sexta-feira, 10 de novembro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL III COMO NÃO SER SURPREENDIDOS POR AQUILO QUE ESTÁVAMOS ESPERANDO?

 

REFLEXÃO DOMINICAL  III

COMO NÃO SER SURPREENDIDOS POR AQUILO QUE ESTÁVAMOS ESPERANDO?

A demora dos acontecimentos nos induz a pensar que eles não terão um desfecho, que a porta não vai se fechar. O estender-se do tempo nos faz pensar que ele é eternidade. Mas, nesse mundo, isso nunca será verdade. O tempo está constante- mente passando. Nós envelhece- mos sem perceber. Quando nos damos conta, a idade nos surpreende. Um filho cresce e a gente nem nota. Estranhamos que esteja pela nossa cintura e depois perdemos a marcação, até que ele se casa e vai embora. E nos surpreendemos por- que achávamos que ele era apenas um bebê. Tudo isso acontece, aparentemente à nossa revelia, exatamente porque acontece aos poucos, de forma gradual. Isto é, porque não envelhecemos de uma hora para outra, mas estamos envelhecendo o tempo todo. Como isso acontece devagar, a gente não percebe. Porque não vamos ficar prestando a atenção numa coisa que demora tanto, e que devagar, não percebe- mos. A demora passada pode fazer parecer que haverá demora futura também, que sempre faltará muito tempo para o desfecho. Mas o tem- po futuro pode ser muito mais reduzido que o tempo do passado. O ritmo das coisas não segue o nosso ritmo nem expectativa. Assim, não podemos querer apoderar-nos do tempo. Então, o segredo é viver- mos o presente, mas sem esquecer do que vai chegar. Para os momentos definitivos, que não sabemos quando chegam, de- vemos estar preparados. Não po- demos viver de forma neurótica, pensando apenas no fim; mas, de maneira realista, devemos viver o momento e aproveitar as possibilidades sem, contudo, esquecer que existe um fim. Dormir não significa distração! Desde que estejamos preparados para a hora de acordar. Previdência e imprevidência são as qualidades descritas na pará- bola que Jesus contou sobre dez jovens que deveriam esperar o noivo chegar. Curiosamente, tanto as previdentes quanto as imprevidentes sentiram que o Senhor estava demorando e todas adormeceram. Mas, na hora de acordar, as previdentes puderam retomar o seu encontro imediatamente. As imprevidentes, precisaram deixar o encontro de lado, para preparar aquilo que não tinham preparado ainda. E, como a própria palavra diz, preparar-se significa agir previamente e não posteriormente. Todos poderiam dormir tranquilas se estivessem todas preparadas. Como algumas não tinham óleo suficiente, essas não deveriam ter dormido. Quem está prepara- do pode se dar ao luxo de dormir tranquilo. Quem não está não de- veria dormir. Pelo menos, não sem garantir que tenha providenciado o óleo necessário para a espera e para a demora. Conta-se que São João Bosco per- guntou certa vez a três meninos que estavam brincando, no pátio do colégio, sobre o que fariam se descobrissem que iriam morrer dali a meia hora. Um disse que pararia imediatamente com a brincadeira e correria para a capela, para rezar. Outro disse que deixaria de brincar para procurar um padre e se confessar. O terceiro, por sua vez, disse que continuaria brincando normal- mente... Seria uma boa pergunta a fazer-nos a nós mesmos: O que faríamos se soubéssemos que a nossa hora chegou? Além disso, é bom lembrar das palavras das jovens prudentes às jovens imprudentes que pediam para que dividissem o óleo. Existem coisas na vida que uma pessoa não pode fazer no lugar da outra. Há momentos em que cada um deve estar preparado por si mesmo. Também vale lembrar o que diz o Papa Francisco: “O tempo pertence a Deus, mas o momento pertence a nós”.

Dom Rogério Augusto das Neves Bispo auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47a-62-32o-domingo-do-tempo-comum.pdf

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