REFLEXÃO
DOMINICAL II
"JOIO, TRIGO E A
PACIENCIA..."
Não
há no calendário da igreja, pelo menos não tenho conhecimento, de uma santa com
o nome de Paciência, apesar disso, ela é muito invocada pelas pessoas, quando
alguém faz algo de errado, “Tenha Santa Paciência!” eu cresci ouvindo essa
expressão que acho bem interessante e oportuna para a reflexão deste evangelho
pois o homem paciente é aquele que sabe esperar, empenhando-se em construir
algo novo, acreditando que o seu trabalho dará resultado, ainda que os frutos
só sejam colhidos pelas gerações futuras.
O
Reino de Deus não cai do céu já pronto, e nem acontece no imediatismo, mas como
em um gigantesco quebra-cabeça, cada peça vai sendo colocada, até que no final
iremos todos ver uma belíssima obra, e, das comparações que Jesus fez sobre o
reino, a mais fiel é a parábola da semente, algo que precisa ser plantado,
cuidado, cultivado, para poder germinar, e depois de germinado tem de ser muito
bem conservado e mantido, ou seja, a edificação do reino é algo permanente em
nossa vida, que um dia, na visão beatífica iremos contemplar e poder admirar toda
sua beleza, e ainda mais, sentir uma imensa alegria ao perceber que ajudamos a
construí-lo.
Mas
quem é que planta uma semente hoje e espera que amanhã ela já brote e se
transforme em uma planta? É preciso não ter pressa, nem para ver a semente
germinar, nem para colher os frutos, que se arrancados da árvore fora de tempo,
não estarão maduros e nenhum prazer trará a quem o comer. Eis o grande mal que
afeta a relação entre as pessoas, nos dias de hoje: a falta de paciência!
Talvez como conseqüência da relação homem versus máquina, dos avanços da
tecnologia e da informática, que nos permite no toque de uma tecla, ver ou ter
de imediato, aquilo que se quer, não se faz mais nenhum esforço para abrir um
portão, que é eletrônico, acender um fogão, ligar a TV ou mudar de canal, sem
levantar-se do sofá, e até controle eletrônico para o som do carro, o que eu
acho um absurdo.
E
assim, acabamos transportando para a relação com as pessoas, esse imediatismo,
quando queremos resultados, ou mudanças de comportamento, as grandes empresas
investem largamente em cursos de treinamento, porque querem resultado imediato
na linha de produção.
Mas
as pessoas não são máquinas, programadas para nos atender, elas tem autonomia,
são movidas por sentimentos, emoções, temperamento, estão sujeitas a fraquezas,
pequenos enganos ou erros atrozes, são volúveis, capazes de amar e odiar, ao
mesmo tempo, o homem é um mistério, um verdadeiro Fenômeno, como define o
conteúdo da obra de Pierre Teilhard de Chardin. E diante de toda essa complexidade
humana, em Jesus descobrimos que o Pai nos ama, e que o seu amor é paciente,
compassivo, tolerante e sabe esperar, confiando no ser humano, quando o chama
para viver a vocação do amor.
Entretanto,
embora alcançado pela graça de Deus, o homem não consegue refletir para o
semelhante essa imagem e semelhança, com Aquele que é a essência do puro amor,
pois a impaciência, a intolerância e o radicalismo, acaba prevalecendo em lugar
do amor que tudo suporta e tudo crê, falta paciência com os pais, com os idosos,
com as crianças, com os enfermos, com os pobres, com a esposa, com o esposo,
com os netos, com os alunos, com a equipe de trabalho, com os que são
diferentes, no aspecto cultural, econômico, político, religioso, onde fazemos,
de simples adversário um inimigo mortal.
O
que Jesus nos pede neste evangelho é justamente isso, a paciência de crer e
saber esperar o novo reino, ajudando a construí-lo no meio dos homens, com todo
empenho, dedicação e seriedade, o verdadeiro cristão jamais pode ser radical ou
imediatista, pois seria ingenuidade desejar fazer acontecer o reino á toque de
caixa, na família, na comunidade, no trabalho, na escola ou na política,
infelizmente ainda há muitos cristãos que se sentem frustrados por não ver
resultado do seu trabalho, são aqueles que não aceitam que haja joio em meio ao
trigo, fecham-se em seus grupos, suas comunidades, seu pequeno mundo, e são
sempre impulsionados a querer arrancar o joio de suas relações, ignorando que a
palavra de Deus e a verdade do evangelho, quando testemunhadas de maneira
autentica, tem poder sim, para transformar qualquer joio em trigo, resultado da
obra da salvação, desejada por Deus e realizada plenamente por Jesus através da
sua igreja.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.co
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0341.htm#msg01
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