quinta-feira, 31 de outubro de 2024

V- REFLEXÕES

 

 

V- REFLEXÕES

5.1- REFLEXÃO I FINADOS

 Um dos textos da Liturgia da Missa por todos os fiéis defuntos é a narração da ressurreição de Lázaro. As suas irmãs, Marta e Maria, mandam a Jesus um recado simples: “aquele a quem amas está enfermo”. Elas sabem que Jesus entenderá. Inicialmente, Jesus aparenta não dar importância: “esta doença não é de morte, mas para manifestar a Glória de Deus.” Mas Ele sabe exatamente o que está acontecendo: não lhe escapa nada. Permaneceu ainda dois dias em Jerusalém, antes de sair para Betânia. A seguir decide sair: “Lázaro dorme: vamos despertá-lo”. Fala da morte como um sono. As duas irmãs sabem que Jesus vai atendê-las. Têm certeza da bondade do seu coração. Sabem que Jesus os ama de verdade. Demonstram grande confiança, quando Jesus chega. Sua fé se manifesta numa oração confiante: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não morreria”. Jesus define o seu poder divino de maneira solene: “Eu sou a ressurreição e a vida... Todo aquele que crê em mim, mesmo que esteja morto viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre”. “Crês isto?” Depois pergunta: “Onde o pusestes?” Vão até o sepulcro. Jesus manda tirar a grande pedra colocada na porta do túmulo. Quando as viu chorando, e os judeus também, Jesus se comove e o Evangelho diz: “Jesus chorou”. Depois, eleva sua oração ao Pai, e faz um milagre com que prova sua divindade e seu poder sobre a morte, res- suscitando Lázaro, que já estava sepultado há quatro dias. Assim Jesus confirma a fé dos seus discípulos e, hoje, também a nossa fé. Jesus é a causa da nossa ressurreição. S. Agostinho interpreta este milagre de Jesus num sentido espiritual: “Cristo chorou: chore também o homem sobre si mesmo. Porque Cristo chorou senão para ensinar o homem a chorar?” Cho- remos nós também, mas pelos nossos pecados, para que volte- mos à vida da graça pela conversão e pelo arrependimento. Não desprezemos as lágrimas do Senhor, que chora por nós, pecado- res. “Desligai-o”: Lázaro saiu com os pés e as mãos atados e o rosto coberto com um sudário. Tal era o costume dos judeus. “Soltai-o, tirai-lhe o sudário, e deixai-o ir. Tirai a venda dos olhos.” Na Confissão, pelas palavras de Cristo pronunciadas pelo sacerdote, nossos pecados são perdoados: “Eu te absolvo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Nessa perspectiva se entende bem o sacramento da Confissão: queremos também nós ressus- citar e começar uma vida nova. Temos ao nosso alcance o Sacramento da Confissão, em que Jesus nos perdoa e a Comunhão, que é uma antecipação do Céu. Devemos pensar que muitas al- mas estão no purgatório esperando nossos sufrágios. Elas não podem fazer nada para merecer, só esperar... E estão esperando a nossa ajuda, para sair de lá. Podem estar lá pessoas conhecidas, parentes… Temos o dever de re- zar pelas pessoas da nossa família e também por todas as almas do Purgatório. Imaginemos como estaríamos ansiosos por sair de lá para entrar no Céu! Nós pode- mos ajudar a tirá-las de lá, oferecendo sufrágios, principalmente as Missas que assistimos nesse mês. A Igreja na sua função de dispensadora das graças de Deus, concede indulgências plenárias (pagamento da pena de dano) só aplicáveis aos mortos, nas seguintes condições: do dia 01 ao 08 de novembro, visitar um cemitério e lá rezar uma oração pelos defun- tos; no dia 2 de novembro, visitar uma Igreja e rezar um Pai nosso e o Credo. Além dessas obras é preciso ter comungado e confessado na semana e rezar uma oração pelo Papa.

 Dom Carlos Lema Garcia Bispo Auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47a-60-comemoracao-de-todos-os-fieis-defuntos.pdf

 

5.2- REFLEXÃO II: “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA” (Jo 11, 25)

Queridos irmãos e irmãs, no Cristo Ressuscitado..! Jesus é a nossa esperança de vida eterna. Pois sem Ele, aonde iremos..? Só Jesus tem palavras, de vida eterna..?! No evangelho Ele nos diz: " Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais." "Crês isto..?" Esta pergunta o Senhor fez, à dois mil anos atrás, a sua discípula Marta, irmã de Lázaro, e  atualiza todos os dias para nós, no seu corpo mistico, através da sagrada Eucaristia.

 O justo vive pela fé..! ( Hb 10,38 ) Essa é a nossa fé Cristã, pois já dizia São Paulo na carta aos Corintios: Se a nossa esperança, for só para esta vida, somos então, os mais infelizes dos homens. ( 1 Cor 15, 12-19 ) O dia que hoje celebramos, é dominado pela saudade afetuosa, das pessoas falecidas, que nós amávamos quando vivas. Todos nós sem exceção, temos em nossas mentes, recordações, saudades e prantos, pelos nossos, que estão na eternidade.


 O choro as lembranças, pelos entes queridos, fazem parte do ser humano, porque somos assim; temos sentimentos! Como o Senhor Jesus falou: "Estão no mundo, mas não são do mundo." Nós não somos deste mundo, estamos de passagem; somos cidadãos do céu, e é, para lá que iremos."( Jo 17,16 ) Jesus também chorou, a ausência de Lazaro, quando chegou em Betânia, e como chorou lágrimas de sangue, sobre a própria morte, lá no horto das Oliveiras. ( Mt 26,37-38 )


Quando morremos, deixamos esta condição física, e continuamos como pessoas, pois nossa alma espiritual, volta para junto de Deus. É justo que neste dia de finados, demos espaço para estas pessoas queridas, para que possam, reviver em nosso piedoso afeto, e em nossas orações. As flores, as homenagens, as velas  que acendemos, são para Deus, em agradecimentos, pelas pessoas que passaram por nossas vidas, e agora acreditamos que estão na glória de Deus, no gozo bem-aventurado.


Nós cristãos cremos que, os nossos mortos vivem num sentido, bem mais verdadeiro e pleno: Estão na eternidade;  estão "em  Deus."A morte não é o final de uma caminhada aqui na terra, mas é um começo de uma vida eterna, Nosso Senhor nos garantiu a vida eterna, dando sua vida para derrotar a morte eterna. Por isso  com fé salmodiemos com alegria: "O Senhor é a minha luz e salvação..!" ( Sl 26 )


Por isso, nós cristãos, esperançosos da vida eterna, não falamos dessa morte, mas falamos do outro rosto dela: Daquele que somente a palavra de Deus pode nos revelar. O rosto da morte que perdeu seu aguilhão e foi engolido pela vitória da ressurreição de Cristo, e não ameaça mais nosso ser espiritual da destruição total. Por isso devemos sem cessar proclamar que Jesus Cristo é o Senhor, da nossa salvação. ( 1 Cor 15,54 ) 


O Catecismo da Igreja Católica nos diz: "Para ressuscitar com Cristo é preciso morrer com Cristo, é preciso "deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor" ( Cor 5,8 ). Nesta partida que é a morte, a alma é separada do corpo. Ela será reunida a seu corpo no dia da ressurreição dos mortos." ( CIC 1005) 


 " A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo e da graça e da misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último."  "Assim como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós ressuscitaremos no último dia. Nós cristãos católicos, "cremos na verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora. Contudo, semeia-se no túmulo um corpo corruptível, ele ressuscita um corpo incorruptível, um corpo espiritual." ( 1 Cor 15,44 )  ( CIC 1017 ) 


Então não haverá mais lagrimas, dor, tristeza... porque, no fim de tudo, Deus ressuscitará seus filhos e filhas queridos, como ressuscitou Jesus Cristo do vale da morte. Essa é a nossa fé, e nossa esperança...! São Paulo na segunda leitura de hoje nos encoraja: "Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte, fomos sepultados com Ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova." ( Rm 6,3-4 ) 


Esta vida nova se chama "Vida Eterna," que Nosso Senhor Jesus Cristo conquistou para cada um de nós. "Se, pois, morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele. Para entender o mistério da morte, precisamos da fé, devemos crer que ela foi vencida, uma vez por todas, no momento em que Jesus passou por ela, extraindo-lhe todo veneno, e glorioso ressuscitou. "Eu sei que meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne verei a Deus." ( Jó 19,25-27 ) Aleluia..! Amém!


Jesus é o Senhor!



TEXTO ELABORADO DA HOMILIA DE CANTALAMESSA "O VERBO SE FAZ CARNE; Pg 857- 859; DEUS CONOSCO dia a dia Pg 31-33 - ANO "A" NOVEMBRO 2014 - CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA - BÍBLIA AVE MARIA.

oseinacioh.blogspot.com/2014/10/evangelho-sao-joao-1117-27-comemoracao.html

 

 

5.3-REFLEXÃO III-  REZAR PELOS MORTOS: NOSSO COMPROMISSO DE FÉ!

 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

As orações, na intenção das pessoas que já faleceram, são expressão da ligação e do amor que temos para com elas. Através das nossas preces, gostaríamos de ajudá-las no momento da morte a se decidirem por Deus. É um sinal do nosso amor e da nossa solidariedade. Para o amor, a morte não é um limite. Na morte de um cristão, as possibilidades de se ajudar e de se doar não deixam de existir. Encontramos essa prática já no Antigo Testamento. Um dos testemunhos mais claros está em 2Mc 12,38-45, onde encontramos além da fé na ressurreição, a prática de oração e ajuda pelos mortos. Claro que precisamos compreender este auxílio e purificação após a morte dentro da prática da Igreja que chamamos de comunhão dos santos.

Fazemos parte do corpo de Cristo que é a Igreja. Ensina-nos o Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumem Gentium 49, que essa Igreja é peregrina na terra, triunfante no céu e padecente nesse processo de purificação. Por formarmos um único corpo, é que podemos ir em socorro dos nossos irmãos e irmãs falecidos, assim como podemos contar com a intercessão dos santos e santas que já estão junto de Deus. Ou seja, assim como no nosso corpo humano um membro beneficia o outro, no corpo espiritual, que é a Igreja, acontece o mesmo, o bem de cada um dos membros comunica-se a todos (1Cor 12,26).

Fique claro que não nos comunicamos com os mortos, mas fazemos comunhão com eles por meio do amor e da oração. Nós amamos na terra, eles nos amam no céu, nós rezamos na terra, eles louvam nos céus. E não há dúvidas que assim como temos o auxílio dos santos, nós podemos, com nossas orações, ajudar os que já morreram.

Na oração pelos mortos como fazemos na Santa Missa que celebramos, não existe barreira entre céu e terra, entre vivos e mortos. Na Santíssima Eucaristia, participamos do banquete eterno, que os nossos entes queridos celebram, agora, junto com Deus. Podemos experienciar a comunhão com eles, que celebram as bodas eternas no mesmo momento.

Tenhamos presente que rezamos pelos mortos. Os bem-aventurados (santos) não precisam das nossas orações, por isso rezamos com eles invocando a sua intercessão. E rezamos pelos mortos na certeza de que nossas preces podem ajudá-los no encontro definitivo com Deus.

Vale lembrar que é parte da nossa fé a doutrina do purgatório. E é aqui que se justifica a nossa oração pelos mortos. Mas tenhamos presente que purgatório não é lugar. Por isso, não devemos pensá-lo nas categorias de tempo e espaço. Como se uma pobre alma permanecesse ali por tanto tempo afim de expiar os pecados. Alguns teólogos católicos compreendem o purgatório como sendo a imagem do encontro pessoal com Deus. No encontro com Ele, que nos ama, reconhecemos a dor que causamos aos outros com nossos pecados e sofremos a dor do arrependimento. Não podemos dizer quanto tempo leva essa dor, pois como dizíamos, fugimos das categorias de tempo e espaço.

Como dificilmente nos encontramos preparados para a morte, cremos na possibilidade da solidariedade na expiação dos pecados de uns pelos outros. Uma vez que após a morte não é possível fazer mais nada por si mesmo, os que morrem no pecado têm necessidade da intercessão dos outros membros da Igreja. Desse modo, como membros do Corpo de Cristo, podemos auxiliar nossos irmãos que morreram no pecado com nossas orações.

Santo Agostinho diz que as obras de misericórdia são a melhor ajuda que podemos prestar aos mortos. Ou seja, o bem que ficou a meio caminho naqueles que morreram, continua a ser feito em comunhão com o bem praticado pelos que amam seus mortos. Nossa oração é uma expressão do nosso amor. Gostaríamos de poder mostrar que não os esquecemos, que eles nos são importantes.

O sete é um número simbólico e na Bíblia indica perfeição, uma oração contínua em favor dos nossos entes queridos. Até porque, recordamos que na obra da criação, o 7º dia é o dia do descanso (Gn 2,3), e nós rezamos pelo descanso eterno da pessoa que morreu. Mas também temos a tradição do luto de sete dias que nós encontramos na Bíblia: José fez um luto de sete dias pelo seu pai Jacó (Gn 50,10); Saul foi enterrado e fizeram um jejum de sete dias (1Sm 31,13); O povo chorou a morte de Judite durante sete dias (Jt 16,24); O luto por um morto dura sete dias (Eclo 22,13). E esse período de luto é comumente concluído, na tradição católica, com a missa de 7º dia.

O sete é uma medida temporal, vale para nós, enquanto Igreja Peregrina, enquanto seres medidos pelo tempo. Mas não vale mais para os nossos mortos, pois passados pelo juízo particular, eles participam da eternidade de Deus.

Por isso, celebrar a Eucaristia por alguém falecido é expressão da nossa comunhão. Continuamos lembrando dele, não o abandonamos, o consideramos parte de nós. E é muito importante que quando encomendamos uma intenção de missa, participar da celebração. É muito triste quando, às vezes, inclusive em missas de 7º dia, nenhum familiar encontra-se na Igreja. Não deveríamos terceirizar o nosso amor por um ente que chamamos de querido.

Neste sentido, do dia 1º ao dia 8 de novembro, aos fiéis que visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: diariamente, do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições de costume, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. Neste ano, devido a pandemia, esse prazo foi prorrogado até o final do mês pela Penitenciaria Apostólica. Isso já aconteceu no ano passado.

Ainda neste dia, em todas as Igrejas, oratórios públicos ou semipúblicos, igualmente lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à Igreja, durante a qual se deve rezar a Oração Dominical e o Símbolo (Pai nosso e Creio) confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e Ave Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a piedade e devoção).

Reze hoje pelos que te precederam na vida eterna. Amanhã, outros também irão rezar por ti! Que os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém!

https://www.cnbb.org.br/cardeal-orani-rezar-pelos-mortos-compromisso-de-fe/

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