REFLEXÃO
DOMINICAL III
“Humildade de coração”
Jesus é “manso e humilde de coração” ( Mt 11,29) e
quer que nós também o sejamos. Como é bom conviver com pessoas humildes, mansas
e cordiais! Pelo contrário, como é desagradável estar perto de gente emproada,
complicada e altiva. A mansidão e a humildade, além de serem virtudes que agradam
o coração de Deus, são disposições que tornam mais fácil a convivência humana.
O orgulho nos faz ridículos, a humildade nos mostra transparentes, pois – como
dizia S. Teresa de Jesus – “humildade é andar na verdade”. C. S. Lewis
explicava de maneira bastante clara o porquê Deus deseja ver-nos humildes:
“Deus tenta nos tornar humildes para que seja possível o momento de lançarmos
fora a tola e horrenda fantasia com que nos adornamos e que nos entravava os
movimentos, enquanto a exibíamos por aí feito idiotas”. Falando bem claro: a
humildade e a mansião revelarão o nosso autêntico “eu” e nos fará exultar em
Deus.
Algumas pessoas acham-se tolamente muito
importantes. Talvez ajude a explicar tal contradição a seguinte fábula tirada
de Julio Eugi: uma mosca descansava sobre o chifre de um boi. Este balançou a
cabeça, como faz habitualmente, e a mosca achou que o estava atrapalhando, e
disse-lhe: – Se o meu peso o incomoda, pode dizer, que eu vou a outro lugar. O
boi respondeu, divertido: – Muito obrigado pelo aviso, dona mosca, pois nem
tinha percebido que a senhora estava aí.
Diante de Deus somos o que somos, nem mais nem
menos, com qualidades e defeitos, com méritos e deméritos, gente boa com coisas
não tão boas. É preciso ter bem claro tudo isso na própria vida para saber
exigir os próprios direitos, cumprir os próprios deveres e dar a devida honra e
glória a Deus. Ter a consciência bem formada na humildade nos ajudará também a
não praticar a falsa humildade, que consiste, entre outras coisas, em negar as
nossas qualidades ou em andar por aí expondo-as sem necessidade. Somos o que
somos e o que somos devemos a Deus, a quem seja toda a honra e toda a glória
através de nós e de nossas ações! E quanto à mansidão? Sem dúvida alguma, a
mansidão vem pela humildade. Peçamos a Deus a humildade, e a mansidão também
virá.
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas se o sol
fosse do tamanho duma bolinha de tênis, a terra seria uma esfera com 1
milímetro de diâmetro e… nós, quem seríamos? Mais uma: o universo tem uma idade
de aproximadamente 14 a 18 bilhões de anos… o que significa viver 80 anos? A
última: se fizéssemos um filme da história do universo que durasse um ano,
talvez aparecêssemos em 0,17 segundos. Dizia S. Josemaria Escrivá: “É uma
grande coisa saber-se nada diante de Deus, porque é assim mesmo” (Sulco 260).
Um bispo espanhol ao fazer uma visita pastoral
tentou explicar a um jovenzinho já bastante desinformado da vida da Igreja. O
rapazinho tinha uns 12 ou 13 anos. O bispo lhe disse: – escuta, você sabem quem
sou eu? – não. – Então vou lhe dar umas dicas: tenho o costume de utilizar um
chapéu com duas pontas, um cajado de ouro ou de prata e um anel bem grosso no
dedo; além do mais, vou acompanhado por muitas pessoas nas cerimônias. Você já
sabe quem sou eu? – Sim. Você é um mauricinho exibido. Nada contra as sagradas
vestes dos bispos, mas… infelizmente o rapaz concluiu de outra maneira!
Volto a uma consideração anterior: quem somos nós?
O que somos diante de Deus… e nada mais! O importante é o que Deus pensa de nós:
atuemos com retidão de intenção, sem exibicionismos, vivendo a humildade dos
cavaleiros cristãos: com nobreza e em verdade. Nada de renunciar a direitos
legítimos, nem de viver com uma mentalidade pegada a coisinhas de nada e sem
metas. Isso não! Talvez nos dirão que somos orgulhosos, que nos vestimos bem ou
coisas semelhantes… Mais a humildade não está necessariamente nessas coisas… A
humildade? É andar na verdade!
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa
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