REFLEXÃO DOMINICAL II
“Rumo ao céu!”
Os discípulos obedeceram a Cristo e foram para a
montanha que ele tinha designado. Adoraram-no e foram enviados a anunciar o
Evangelho. No dia da Ascensão do Senhor, o cristão percebe que no seu coração
há um duplo movimento: o primeiro, olhar para o céu; o segundo, olhar para a
terra.
Nós olhamos para o céu porque pensamos na glória de
Cristo, contemplando-a na fé. Vemos no Cristo glorioso que sobe à direita do
Pai toda a humanidade, a nossa humanidade. A natureza humana nunca tinha sido
presenteada com tão grande dádiva, nem mesmo quando, depois de criada, tinha
sido sobrenaturalmente elevada. Adão antes do pecado, por mais glorioso e cheio
de dons preternaturais que fosse, perderia todo protagonismo diante da glória
que irradia a humanidade santíssima de Jesus Cristo. Não obstante, o primeiro
Adão era uma imagem gloriosa do que Deus queria para o homem. Já conhecemos a
história posterior à criação: o homem desprezou a Deus, pecou, foi expulso do
paraíso, perdeu a graça e divagou pelo mundo. Deus, no entanto, não deixou de
cuidar do ser humano. Mais ainda, foi generosíssimo: decidiu embelezar
novamente o homem e a mulher, mais do que antes. O segundo Adão seria mais
agraciado que o primeiro. E assim foi!
Jesus é verdadeiro homem (novo Adão) e verdadeiro
Deus. Como Deus, nasceu eternamente do Pai, sempre foi glorioso e essa glória
não podia aumentar. Como homem, a sua humanidade foi progressivamente
manifestando a glória que havia recebido do Pai. A ascensão é também o
esplendor da glória, a expansão da graça e a beleza do céu manifestado no ser
humano.
Diante de Cristo, que sobe aos céus, os discípulos
caem por terra e adoraram a glória de Deus manifestada na carne do homem Jesus.
A sadia curiosidade nos leva a observar cada um dos detalhes dessa humanidade
gloriosa; vemo-nos fortemente atraídos a essa realidade e pregustamos o que
seremos por toda a eternidade: filhos no Filho. Já o somos, mas essa realidade
ainda deve manifestar-se em toda a sua plenitude (cfr. 1 Jo 3,2). Quando nos
aventurarmos a observar os detalhes da glória, cairemos por terra: ainda não
podemos! A nossa visão humana tem que receber uma ajuda divina para que isso
seja possível. No momento basta com adorar a Deus? Não! É preciso manifestar
aos outros as maravilhas da graça e da glória.
Esse é o segundo movimento do nosso coração:
pensamos nos nossos irmãos, em todos os seres humanos. Depois de contemplar por
um momento o projeto de Deus para o homem já realizado na humanidade de Jesus e
que se realizará em cada um de nós, temos que perguntar aos nossos semelhantes:
o que vocês estão fazendo? Não percebem, por acaso, ó tardos de inteligência e
endurecidos de coração, que há coisas melhores? Será que não se dão conta que
isso que vocês julgam bom e agradável aos sentidos não satisfaz plenamente o
coração humano? Será que estão cegos: não percebem que os dons da inteligência,
os prazeres da carne, o poder das riquezas, são apenas uma manifestação de que
o coração de vocês tende à felicidade? Deus é essa felicidade!
Não nos escutarão. Talvez não nos ouçam.
Frequentemente nos desprezam! Pensam que somos nós os infelizes, os tristes e
os apoquentados porque – dizem eles –não desfrutamos da vida, não aproveitamos
os prazeres, não aproveitamos a nossa liberdade. Se o cristão não vigiar e não
estiver cada dia mais unido a Deus poderia até acreditar na “felicidade-fantasma”
dessas pessoas. Para alguns a vida se resume em poucas palavras: Drogas! Sexo!
Dinheiro! Tá bom, drogas não; mas as outras duas coisas talvez…
Os homens e as mulheres de bem, aquelas pessoas que
sabem o que vale a pessoa humana de verdade, precisam estar atentas. Não podem
ser bobas! Não podem ter a falsa humildade de não atuar com inteligência e
perspicácia neste nosso mundo. O cristão não pode viver cabisbaixo, triste,
melancólico, como se o mundo e as pessoas não tivessem jeito! Não! Não podemos ser
moles, atontados, frouxos e sem essa “malícia boa” que manifesta que nós somos
pessoas prudentes, oportunas, com capacidade de planejar e de mostrar, de
maneira atrativa, o Evangelho de Jesus aos demais. Parecem que eles só conhecem
o seu mundo, as suas coisas, os seus prazeres, o seu planeta. É hora de
mostrar-lhes algo mais bonito! Acho que é importante pedir a Deus o “dom de
línguas” segundo a interpretação de São Josemaría Escrivá: falar de tal maneira
que todos nos entendam, que a nossa vida seja transmissão da mensagem de Cristo
aos outros, buscar expressar-se de tal maneira que cultivados e menos
cultivados compreendam o que queremos dizer quando falamos de Deus.
Você e eu, queremos ir com Jesus… aos céus! Mas
não, devemos ficar aqui, talvez muitos anos… trabalhar muito. Eles precisam de
nós!
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0337.htm#msg02
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