2,2- Liturgia do Segundo Domingo da Páscoa-
Ano B
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Estamos vivenciando as alegrias da presença de Jesus Ressuscitado em nosso
meio! Ele nos comunica a sua paz. Somos chamados a refletir sobre as
consequências da fé que professamos, na nossa vida diária e na sociedade em que
vivemos. - A presença do Ressuscitado rompe as cadeias do medo, traz paz e
alegria ao coração dos discípulos. Dá coragem, pela força do Espírito, e envia
para a missão, que consiste em construir relações baseadas no perdão e na
comunhão. Esses são os critérios que nos identificam como filhos e filhas de
Deus. Eles expressam o nosso amor, o grande mandamento do Senhor. Misericórdia
é serviço sincero em favor da vida plena para todos.
- No fundo, o amor para com os irmãos é o
único critério possível para afirmar que estamos em comunhão com Deus. A
comunhão dos bens entre os cristãos é compreendida como consequência da fé
comum no Senhor: “um só coração e uma só alma”, mas também “tudo era comum
entre eles”. Despojar-se dos bens e distribuí-los, através do ministério dos
apóstolos, aos irmãos mais pobres, é um gesto livre e não imposto. É o sinal de
uma fraternidade mais exigente que aquela que vivemos em família; de uma
atenção especial aos “pobres”, aos quais é anunciado prioritariamente o Reino
de Deus. Misericórdia é poder sentir a miséria do outro como se fosse a nossa
própria.
- A situação da sociedade de hoje não é
diferente daquela do tempo dos apóstolos. A competição, o domínio dos mais
fortes e capazes sobre os mais fracos, é tido como legítimo e até mesmo
necessário para o funcionamento “normal” da sociedade. Ao contrário, a
comunidade dos primeiros cristãos era fundada no serviço recíproco, na doação
gratuita e desinteressada, na partilha dos bens. Ela invertia a ordem dos
valores aceitos por todos como lógicos e normais. Os cristãos certamente eram
vistos como cidadãos de outro mundo e, na verdade, despertavam uma grande
admiração. Tanto os judeus como os pagãos eram obrigados a se colocar diante
desta pergunta: “Qual é a origem de uma vida tão extraordinária?” A resposta
unânime dos discípulos era: “Nós vivemos assim porque Cristo ressuscitou”. A misericórdia
é capaz de transformar os corações para viver a profundidade do amor.
- O ideal cristão descrito nos Atos dos
Apóstolos é uma proposta atual às nossas comunidades. Lucas descreve os
sentimentos e os relacionamentos que devem imperar dentro de uma autêntica
comunidade cristã, guiada pela fé no Ressuscitado. É a fé na ressurreição que
nos permite superar as divisões e os receios, e que traz a verdadeira paz! E a
nossa sociedade, já está vivendo na dinâmica da ressurreição? O que ainda nos
falta? Só quando conseguirmos criar essa comunidade fraterna, impulsionada não
pelo egoísmo, mas pela lei do amor, da generosidade, da doação de si, estaremos
em condições de provar que o Espírito do Cristo ressuscitado foi comunicado
também a nós. Quem acumula só para si e para sua família, quem quer enriquecer
sozinho, mesmo que sempre frequente a Igreja, não acredita ainda que Cristo
ressuscitou! O seu coração ainda não está purificado, não está voltado para o
Reino de Deus. Se as nossas comunidades não derem um autêntico testemunho de
amor, de colaboração recíproca, de fraternidade concreta, como poderão
convencer as pessoas que Cristo ressuscitou? Que outras provas poderão
apresentar? Misericórdia é sinônimo de inclusão e fraternidade.
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A vida em comunidade é o lugar da manifestação do Ressuscitado. Quem, como
Tomé, abandona os encontros da comunidade, não pode fazer a experiência do
Ressuscitado, não pode ouvir a sua saudação e a sua Palavra, não pode receber a
sua paz e o seu perdão, experimentar a sua alegria, receber o seu Espírito. No
Dia do Senhor (Domingo), reunidos em Comunidade, somos convidados a fazer a
experiência profunda da misericórdia do Senhor. Pela Palavra e pelos
Sacramentos, vamos entrando cada vez mais no mistério de sua vida e do seu amor.
Assumindo nossa vocação batismal, compreendemos o que significa a fraternidade,
a paz, o perdão. Esforcemo-nos em conduzir tantos outros irmãos e irmãs a
Jesus, para que participem da mesma alegria do seu amor.
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