XV-SANTO
AGOSTINHO
As
três conversões de Santo Agostinho
“Seguindo
o seu exemplo, nós, que não podemos mudar de uma vez, devemos lutar para
melhorar em algum aspecto concreto”Por ocasião da festa de Santo Agostinho,
celebrada neste dia 28 de agosto, dom
Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da arquidiocese paulistana,
publicou no jornal O São Paulo o seguinte
artigo sobre “as três conversões” do grande santo cuja influência se estende há
séculos sobre a vida da Igreja:
Santo
Agostinho: três conversões
Celebramos no dia 28 de agosto a memória de
Santo Agostinho. Nascido em Tagaste, no norte da África, em 354, era filho de
Patrício, um pagão que depois se converteu, e de Mônica, cristã fervorosa. Essa
mulher apaixonada, venerada como santa, exerceu sobre o filho uma grandíssima
influência e o educou na fé cristã.
O jovem, de inteligência aguda, recebeu uma
boa educação. No entanto, teve uma juventude cheia de altos e baixos, procurando
a felicidade no prazer, no estudo, numa vida de boemia. Certo dia, no tormento
de suas reflexões, tendo-se retirado num jardim, ouviu improvisadamente uma voz
infantil que repetia uma cantilena que nunca tinha ouvido: “toma, lê, toma,
lê”. Pensando se tratar de uma inspiração divina, deparou-se com um texto
paulino e o seu olhar caiu na passagem da epístola aos Romanos em que o
Apóstolo exorta a abandonar as obras da carne e a se revestir de Cristo (cf. Rm
13,13-14).
Foi o momento da primeira conversão: aos 32
anos, Agostinho foi batizado por Santo Ambrósio, durante a Vigília Pascal, na
Catedral de Milão. Depois do Batismo, Agostinho decidiu regressar à África com
os amigos, com a ideia de praticar uma vida comum, de tipo monástico, a serviço
de Deus e passou a dedicar-se à vida contemplativa e ao estudo. Este era o
sonho da sua vida. Agostinho tinha preparação intelectual e vontade de
dedicar-se apenas à vida intelectual, à contemplação, ao estudo e aos seus
escritos.
Mas Deus lhe pediu que se tornasse sacerdote
e bispo. Foi esta a sua verdadeira e segunda conversão e passou a servir aos
fiéis, continuando a viver com Cristo e por Cristo, mas a serviço de todos.
Isso era para ele muito difícil, mas compreendeu desde o início que só vivendo
para os outros, e não simplesmente para a sua contemplação particular, podia
realmente viver com Cristo e por Cristo. Assim, renunciando a uma vida apenas
de meditação, Agostinho aprendeu, muitas vezes com dificuldade, a pôr à
disposição e em benefício do próximo o fruto da sua inteligência. Aprendeu a
comunicar a sua fé ao povo simples, desempenhando, incansavelmente, uma
atividade generosa e difícil.
Há, porém, uma última etapa do caminho
agostiniano, uma terceira conversão: aquela que o levou todos os dias da sua vida
a pedir perdão a Deus. Inicialmente, tinha pensado que quando fosse batizado,
na vida de comunhão com Cristo, nos sacramentos, na celebração da Eucaristia,
teria alcançado a perfeição doada no Batismo e reconfirmada na Eucaristia (cf.
Bento XVI, audiência geral de 27/02/2008). Ainda não compreendera que a
perfeita santidade se alcança apenas após a morte.
Santo Agostinho tornou-se um grande santo que
iluminou a história da Igreja por ter sido generoso em corresponder aos
chamados de Deus. São conhecidas suas palavras: “Se disseres basta, estás
perdido: caminha mais, progride mais…”
Nestes anos de caminhada sinodal, nós também
precisamos de uma conversão permanente. Até o fim da nossa vida, teremos
necessidade dessa humildade de reconhecer que somos pecadores a caminho, até
que o Senhor nos dê sua mão definitivamente e nos introduza na vida eterna.
Seguindo o exemplo das sucessivas conversões de Santo Agostinho, nós, que não
podemos mudar de uma vez, devemos lutar para melhorar em algum aspecto
concreto. Por exemplo, na fidelidade à vida de oração e no modo de conviver e
acolher as pessoas que encontramos no dia a dia: no trabalho, na família, na
igreja, na vida social etc.
https://pt.aleteia.org/2019/08/28/as-tres-conversoes-de-santo-agostinho
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