições
sensacionalistas para causar impacto e evidenciar a vitória de Jesus sobre os
que conspiraram a sua morte, mas sim de um Deus vivo e solidário com os que
nele crêem, para encorajar a comunidade dos apóstolos, que tiveram a princípio muita
dificuldade para vencer o medo e descrença, que abateu-se sobre eles com a
morte de Jesus.
A Ressurreição de Cristo está no centro da Fé
cristã, que é, segundo o pensamento Paulino, a garantia de nossa ressurreição,
que não pode e nem deve ser compreendida como uma simples volta a esta vida
porque se trata de uma realidade sobrenatural entendida e aceita pela Fé, e não
de um fato científico. O Cristo Ressurrecto apresenta um corpo glorioso! É este
o destino feliz dos que crêem e vivem essa esperança que brota da Fé, pois a
Vida venceu a morte!
Celebrar a Páscoa é celebrar esta Vida Nova
de toda a humanidade, que irrompeu da escuridão do túmulo com o homem Jesus de
Nazaré. É a passagem do pecado para a graça de Deus, das trevas para a luz, da
Morte para a Vida , porque o espírito Paráclito que Cristo deu à sua igreja no
dia de Pentecostes, tudo renova e permite que, caminhando na Fé, já
desfrutemos, ainda que de maneira imperfeita, dessa comunhão íntima com Deus,
no Cristo glorioso que nos acompanha nessa jornada terrestre, e que nos
acolherá um dia na plenitude da Vida Eterna.
Uma feliz Páscoa a todos!
José
da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0334.htm#msg02
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