REFLEXÃO
DOMINICAL III
“O amor da Santíssima Trindade pelo mundo”
O que você diria se alguém afirmasse que a Capela
Sixtina no Vaticano, pintada pelo grande Miguel Angelo, é uma obra indecente
porque tem muita gente nua? Além do susto que levaríamos talvez a primeira
observação que faríamos seria essa: “- indecente?! Você está louco?” No
entanto, é preciso comprender. Há por aí uma espécie de puritanismo que
desconsidera que esse mundo é obra da Santíssima Trindade – do Pai e do Filho e
do Espírito Santo – e que, portanto, é bom. Como pode ser mal algo que saiu das
mãos de Deus que é a bondade absoluta? Tudo o que é fruto da ação de Deus só
pode ser bom. Não há alternativa!
Caso não seja suficiente a afirmação
veterotestamentária sobre a bondade da criação (cfr. Gn 1, 10.12.18.21),
prestemos atenção nessas palavras do Evangelho: “De tal modo Deus amou o mundo,
que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas
tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
As conclusões implícitas nessas palavras são, entre
outras, que o corpo humano é bom, que o sexo é bom, que todas as criaturas são
boas. Ou seja, a cerveja e a pinga não são más. O cigarro não é do diabo. A
televisão não é o olho de Satanás. As calças femininas não são o pecado
encarnado. As pessoas enquanto tais não são más. No entanto, o mal se instalou
no coração do ser humano por causa da malicia do pecado. Foi apartir desse
momento quando, por exemplo, o sexo, que em si é bom, começou a ser utilizado
fora das relações matrimoniais e fora das regras ínsitas na natureza humana.
Particularmente, tudo o que se refere à questão sexual foi tomado muito em
sério pelo inimigo da nossa salvação. É simples: o sexo deve ser expressão do
amor entre um homem e uma mulher unidos em santo matrimônio. Há um interesse
enorme para desviturar as relações sexuais, para colocar o corpo humano ao
serviço do egoísmo e da depravação. Que absurdo quando se tolera o adultério
como algo normal, a fornicação como algo normal ou as relações homosexuais como
algo também normal! Não é sinal de modernidade afirmar a baixeza, é
simplesmente sinal de pouca vergonha e perversão. A Igreja tem toda a
comprensão para com o pecador, mas nenhuma tolerancia com o pecado. Jesus salva
o pecador destruindo o pecado.
A criação da Trindade Santíssima não é algo
pecaminoso. O que nos conduz ao mal é o coração depravado, não purificado,
cheio daquilo que a Escritura chama “homem velho” (cfr. Ef 4,22).
Alguns autores chegaram até mesmo a pensaar que o
versículo “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” do livro do Gênese
(1,26) significa uma presença oculta da Trindade no Antigo Testamento. Sem
dúvida, a Trindade é eterna e estava presente na antiga aliança; no entanto, a
revelação do mistério de que em Deus há Pai e Filho e Espírito Santo só
acontece no Novo Testamento. Cristo nos revelou essa grande verdade principalmente
ao dizer que Deus é o seu Pai e que, portanto, ele é o Filho de Deus.
O Pai e o Filho e o Espírito Santo sempre estiveram
presente ao mundo. Por amor ao mundo, o Pai enviou o Filho para salvar-nos e é
o Espírito Santo quem continua aplicando os méritos de Cristo aos homens para
integrá-los ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.
A Trindade ama o mundo e o cristão não pode não
amá-lo. Não se pode ter uma visão pessimista das coisas que Deus criou. É
preciso limpar os olhos e pedir ao Senhor que nos conceda a luz necessária para
contemplar o mundo abençoado por Deus sobre o qual ainda paira o Espírito
Criador. Falei que é preciso limpar os olhos, é isso mesmo! Frequentemente,
vemos as coisas negativamente, de maneira pessimista, colocando a culpa em
tantas coisas e em tantas pessoas porque o nosso olhar não é puro. O problema
não está nas coisas, mas em nós, no nosso coração. Dá muito trabalho purificar
o coração. É obra de Deus, mas cada um de nós pode colaborar com ele.
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0338.htm
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