sábado, 11 de maio de 2024

REFLEXÃO DOMINICAL I E A HISTÓRIA CONTINUA...

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL I

E A HISTÓRIA CONTINUA...

 A obra estava inaugurada, mas não estava pronta. O Verbo Encarnado veio e cumpriu sua missão, mas o ser humano não tinha sido exilado de seu protagonismo histórico. Deus entrou na história humana, tanto quanto entrou na vida e história pessoal de Maria, mas sem violá-los. O ser humano terá uma tarefa histórica, e a Igreja será a herdeira dessa missão. O indivíduo terá uma tarefa pessoal, e ninguém poderá acolher o Reino de Deus no seu lugar. Daí, então, correspondem missões específicas para cada pessoa e para a Igreja Missionária. Para a Igreja virá um mandato, uma ordem, uma obrigação: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” Para cada pessoa virá, da parte de Jesus, uma proposta, um convite, uma exortação: “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”. A Igreja tem a obrigação de anunciar, mas não tem a obrigação de converter as pessoas. A Igreja oferecerá os sacramentos propondo a fé que salva, mas para ser batizado, é preciso que cada um creia primeiro. Quem crer e for batizado será salvo. De nada adiantará receber o Batismo sem crer. Portanto, a Igreja não pode ser instrumento de salvação para quem não queira se converter. Então, como é que a Igreja aceita batizar crianças, que ainda não são capazes de crer? Ela somente o faz mediante o compromisso dos pais e padrinhos que diante de todos afirmam que as crianças vão crer quando chegar a hora. Por isso batizamos na fé dos pais e padrinhos. Por isso também, quando pais e padrinhos não são capazes de garantir minimamente que seus filhos e afilhados vão crer, então, a Igreja é conclamada a adiar o Batismo para quando as crianças puderem entender, crer por elas mesmas e pedir pessoalmente o Batismo. Não é questão de negar sacramentos, mas de fazer com que os sacramentos não sejam jogados ao vento. Hoje em dia, às vezes, se tem a impressão de que se trata apenas de um gesto ritual ao qual todos os que nascem têm direito de receber. Mas, não é bem assim. O Batismo é o ato decisivo de quem crê em Jesus Cristo e deseja viver o que Ele ensinou. Também não é verdade que seja necessário quase que “um processo de canonização” da pessoa, dos pais ou dos padrinhos para que se possa oferecer o Batismo. A verdade é que a Igreja tem um mandato para que anuncie o Evangelho e batize aqueles que crerem nele. Num mundo onde parece que todo mundo quer se refugiar nos extremos, seria bom que todos conhecessem os verdadeiros motivos e as intenções salvíficas que levaram Jesus a conferir uma missão à Igreja, sem com isso desejar que a Igreja substituísse as consciências e as liberdades. Se o ser humano é livre, e cremos nisso, deve fazer suas escolhas; se faz as escolhas, deverá ser capaz de assumir as condições, as consequências e os compromissos que delas derivam. A vida funciona assim. E não é de se esperar que Deus não respeitasse e não aproveitasse esses traços humanos para manifestar sua graça e sua salvação. Foi isso que Jesus manifestou no dia de sua Ascensão: Ele sai da cena da história humana para dar lugar à história da Igreja, sua mandatária. E a Igreja deverá realizar sua missão, deixando depois para cada indivíduo a tarefa de fazer suas escolhas e assumir seus compromissos. Falando assim, não parece tão complicado. Na prática, a história é bem diferente!

Dom Rogério Augusto das Neves Bispo Auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-32-ascensao-do-senhor.pdf

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