sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

IV- LITURGIA DO 8.º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO C

 

 

I-         LIV- LITURGIA DO  8.º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO C

 

- A liturgia deste domingo convida-nos a refletir: aquilo que nos enche o coração e que nós testemunhamos é a verdade de Jesus, ou são os nossos interesses e os nossos critérios egoístas?

 

- A primeira leitura dá um conselho muito prático e muito útil: não julguemos as pessoas pela primeira impressão, deixemos que falem, pois as palavras revelam a verdade ou a mentira que há em cada coração. Recorrendo a três imagens (a da peneira que, quando agitada, põe à vista as impurezas do trigo; a do forno, que obriga o vaso do oleiro a demonstrar a sua excelência; a do fruto, que revela a qualidade da árvore), o texto nos ensina que a Palavra revela claramente o íntimo do coração do homem. É possível ao homem fingir, enganar, disfarçar e encenar determinados tipos de comportamento. Mas a palavra o revela e põe em destaque os seus sentimentos mais profundos. A conclusão é, pois, óbvia: não devemos deixar-nos condicionar pela primeira impressão ou por gestos mais ou menos teatrais que nada significam: só a palavra expressa a abundância do coração. Quantas vezes temos de reformular as nossas impressões acerca de uma pessoa depois de a conhecermos bem! Um juízo apressado pode levar-nos a ser tremendamente injustos.

 

- A segunda leitura é a conclusão da catequese de Paulo aos Coríntios sobre a ressurreição, que escutamos nos últimos quatro domingos. Existia uma dificuldade da comunidade em entender o ensinamento acerca da ressurreição. Paulo registra que o decisivo é que a morte perdeu para sempre o seu poder. A ressurreição é um fato em si e é incontestável, está para além de toda a dúvida. Para isso, recorre a textos bíblicos de Isaías e Oséias, ainda que evocados com bastante liberdade: "a morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?" (1 Cor 15 ,54-55). O pecado, a escravidão, o egoísmo, a violência, o ódio, aliados da morte não terão, a partir de agora, qualquer poder sobre o homem: a ressurreição de Cristo libertou do medo da morte a todos os que creem pois demonstrou que não há morte para quem luta por um mundo de justiça, de amor e de paz. A última palavra de Paulo é para convidar a permanecermos "firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor" (1 Cor 15, 58). É um convite a não projetarmos a ressurreição apenas num mundo futuro, mas a trabalharmos cada dia para que a ressurreição (como libertação do pecado, do egoísmo, da exploração e da morte) se vá tornando uma realidade viva na história da nossa existência. Isto implica, evidentemente, não cruzar os braços numa passividade que aliena, mas nos empenharmos verdadeiramente numa efetiva transformação que traga vida nova ao homem e ao mundo.

 

- O Evangelho nos dá os critérios para discernir o verdadeiro do falso "mestre": o verdadeiro "mestre" é aquele que apenas apresenta a proposta de Jesus gerando, com o seu testemunho, comunhão, união, fraternidade, amor; o falso "mestre", ao contrário, é aquele que manifesta intolerância, hipocrisia, autoritarismo e cujo testemunho gera divisões e confusões: o seu anúncio não tem nada a ver com o de Jesus. Segundo Lucas, o verdadeiro mestre será sempre um discípulo de Jesus, o Mestre por excelência; e a doutrina apresentada não poderá afastar-se daquilo que Jesus disse e ensinou. Quando alguém apresenta a própria doutrina e não as propostas de Jesus está, muito provavelmente, desorientando os irmãos. A comunidade deve ter isto presente, a fim de não se deixar conduzir por caminhos que a afastem do verdadeiro caminho que é Jesus.

 

- A segunda ideia diz respeito ao julgamento dos irmãos. Há na comunidade cristã pessoas que se consideram iluminadas, que "nunca se enganam e raramente têm dúvidas", muito exigentes para com os outros, que não reparam nos seus telhados de vidro quando criticam os irmãos. Apresentam-se muito seguros de si, às vezes, com atitudes de autoritarismo, de orgulho e de prepotência e são incapazes de aplicar a si próprios os mesmos critérios de exigência que aplicam aos outros. Quem não está numa permanente atitude de conversão e de transformação de si próprio não tem qualquer autoridade para criticar os irmãos.

 

- Finalmente, Lucas apresenta o critério para discernir quem é o verdadeiro discípulo de Jesus: é aquele que dá bons frutos. Quando as palavras geram divisão e tensão, ou quando elas desorientam ou criam confronto na comunidade, elas revelam um coração cheio de egoísmo, orgulho, amor próprio e autossuficiência: cuidado com esses "mestres", pois eles não são verdadeiros! Já a palavra que vem do Cristo e ilumina o seu discípulo existe e serve para: “ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça” (2 Tm 3,16).

 

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