Vida consagrada, mártires e formação de religiosos foram temas de
coletiva
Bispos abordam
diversos temas sensíveis à Igreja, como a vida consagrada, a importância da
oração fraterna e a preocupação do Papa com os mártires
A 61ª
Assembleia Geral da CNBB chega ao seu penúltimo dia. Na coletiva
concedida à imprensa na manhã desta quinta-feira, 18, o episcopado brasileiro
abordou os 90 anos do Colégio Pio Brasileiro — sediado em Roma e mantido pela
CNBB.
Dom Ângelo Ademir
Mezzari, bispo auxiliar de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para os
Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, foi o escolhido para falar sobre as
sete décadas da Conferência dos Religiosos do Brasil. E Dom José Luiz Majella
Delgado, arcebispo de Pouso Alegre (MG), apresentou os trabalhos da Comissão
para a Causa dos Santos.
Dom Paulo Jackson
Nóbrega de Souza, segundo vice-presidente da CNBB, falou com detalhes
sobre o colégio Pio Brasileiro, que recebe seminaristas brasileiros. Coordenado
muitos anos pelos padres jesuítas, em 2013, a administração do colégio foi
devolvida à CNBB. “O Colégio passou a formar não apenas seminaristas, mas
padres que fazem mestrado e doutorado. É um espaço qualificado de formação de
sacerdotes em Roma, especialmente nas universidades pontifícias”, detalhou.
Até o momento, 2200 estudantes já passaram pelo Pio Brasileiro,
dos quais 172 se tornaram bispos e seis são cardeais.
Causa dos Santos
Dom Majella Delgado
deu detalhes sobre a Comissão para a Causa dos Santos. “De 2017 a 2024, nossa
comissão vem dando pequenos passos. Temos como objetivo orientar nossas dioceses
nas causas que já tiveram início ou vão iniciar”, disse.
Segundo o prelado, a
comissão quer acompanhar as causas que serão levadas ao Dicastério em Roma.
“Como um cristão viveu seu batismo e suas virtudes. Para que esse cristão seja
para nós um exemplo de santidade”, acrescentou.
Os novos mártires, de
acordo com o bispo, têm suma importância à vida religiosa contemporânea. Tanto
é assim, que o Papa Francisco resolveu documentar todos os mártires deste
século. “O Papa quer fazer uma espécie de catálogo dos mártires. Por isso ele
criou esta comissão que está chegando às comunidades e dioceses, que analisará
quando alguém morreu defendendo a fé (…) Qualquer pessoa que derramou seu
sangue em nome da fé também será contemplada”, reiterou o arcebispo de Pouso
Alegre.
Os 70 anos da CRB
A Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB) tem
uma história que remonta à colonização portuguesa. “A Conferência vem
antes do Conselho Vaticano II. Celebrar seus 70 anos é fazer uma memória da
história, da conferência, de consagrados, homens e mulheres, que viveram a
experiência de fé”, disse Dom Ângelo Ademir.
A presença dos
religiosos nos mais diversos aspectos da sociedade, segundo o sacerdote, também
é algo muito importante e que deve ser reforçada. “Muitos religiosos, por
vezes, devido às urgências e demandas, perdem aquela que é uma das
características fundamentais da vida religiosa: a oração”, lamentou o bispo, e
observou: “Rezemos, pois não podemos perder esta característica na vida
fraterna”.
O Jubileu 2025 foi também destacado. “Esse convite à
esperança vem de uma certa crise vocacional. Temos crescimento de novas
comunidades. Por isso, esses 70 anos querem abrir esses novos caminhos. A vida
religiosa tem futuro”, enfatizou Dom Ângelo.
Aos
bispos brasileiros, foi apresentada uma atualização das atividades de
evangelização da igreja no norte do país. Os membros da CNBB também discutiram
sobre as atualizações para o Estatuto e o Regimento Interno da Conferência e de
outras oito comissões.
CARTAS
DO EPISCOPADO
Bispos falam sobre as
mensagens redigidas durante a 61ª AG
Quatro mensagens foram elaboradas
pelo episcopado durante a AG: ao Povo Brasileiro, ao prefeito do Dicastério
para os Bispos, ao Povo Católico e ao Papa Francisco
COLETIVA DE IMPRENSA
"O futuro da Igreja será sinodal", afirma arcebispo de
Manaus
·
Dom
Leonardo Steiner e os demais bispos ainda abordaram a importância da ação
evangelizadora em solo amazônico e o impacto que o Sínodo terá sobre a Igreja
contemporânea
A 61ª
Assembleia Geral da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (AG CNBB) chega a seu sétimo dia, nesta terça-feira, 16, e trouxe à mesa de debates a
Amazônia. Na coletiva à imprensa, o arcebispo de Manaus (AM), Dom Leonardo
Steiner, e o arcebispo de São Luís do Maranhão, Dom Gilberto Pastana de
Oliveira, falaram sobre a Conferência Eclesial da Amazônia, a Ceama. E o bispo
auxiliar de Belém do Pará, Dom Paulo Andreolli, falou sobre a COP30 (a 30ª
Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima), que será realizada em Belém (PA), entre 10 e 21 de novembro de 2025.
“A Ceama está
caminhando para ser um espaço de debate”, disse Dom Leonardo. “Um outro
elemento que gostaria de abordar é o Conselho Indígena. Temos um trabalho
longo, um dos elementos mais importantes junto aos povos indígenas, não apenas
defendendo seus direitos, mas ajudando-os a se organizarem. Atualmente, estamos
mais voltados ao atendimento das etnias em pequeno número — os outros estão
melhor organizados e podem se fazer mais visíveis”, detalhou o arcebispo de
Manaus, que deu início à coletiva.
O Marco Temporal, de
acordo com o arcebispo de Manaus, também está sendo acompanhado de perto pela
Igreja e pelo Ceama. “É uma questão vital para os povos indígenas”, observou.
Dom Gilberto falou
sobre a expressão do compromisso do episcopado brasileiro para com a Amazônia.
“O objetivo desta comissão é viabilizar a ação evangelizadora da Igreja nesta
região, olhando para as dificuldades missionárias e tentar trazer à realidade
do povo a vida dos habitantes daquela região”, disse.
COP30
Em
sua colocação, Dom Paulo Andreolli, bispo auxiliar de Belém do Pará, abordou os
eventos que vão girar em torno da vindoura COP30. “Praticamente propomos a
construção coletiva de um planejamento entre 2024-2025. Uma comissão composta
por três bispos e representantes do movimento Laudato Si, REPAM, comissões para
ação sócio-transformadora, entre outras. O objetivo geral é fortalecer a
incidência da Igreja aproveitando a realização da COP30 no Brasil, em vista da
conversão ecológica à luz de sua Doutrina Social“, explicou.
Os trabalhos em torno
da COP30 estão sendo meticulosamente planejados. “Existem várias iniciativas
sendo programadas”, declarou Dom Paulo Andreolli. “Queremos um simpósio, uma
vigília ecumênica e vamos envolver o Círio de Nazaré em torno da
conscientização da conversão ecológica”.
A Campanha da Fraternidade do próximo ano também abordará
a ecologia,
lembrou Dom Maurício, no intuito de fortalecer as atividades missionárias da
Igreja na Amazônia.
Futuro da Igreja e ação
catequista
Dom Leonardo afirmou
que a ação catequista na Amazônia é imprescindível — mas não pode ser feita de
maneira imposta. “Visitando as aldeias, dei-me conta que não podemos impor
nossos ministérios. Basta ter um bom catequista que a vida da comunidade
eclesial caminha muito bem”, asseverou.
Questionado sobre a
percepção do Papa Francisco de que o Sínodo para a Amazônia foi uma espécie de
laboratório à Igreja, Dom Leonardo concordou que este aspecto deve definir o
tempo que está por vir.
“O
futuro da Igreja será sinodal”, garantiu Dom Leonardo. “O Sínodo para a
Amazônia foi mesmo um laboratório de participação extraordinária, que abrangeu
todos os segmentos da Igreja. Mais de 80 mil pessoas participaram. E, agora,
temos o Sínodo sobre a Sinodalidade, que também contou
com uma grande participação. Será um futuro sinodal no sentido de nós, Igreja,
sermos mais ativos assumindo as missões do Evangelho”, ponderou.
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