sexta-feira, 30 de junho de 2023

A Igreja e os carismas segundo São Paulo

 

 

A Igreja e os carismas segundo São Paulo

Por Pe. José Comblin

 

Introdução

As cartas de Paulo revelam o que era a Igreja nas comunidades fundadas por ele mais ou menos vinte anos depois da morte de Jesus. A comunidade cristã estava começando e tinha todos os privilégios da infância.

Devemos considerar as epístolas que são realmente de Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, 1 Tessalonicenses, Filipenses, Filemon. As outras foram escritas depois de sua morte, em alguns casos entre trinta e quarenta anos depois, por discípulos dele. Mas esses discípulos mudaram a eclesiologia, com certeza porque as próprias comunidades tinham mudado. A principal mudança foi a presença de ministros permanentes encarregados de dirigir a comunidade, presbíteros e diáconos que não foram estabelecidos por Paulo. Da mesma maneira, os Atos dos Apóstolos apresentam um Paulo bem diferente daquele das cartas. É o Paulo ao qual se atribuem todas as mudanças ocorridas entre sua morte e a redação dos Atos. O autor dos Atos não conheceu Paulo nem as cartas dele. Aceita tradições populares e acrescenta discursos e episódios que representam sua teologia particular, e não a teologia paulina.

1. O povo de Deus

Devemos ter presente que o conceito básico da eclesiologia de Paulo é o conceito de povo de Deus. O conceito de povo não é sociológico. Consultei tratados de sociologia e pude ver que, na sociologia, não se trata do povo, porque povo não é categoria sociológica, não é algo que se possa observar. Povo é uma categoria teológica, porque é um ideal projetado como promessa feita a Abraão.

Para Paulo, os discípulos de Jesus são a continuação do povo de Israel. Os chefes do povo traíram as promessas feitas a Abraão e abandonaram o verdadeiro Israel. O verdadeiro e definitivo Israel está nas comunidades de discípulos de Jesus, judeus e gentios. Pois as promessas de Abraão não se dirigiam a pequena porção da humanidade, separada do resto. A descendência de Abraão devia envolver o mundo todo e ser inumerável. Os judeus levantaram barreiras e impediram a entrada de todas as comunidades étnicas deles separadas. Tudo isso está nos capítulos 9 a 11 de Romanos, exposição fundamental da eclesiologia paulina.

Paulo não pretende converter indivíduos; quer, sim, estender o povo de Deus até a extremidade do mundo, porque esse é o plano de Deus revelado a Abraão. Jesus veio para realizar esse plano. Por isso foi morto. Mas depois dele os discípulos romperam as barreiras e foram ao mundo inteiro, formando o povo de Deus com judeus e não judeus. Jesus não veio para salvar almas, mas para refundar a descendência de Abraão, rompendo as barreiras e assumindo ele próprio a direção desse povo.

Um povo envolve a totalidade da vida humana. Jesus não veio para ensinar uma religião ou uma sabedoria, mas para mudar a vida toda. Tudo faz parte do povo: economia, política, cultura, vida corporal, desde a comida até o uso dos recursos naturais. Tudo isso forma o povo. Os discípulos têm por missão inaugurar esse povo que será o povo de Deus, integrando todos os outros povos na unidade do projeto de Abraão. Há lugar para todos, porque já não há barreiras. Jesus suprimiu todas as barreiras que procediam de uma cultura, de uma porção da humanidade, de um modo de viver, de alguns chefes dos judeus fechados em si mesmos e separados dos outros povos. Os chefes de Israel tornavam quase impossível a entrada dos pagãos, porque levantavam obstáculos quase intransponíveis. Agora o povo está aberto e Paulo pensa que, em pouco tempo, vai envolver a humanidade inteira.

As comunidades paulinas e as fundadas por outros apóstolos constituem o início desse povo agora livre e aberto. Numericamente são insignificantes, mas a fé professada por Paulo consiste nisto: ver nelas o começo de nova humanidade reunida numa única convivência em que toda a diversidade se une no amor e na solidariedade.

2. A ekklesía (igreja)

No início, os discípulos de Jesus não acharam necessário dar um nome à sua reunião. Eram judeus, membros do povo eleito de Israel. Dentro de Israel, eles eram os seguidores do caminho de Jesus. Esperavam o reino de Deus por ele anunciado. O reino não veio. Pareceu mais distante do que o previsto. O conceito de reino de Deus foi transferido para o dia em que se realizaria realmente o fim deste mundo e o advento do novo, esperado como grande milagre de Deus. Aparecia um tempo intermediário. Os discípulos não podiam simplesmente esperar esse dia bastante distante. Viviam na terra, a vida terrestre continuava. Foi preciso dar-se um nome, sobretudo quando entraram pagãos convertidos e os discípulos se distanciaram da ortodoxia judaica.

Paulo deu às suas comunidades um nome que era comum a todas e expressava a unidade entre elas. Adotou o nome de ekklesía. Foi escolha genial, porque essa palavra era muito significativa.

A palavra ekklesía tinha um só significado. Era a assembleia do povo reunido, do demos, para governar a cidade. Tomando essa palavra, Paulo sabia muito bem o que fazia. Não escolheu nenhum nome religioso. Naquele tempo, havia associações religiosas de diversos tipos nas cidades gregas. Mas Paulo sabia que não vinha estabelecer na cidade uma religião, um culto. A religião, o culto, não interessavam. Para ele, o culto dos discípulos de Jesus era a própria vida. Paulo vinha para chamar todos para formar um povo. As comunidades de uma cidade representavam um povo, o povo de Deus nessa cidade. Eram o verdadeiro povo, formando o verdadeiro demos, embora fossem ainda uma minoria insignificante. Mas Paulo olhava para longe com uma fé invencível. Ali estava o povo, nessa assembleia dos discípulos que era a assembleia do povo.

As comunidades eram um povo que formava a ekklesía; isto é, governavam-se a si mesmas sem chefes, sem pessoas mandantes. Eram a verdadeira realização do ideal grego de cidade. Os discípulos formavam entre si autêntica “democracia”, realizando o ideal nunca alcançado pelo gregos, que admitiam a escravidão e a divisão de classes.

A verdadeira tradução de ekklesía devia ser “democracia”. Em cada cidade, os discípulos de Jesus formavam uma “democracia”. No entanto, o vocábulo latino ecclesia simplesmente incorporou a palavra grega e, em português, transformou-se em “igreja”. A palavra “igreja” não tem o mesmo significado que sua raiz grega. Tornou-se nome de uma instituição.

Quem está na Igreja católica pode perceber até que ponto nos afastamos das origens cristãs. Hoje quem considera que a Igreja é e deve ser uma democracia será condenado como herege. Estamos exatamente no extremo oposto das comunidades cristãs primitivas.

Na “democracia” cristã todos eram iguais, todos podiam falar, todos podiam intervir nas decisões tomadas pela assembleia. Era realmente o advento da liberdade, o núcleo de novo povo, de nova humanidade. As comunidades não se reuniam para fazer um culto, para praticar uma religião, mas para a convivência mútua na fraternidade de um povo de iguais. Viver juntos era a razão dessas reuniões. Havia naturalmente uma refeição em comum, porque viver juntos é comer juntos.

O que mais se aproximou da ekklesía das origens são as chamadas comunidades eclesiais de base, uma realização da qual já não se tinha notícia desde a Idade Média, embora fosse realizada em certas igrejas reformadas, sobretudo nos Estados Unidos.

 

3. Os dons do Espírito nas comunidades

A Igreja, essa “democracia”, forma uma unidade, um só corpo, porque é o corpo de Cristo. Cada um é órgão de Cristo. O próprio Cristo reúne todos os seus membros. Ele os une por meio dos diversos dons do Espírito. Cada um recebe um dom. O dom é uma capacidade para servir. Todos servem todos, todos estão a serviço de todos. Assim é a unidade. A unidade é feita pelo Espírito.

Paulo deixou três listas de dons ou serviços, que chamou de carismas. As listas não eram as mesmas. Não havia catálogo oficial. As comunidades não deviam ser a cópia de um modelo uniforme.

— 1Cor 12,8-10: “A um, o Espírito dá a mensagem de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro, ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro, o dom de as interpretar”.

— 1Cor 12,28-30: “Aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, doutores. Vêm, a seguir, os dons dos milagres, das curas, da assistência, do governo e de falar diversas línguas”.

— Rm 12,6-8: “Quem tem o dom de profecia, que o exerça segundo a proporção da nossa fé; quem tem o dom de serviço, o exerça servindo; quem o de ensino, ensinando, quem o da exortação, exortando. Aquele que distribui os seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria”. 

Não precisamos aqui investigar qual era o conteúdo concreto de cada um desses dons. O que nos importa é que todos os membros têm um papel na comunidade. Se alguém preside, não é para mandar, mas para reunir. Nas comunidades paulinas ninguém manda, ninguém impõe. Realiza-se o que disse dom Helder quando chegou ao Recife: aqui duas palavras são proibidas, mandar e exigir.

Naturalmente, essas comunidades eram pequenas e não precisavam de muita organização. Apareciam problemas, conflitos, rivalidades, mas eram questões que não se resolviam pela imposição de um chefe.

Paulo sempre reivindicou a sua qualidade de “apóstolo” por ter sido chamado pelo próprio Cristo, assim como os Doze (embora em circunstâncias diversas), e tem autoridade para anunciar o evangelho. Na sua missão itinerante, foi o fundador de muitas comunidades. Ele reivindica a condição de pai da comunidade, o que lhe confere uma autoridade única.

No entanto, é importante ver como Paulo exerce essa autoridade. Não manda, não impõe. Temos um testemunho muito significativo na segunda carta aos Coríntios. Como é bem sabido, 2Coríntios não é uma só carta, mas uma coleção de cartas integradas num conjunto. É fácil reconhecer as várias cartas. 2Coríntios contém cinco cartas, e todas se referem a um incidente ocorrido em Corinto.

Quando Paulo estava em Éfeso, estourou uma crise em Corinto. Alguém contestou a autoridade do apóstolo e liderou um grupo de opositores (2Cor 2,5-6). Paulo correu a Corinto. A visita dele foi breve e não teve nenhum resultado. Pelo contrário, o chefe da oposição insultou-o e desafiou-o abertamente. Paulo preferiu retirar-se e esperar melhores condições para iniciar uma estratégia diferente, tendo em vista uma reconciliação.

Desde Éfeso, Paulo escreveu uma carta, exortando os discípulos de Corinto a reconciliar-se com ele. Ela está em 2Cor 2,14-7,4. Era uma carta de apologia. Não era a primeira, porque em 2Cor 2,3.4.9 Paulo menciona uma carta escrita em lágrimas. Alguns pensaram que podia ser 2Cor 10-13, mas esta não parece ter sido escrita com emoções tão fortes. Se não é essa, a carta em lágrimas está perdida. Com certeza, essa carta foi o momento culminante da crise.

Então, Paulo enviou Tito a Corinto para ver se este conseguia resolver o problema, isto é, levar os coríntios a reconhecer a autoridade apostólica do fundador da comunidade. A missão foi um êxito total, e Tito viajou para anunciar a notícia a Paulo. Este já estava tão impaciente, que saiu de Éfeso para ir ao encontro de Tito. Eles se encontraram na Macedônia, provavelmente em Filipos. Paulo ficou tão alegre, que escreveu e mandou aos coríntios a carta de reconciliação, 2Cor 1,1-2,13; 7,5-16.

Uma vez feita a reconciliação, Paulo quis retomar o assunto da coleta para os pobres de Jerusalém, iniciativa dos coríntios que tinha sido abandonada quando estourou o conflito. Paulo mandou duas cartas para falar dessa coleta e insistir em sua realização. Quis exortar os Coríntios para estimulá-los. São os capítulos 8 e 9 da 2Coríntios.

Esse episódio é muito interessante. Paulo podia ter invocado a sua condição de apóstolo para se impor. Podia ter proferido uma sentença de condenação dos rebeldes ou até de expulsão da comunidade. Preferiu o caminho do diálogo com o fim de conseguir uma reconciliação.

Chama muito a atenção o fato de não haver nenhuma ordenação naquele contexto. Cada um recebia o seu carisma diretamente do Espírito. O carisma era aceito porque o discípulo mostrava a sua capacidade. Ninguém era designado para um ofício particular. A espontaneidade bastava para resolver os problemas da vida comunitária. Não faltavam os dons do Espírito. As comunidades eram pequenas. Não havia nenhuma organização formal.

Também chama a atenção o fato de não haver nenhum ministério ou carisma de tipo litúrgico ou cultual. Hoje em dia, as ordenações e os ministérios litúrgicos ou cultuais ocupam o primeiro lugar na Igreja católica, até a ponto de apagar os dons da comunidade. Em Corinto, ninguém era ordenado para batizar. Ninguém era ordenado ou designado para presidir a celebração da eucaristia, ligada às refeições comunitárias. Presidia a eucaristia, ou seja, distribuía o pão a pessoa que presidia a refeição. Era a pessoa que, nas refeições, fazia a oração de ação de graças.

Essa situação correspondia ao fato de não haver culto litúrgico nas comunidades cristãs. Todo o culto do Antigo Testamento desapareceu e foi substituído por um culto feito de realidade, e não de símbolos. Doravante o templo seria o próprio corpo dos discípulos. Neles habitava Deus (2Cor 3,9-17).

Já não havia sacrifícios cultuais. Os sacrifícios passavam a ser a vida corporal dos discípulos, as suas atividades inspiradas pelo Espírito (Rm 12,1; Fl 3,3). Sacerdotes eram todos os discípulos que ofereciam a sua vida de cada dia vivida no seu corpo.

Não havia nada litúrgico. A liturgia era a vida real. Mais tarde, a influência do Antigo Testamento e das religiões pagãs fez com que os cristãos se dessem também um culto litúrgico feito de símbolos. Então vieram a aparecer ministros ordenados para esse culto. Depois de Constantino, houve um desenvolvimento radical do culto litúrgico e dos seus ministros. A Igreja clericalizou-se e os carismas desapareceram, pelo menos da consciência dos cristãos e das estruturas oficiais da Igreja. No tempo de Paulo, ninguém imaginava sacerdotes ordenados para um culto. Os ministérios eram serviços reais para a comunidade ou para os pobres.

4. A Igreja pobre

O tema da pobreza é fundamental na eclesiologia de Paulo. Digamos logo que o tema da Igreja pobre de Paulo não tem nada que ver com o tema contemporâneo da opção preferencial pelos pobres. Quem faz opção pelos pobres só pode ser rico. A Igreja que faz essa opção é uma Igreja rica. Essa é, de fato, a condição da Igreja católica hoje em dia. Quando os bispos de Medellín fizeram opção pelos pobres, sabiam que eram ricos e representavam uma Igreja rica. Queriam responder ao desafio representado pela condição de bispo rico que se diz sucessor de apóstolos que eram pobres.

Paulo faz longa exposição do tema da pobreza em 1Cor 1,17-2,16 e 3,18-23. Esse tema está ligado ao tema da cruz. Paulo anuncia Jesus crucificado, e a sua eclesiologia deriva desse tema básico. A pobreza suprema é a cruz. A cruz é a situação da pior degradação humana, é a total impotência. Por isso ela é objeto de vergonha. Ser crucificado constitui a maior vergonha. É o desprezo, a rejeição, objeto de escárnio: a cruz reduz o ser humano a lixo.

Deus escolheu a cruz, o lixo, o escândalo, a vergonha para criar a nova humanidade. Essa cruz está presente nos pobres. Deus escolheu o que é o mais desprezado na humanidade. Por isso escolheu os pobres. Eles são os eleitos para iniciar a caminhada da libertação da humanidade. São escolhidos porque são rejeitados, maltratados, reduzidos à impotência. Deus escolhe o que é mais fraco para mostrar que a sua força age por meio do mais fraco. A comunidade de Corinto é um exemplo dessa manifestação do seu poder criador. Em Corinto, há poucos ricos e a comunidade é feita essencialmente de pobres (1Cor 1,26).

A Igreja segundo Paulo é essa Igreja dos pobres que era o sonho de João XXIII.

Há uma insistência especial na pobreza cultural. Deus rejeitou a sabedoria dos sábios e escolheu a loucura da cruz. Loucura quer dizer fraqueza intelectual, pobreza de cultura. Não precisamos da ajuda da filosofia grega. A verdadeira sabedoria é a sabedoria da cruz. É a sabedoria dos pobres.

Mas a pobreza é naturalmente também material. Temos uma exposição dessa pobreza na descrição que Paulo faz da sua vida. Pois ele mesmo, na sua missão, foi uma amostra da sabedoria da cruz:

Estive no meio de vocês cheio de fraqueza, receio e tremor; minha palavra e minha pregação não tinham brilho nem artifícios para seduzir os ouvintes, mas a demonstração residia no poder do Espírito para que vocês acreditassem, não por causa da sabedoria dos homens, mas por causa do poder de Deus (1Cor 2,3-5).

Nós somos loucos por causa de Cristo; e vocês, como são prudentes em Cristo! Nós somos fracos, vocês são fortes! Vocês são bem considerados, nós somos desprezados! Até agora passamos fome, sede, frio e maus-tratos, não temos lugar certo para morar; e nos esgotamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos amaldiçoados, e abençoamos; perseguidos, e suportamos; caluniados, e consolamos. Até hoje somos considerados como o lixo do mundo, o esterco do universo (1Cor 4,10-13; 2Cor 11,16-12,10).

 

Quando consideramos os dois mil anos da história da Igreja, ficamos assustados em razão da enorme distância que nos separa das origens. Apesar de tudo, sempre houve um resto, pequena minoria fiel às origens e comunidades pobres que ouviram a mensagem de loucura da cruz. Ao lado deles, tanta riqueza e tanto poder ocultando o evangelho!

Na conquista da América, houve alguns missionários que reproduziram o modelo de Paulo: os dominicanos da ilha Hispaniola, os franciscanos do México central, os jesuítas das missões guaranis. Ao lado disso, todo o poder e a riqueza de uma Igreja ligada aos conquistadores. Até hoje, quantas tentações de poder!

Fala-se de grande missão na América Latina. Mas esta Igreja que somos agora o que pode anunciar às massas pobres da América Latina? Que autoridade tem essa Igreja que busca tanto o poder? A grande missão só poderia ser grande conversão da Igreja. Tal conversão seria obra dos pobres da América Latina. A Igreja não tem nada para ensinar e tudo para aprender. A verdadeira Igreja está no meio dos pobres como Igreja crucificada, sem sabedoria humana, sem prestígio, sem edifícios, sem teologia, sem diplomas universitários, realmente o esterco do mundo, ignorada e desprezada. Ali está a cruz de Cristo que nós não sabemos ensinar.

Essa é a grande lição que nos vem de Paulo. É uma loucura, mas podemos tratar de ser loucos!

Pe. José Comblin

 

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