REFLEXÃO DOMINICAL I
DOMINGO: DIA DO SENHOR
Lemos na primeira Leitura de hoje que Deus
instituiu o sábado para ser santificado pelo Povo da Antiga Aliança: “Guardarás
o dia do sábado e o santificarás, como te ordenou o Senhor, teu Deus.
Trabalharás seis dias e neles farás todas as tuas obras; mas no sétimo dia, que
é o repouso do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum.” Este preceito faz
alusão à obra da criação: segundo o Gênesis, Deus terminou a obra da criação no
sexto dia e descansou no sétimo. Ao ressuscitar no domingo, Jesus quis indicar
que esse primeiro dia devia ser uma data muito particular e passou a ser
chamado dia do Senhor. E os cristãos, desde o início, começaram a reunir-se no
domingo para celebrar a Eucaristia, para a fração do pão e para a oração (cfr.
At 2, 42), e é isso exatamente o que se continua a fazer até hoje. Gosto de
pensar que o domingo representa uma montanha que subimos, para estar num local
com uma vista prigilegiada: do alto, podemos olhar para trás e agradecer pelo
caminho percorrido até o momento e também olhamos para frente e vislumbramos o
percurso que nos espera: trabalho, família, compromissos sociais, religiosos
etc. Ou seja, a cada domingo colocamos na patena da missa todo o trabalho, as
preocupações, as alegrias e os sofrimentos da semana, oferecendo tudo isso a
Deus. Também, estando bem preparados, podemos receber a Sagrada Comunhão, o alimento
que nos revigora e fortalece para continuar caminhando. Vale a pena recordar
algumas recomedações do Catecismo da Igreja Católica: “a celebração dominical
do Dia e da Eucaristia do Senhor está no coração da vida da Igreja. O domingo,
dia em que, por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser
guardado em toda a Igreja como dia de festa de preceito por excelência”
(Catecismo, n. 2177). O Catecismo continua dizendo que “os fiéis são obrigados
a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser que motivos muito
sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados
pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obricação
cometem pecado grave” (n. 2181). “A participação na celebração comunitária da
Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e de fidelidade a Cristo e à
sua Igreja. Assim, os fiéis atestam sua comunhão na fé e na caridade” (idem,
2182). “Como Deus ‘descansou no sétimo dia, depois de toda a obra que fizera’
(Gn 2,2), a vida humana é ritmada pelo trabalho e pelo repouso. A instituição
do dia do Senhor contribui para que todos desfrutem do tempo de repouso e de
lazer suficiente que lhes permita cultivar sua vida familiar, cultural, social
e religiosa” (Catecismo, n. 2184). “Durante o domingo e os outros dias de festa
de preceito os fiés se absterão de se entregar aos trabalhos ou atividades que
impedem o culto devido a Deus, a alegria própria ao dia do Senhor, a prática de
obras de misericórdia e o descanso conveniente do espírito e do corpo.”
(Catecismo, n. 2185). “Os cristãos que dispõem de lazer devem lembrar-se de
seus irmãos que têm as mesmas necessidades e os mesmos direitos, mas não podem
repousar por causa da pobreza e da miséria. O domingo é tradicionalmente
consagrado pela piedade cristã às boas obras e aos humildes serviços de que
carecem os doentes, os enfermos, os idosos. Os cristãos santificarão ainda o
domingo dispensando à sua família e aos parentes o tempo e a atenção que
dificilmente podem dispensar nos outros dias da semana. O domingo é um tempo de
reflexão, de silêncio, de cultura e de meditação, que favorecem o crescimento
da vida interior cristã” (Catecismo, n. 2186). Ou seja, o dia do Senhor é um
momento para estar com Deus, participando da celebração eucarística e, ao mesmo
tempo, uma oportunidade para cultivar a vida cristã, reunir a família, conviver
mais estreitamente entre pais, filhos e irmãos, assim como visitar um parente doente,
um vizinho ou um amigo que está só. Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de
São Paulo
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