REFLEXÃO
DOMINICAL I
Homilia de
Dom Henrique Soares da Costa – Solenidade de São Pedro e São Paulo
At
12,1-11
Sl 33
2Tm 4,6-8.17-18
Mt 16,13-19
“Eis
os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu
sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. – Estas palavras que o missal propõe
como antífona de entrada desta solenidade, resumem admiravelmente o significado
de São Pedro e são Paulo. A Igreja chama a ambos de “corifeus”, isto é líderes,
chefes, colunas. E eles o são.
Primeiramente, porque são apóstolos. Isto é, são testemunhas do Cristo morto e
ressuscitado. Sua pregação plantou a Igreja, que vive do testemunho que eles
deram. Pedro, discípulo da primeira hora, seguiu Jesus nos dias de sua
pregação, recebeu do Senhor o nome de Pedra e foi colocado à frente do colégio
dos Doze e de todos os discípulos de Cristo. Generoso e ao mesmo tempo frágil,
chegou a negar o Mestre e, após a ressurreição, teve confirmada a missão de
apascentar o rebanho de Cristo. Pregou o Evangelho e deu seu último testemunho
em Roma, onde foi crucificado sob o Imperador Nero. Paulo não conhecera Jesus
segundo a carne. Foi perseguidor ferrenho dos cristãos, até ser alcançado pelo
Senhor ressuscitado na estrada de Damasco. Jesus o fez se apóstolo. Pregou o
Evangelho incansavelmente pelas principais cidades do Império Romano e fundou
inúmeras igrejas. Combateu ardentemente pela fidelidade à novidade cristã,
separando a Igreja da Sinagoga. Por fim, foi preso e decapitado em Roma, sob o
Imperador Nero.
O que
nos encanta nestes gigantes da fé não é somente o fruto de sua obra, tão
fecunda. Encanta-nos igualmente a fidelidade à missão. As palavras de Paulo
servem também para Pedro: “Combati
o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Ambos foram
perseverantes e generosos na missão que o Senhor lhes confiara: entre provações
e lágrimas, eles fielmente plantaram a Igreja de Cristo, como pastores
solícitos pelo rebanho, buscando não o próprio interesse, mas o de Jesus
Cristo. Não largaram o arado, não olharam para trás, não desanimaram no
caminho… Ambos experimentaram também, dia após dia, a presença e o socorro do
Senhor. Paulo, como Pedro, pôde dizer: “Agora
sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar…”
Ambos
viveram profundamente o que pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida,
tudo dando por Cristo. Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”;
Paulo exclamou com verdade: “Para
mim, viver é Cristo. Minha vida presente na carne, eu a vivo na fé do Filho de
Deus, que me amou e se entregou por mim”. Dois homens, um amor
apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um só ideal: anunciar Jesus Cristo! Em
Jesus eles apostaram tudo; por Jesus, gastaram a própria vida; da loucura da
cruz e da esperança da ressurreição de Jesus, eles fizeram seu tesouro e seu
critério de vida.
Finalmente,
ambos derramaram o Sangue pelo Senhor: “Beberam
do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. Eis a maior de
todas a honras e de todas as glórias de Pedro e de Paulo: beberam o cálice do
Senhor, participando dos seus sofrimentos, unido a ele suas vidas até o
martírio em Roma, para serem herdeiros de sua glória. Eis por que eles são
modelo para todos os cristãos; eis por que celebramos hoje, com alegria e
solenidade o seu glorioso martírio junto ao altar de Deus! Que eles intercedam
por nós na glória de Cristo, para que sejamos fiéis como eles foram.
Hoje
também, nossos olhos e corações voltam-se para a Igreja de Roma, aquela que foi
regada com o sangue dos bem-aventurados Pedro e Paulo, aquela, que guarda seus
túmulos, aquela, que é e será sempre a Igreja de Pedro. Alguns loucos, dizem,
deturpando totalmente a Escritura, que ela é a Grande Prostituta, a Babilônia.
Nós sabemos que ela é a Esposa do Cordeiro, imagem da Jerusalém celeste.
Conhecemos e veneramos o ministério que o Senhor Jesus confiou a Pedro e seus
sucessores em benefício de toda a Igreja: ser o pastor de todo o rebanho de
Cristo e a primeira testemunha da verdadeira fé naquele que é o “Cristo, Filho do Deus vivo”.
Sabemos com certeza de fé que a missão de Pedro perdura nos seus sucessores em
Roma. Hoje, a missão de Pedro é exercida por Bento XVI. Ao Santo Padre, nossa
adesão filial, por fidelidade a Jesus, que o constituiu pastor do rebanho. Não
esqueçamos: o Papa será sempre, para nós, o referencial seguro da comunhão na
verdadeira fé apostólica e na unidade da Igreja de Cristo. Quando surgem, como
ervas daninhas, tantas e tantas seitas cristãs e pseudo-cristãs, nossa comunhão
com Pedro é garantia de permanência seguríssima na verdadeira fé. Quando o
mundo já não mais se constrói nem se regula pelos critérios do Evangelho, a
palavra segura de Pedro é, para nós, uma referência segura daquilo que é ou não
é conforme o Evangelho.
Rezemos,
hoje, pelo nosso Santo Padre, Bento. Que Deus lhe conceda saúde de alma e de
corpo, firmeza na fé, constância na caridade e uma esperança invencível. E a
nós, o Senhor, por misericórdia, conceda permanecer fiéis até a morte na
profissão da fé católica, a fé de Pedro e de Paulo, pala qual, em nome de Jesus, “Cristo Filho do Deus vivo”,
os Santos Apóstolos derramaram o próprio sangue.
Ao
Senhor, que é admirável nos seus santos e nos dá a força para o martírio, a
glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Dom
Henrique Soares da Costa
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