VIII- REFLEXÃO DOMINICAL
IV: QUEM É O MAIOR NO REINO DE DEUS?
Os
discípulos de Jesus, tendo em mira a futura ida para Jerusalém, estão
preocupados com quem será o maior, pois pensam no Reino de Deus em termos
humanos e políticos, em termos de poder. Ao passo que o Senhor Jesus lhes
anuncia que sofrerá e será morto, pois veio dar a sua vida em resgate de
muitos. A lógica dos discípulos ainda é baseada na sabedoria do mundo, que
privilegia o poder, o domínio e a grandeza. Ao passo que a lógica de Jesus é a
do servo de Deus, que corresponde à vontade do Pai, faz de sua vida uma entrega
e veio para servir e não para ser servido. Essa entrega será a vitória da vida
sobre a morte, do amor sobre o ódio e da luz sobre as trevas. A lógica do
serviço e da entrega da vida por amor, com plena confiança em Deus, é a única
capaz de trazer verdadeira paz e verdadeira vida para todos. Por isso, Jesus
nos ensina que "Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de
todos e aquele que serve a todos!". Diante de um mundo ainda tão ávido por
poder, consumo, dominação e satisfação de todos os desejos e vontades à custa
do sofrimento de outros tantos, São Tiago (3,17) nos fala das sete
características da sabedoria que vem do alto, que os cristãos são chamados a
acolher e viver: ela é, “antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora,
cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento”.
Esta é a sabedoria que Jesus viveu e ensinou. Nela é que podemos encontrar o
caminho para a promoção da vida, para viver a fraternidade sem parcialidade ou
fingimento, para resguardar a casa comum e para viver a comunhão de amor e
serviço mútuo em nossas comunidades. A sabedoria do mundo, ao contrário, faz
surgirem as guerras, brigas e divisões, como fruto da cobiça, inveja e ciúmes,
como lembrou São Tiago (4,1). Não deixemos que a sabedoria mundana contamine
nossas famílias, nossas comunidades, nossa Igreja. Ao contrário, procuremos
olhar para o exemplo de nosso Mestre Jesus. Viver segundo a sabedoria do alto
pode trazer consigo perseguições e incompreensões, pois o mundo não a acolhe e
arma ciladas ao justo (cf. Sb 2,12). Contudo, somente esta sabedoria pode nos
fazer experimentar a verdade desta palavra: “O fruto da justiça é semeado na
paz, para aqueles que promovem a paz”. Nesta hora, é preciso colocar nossa
confiança no Senhor e repetir com o salmista: “Quem me protege e me ampara é
meu Deus; é o Senhor quem sustenta minha vida!” (Sl 53,6). E seguir
perseverantes e cheios de esperança no caminho do amor, do serviço humilde e da
entrega da própria vida pelo Reino de Deus!
Dom Edilson de Souza
Silva Bispo Auxiliar de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46b-52-25-domingo-tempo-comum.pdf
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