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Liturgia do Quinto Domingo da Páscoa- Ano B
A liturgia do 5º Domingo da Páscoa
convida-nos a refletir sobre a nossa união a Cristo; e diz-nos que só
unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira.
- A liturgia nos convida sempre a
olhar para frente. Lembramos o caminho andado para acertar o novo e não perder
o foco da missão. Assim a Palavra nos fala da Igreja que crescia, do Espírito
Santo que acompanhava os crentes e dos frutos que todo ramo da videira deve
produzir quando permanece unido ao tronco. O mistério pascal que estamos
vivendo e que celebramos na liturgia deve ser para nós um estilo de vida. Como
cristãos devemos saber para onde a nossa fé nos conduz, onde e o porquê deve
acontecer morte e ressurreição. Páscoa não é um acontecimento do passado, é uma
dinâmica que movimenta toda a história humana. De outra forma, a nossa vida
corre o perigo de ser somente espera da morte biológica e junto com ela também
de todas as nossas esperanças e anseios. Nós cristãos acreditamos que unidos a
Cristo na sua morte, estaremos unidos a Ele também na ressurreição.
- A vida que vai passando nos oferece
inúmeras oportunidades, grandes e pequenas, algumas mais doloridas, outras
menos, para fazer morrer a nossa ilusão de sermos o centro do mundo, como se
tudo e todos girassem ao nosso redor. Tudo continuará depois de nós, mas para
dar um sentido "grande" à nossa vida "pequena" precisamos
encontrar alguém que seja grande por si mesmo, que seja a Vida por si mesmo.
Este "alguém" é o Deus Pai que Jesus, o Filho, veio nos fazer
conhecer, contando-o com sua vida terrena. "Permanecer" com Jesus é
unir tão estritamente a Ele a nossa vida que nem a morte poderá nos separar.
Para que isso aconteça precisamos crer e amar cada vez mais.
- A leitura
dos Atos dos Apóstolos relata a dificuldade dos discípulos de Jerusalém de
acolher entre si Saulo, o perseguidor, que agora queria juntar-se a eles.
Tinham medo, não acreditavam na sua conversão. No entanto, Saulo comprova a
veracidade da sua adesão a Jesus Cristo pela firmeza da pregação e pela
perseguição dos judeus de língua grega que queriam matá-lo. Para não pôr em
risco sua vida, os irmãos o mandam de volta para a sua cidade natal, Tarso. A
Igreja cresce e se consolida com a ajuda do Espírito Santo. Sempre foi e será
assim.
- Na segunda
leitura, João lembra a importância do coração. Neste caso, o coração é
entendido, conforme o costume bíblico, como consciência da pessoa, lugar de
pensamentos e reflexões, mais que recanto de sentimentos. Devemos saber avaliar
as nossas ações e ter a capacidade de nos acusar quando julgamos merecer.
Contudo, nada de desânimo, porque a misericórdia de Deus é maior que as nossas
faltas. O mandamento de Jesus consiste em crer n'Ele e praticar o amor
fraterno. Quem faz isso "permanece com Deus, e Deus permanece com
ele". O contrário de "permanecer" é a instabilidade do cristão
quando se deixa atrair por outras doutrinas e não pelo Espírito Santo, o "Mestre
interior" que Jesus deixou.
- O Evangelho de João nos traz a metáfora ou analogia da videira e dos
ramos. Jesus se define como a Verdadeira Videira e o Pai é o agricultor. Esta
planta tem absoluta necessidade de poda; de outra maneira, não produz frutos. A
poda dos ramos que não produzem é dolorida, mas é a condição para que o
restante da planta possa desenvolver. Qualquer limpeza é exigente e é comparada
com os ensinamentos de Jesus capazes de purificar. Volta a palavra
"permanecer" muito usada pelo evangelista João (oito vezes no texto).
Desta vez o "permanecer" unido a Jesus é condição indispensável para
ser seu discípulo e dar frutos. Somente os ramos unidos ao tronco da videira
podem produzir a boa uva.
- O
"permanecer" do Evangelho é o mesmo que continuar a frequentar a
comunidade? Com certeza também o é, mas não é tudo. Por exemplo, a evasão
dos jovens, após os Sacramentos da Iniciação Cristã, nos desafia a encontrar
formas sempre novas de atraí-los, para que voltem e não dispersem. Por vezes,
não sabemos mais o que inventar para manter o povo na Igreja. O verdadeiro
"permanecer", porém, é com Deus Pai, com Jesus Cristo, na comunhão do
Espírito Santo. Insistindo na necessidade de permanecermos unidos a Ele e,
através dele, unidos ao Pai, Jesus nos ensina que unidade e comunhão devem ser
a marca registrada da sua Igreja.
- O critério para sabermos se estamos
verdadeiramente unidos a Jesus é a nossa obediência à sua Palavra e a nossa
comunhão com a Igreja. Se as palavras de Cristo permanecem em nós, ou seja, se
elas estão no centro de nossa vida e nós nos deixamos guiar por ela, nós
produziremos muitos frutos. Assim, nós que somos os ramos da videira que é
Jesus, estaremos indicando a qual videira estamos ligados. Portanto, é pela
observância dos mandamentos e pelo amor fraterno que nós indicaremos para o
mundo que somos realmente de Cristo e que somos a sua Igreja.
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