REFLEXÃO DOMINICAL IV
DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA
[...] É importante que acolhamos intei-
ramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de
Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de "Domingo
da Divina Mi- sericórdia". Nas diversas leituras, a liturgia parece traçar
o caminho da misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com
Deus, suscita também entre os homens novas relações de soli- dariedade
fraterna. Cristo ensinou- -nos que "o homem não só recebe e experimenta a
misericórdia de Deus, mas é também chamado a "ter misericórdia" para
com os demais. "Bem-aventurados os mi- sericordiosos, porque alcançarão
misericórdia" (Mt 5, 7)". Depois, Ele indicou-nos as múltiplas vias
da misericórdia, que não só perdoa os pecados, mas vai também ao en- contro de
todas as necessidades dos homens. Jesus inclinou-se so- bre toda a miséria
humana, mate- rial e espiritual. A sua mensagem de misericórdia continua a
alcançar-nos através do gesto das suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre.
Foi as- sim que O viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmã
Faustina que, escondida no convento de Lagiewniki em Cracó- via, fez da sua
existência um cân- tico à misericórdia: Misericordias Domini in aeternum
cantabo. [...] Amor a Deus e amor aos irmãos são de fato inseparáveis, como nos
recordou a primeira Carta de João: "Nisto conhecemos que amamos os filhos
de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos" (5, 2). O
Apóstolo recorda-nos nisto a verdade do amor, indicando-nos na observância dos
mandamentos a medida e o critério. Com efeito, não é fácil amar com um amor
profundo, feito de autêntico dom de si. Aprende-se este amor na escola de Deus,
no calor da sua caridade. Ao fixarmos o olhar n'Ele, ao sintonizarmo-nos com o
seu coração de Pai, tornamo-nos capazes de olhar os irmãos com olhos novos, em
atitude de gratuidade e partilha, de generosidade e perdão. Tudo isto é
misericórdia! Na medida em que a humanidade souber aprender o segredo deste
olhar misericordioso, manifesta-se como perspectiva realizável o quadro ideal,
proposto na primeira leitura: "A multidão dos que haviam abraçado a fé
tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia
mas, entre eles, tudo era comum" (At 4, 32). Aqui a misericórdia do
coração tornou-se também estilo de relações, projeto de comunidade, partilha de
bens. Aqui floresceram as "obras da misericórdia", espirituais e
corporais. Aqui a misericórdia tornou-se um concreto fazer-se
"próximo" dos irmãos mais indigentes. [...]
Papa São João Paulo II, Homilia “Domingo da
Misericórdia”, 2000
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47-a-29-2-domingo-de-pascoa.pdf
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