sábado, 8 de março de 2025

REFLETINDO COM LINDOLIVO SOARES MOURA ( * ) "NEM PURAMENTE SANTOS, NEM TOTALMENTE PECADORES: DE ATEUS, CRENTES E LOUCOS, TODOS TEMOS UM POUCO"

 

 

 

I-             REFLETINDO COM LINDOLIVO SOARES MOURA ( * )

 

"NEM PURAMENTE SANTOS, NEM TOTALMENTE PECADORES: DE ATEUS, CRENTES E LOUCOS, TODOS TEMOS UM POUCO"

 

"Se a boa fé é capaz  de remover montanhas,  a má    nada  remove,  acumula. Obstáculos, barreiras  e  limitações.  [L.S.M.]

 

DESVANTAGENS-PREJUÍZOS DA FÉ DO CRENTE TEÍSTA:

 

[01]Crise de organização e logística celestial. O teísta vive se perguntando onde Deus está, justamente quando dele mais precisa. Tenta até rastrear os passos do Criador caminhando pelo paraíso, através do GPS da "Oração de Francisco", mas parece que o sinal está sempre fraco nesses momentos difíceis. Com isso ele acaba ficando meio perdido, por vezes se revolta, e claro, retira todas as promessas que havia empenhado na "negociação" com o Todo Poderoso. Já o crente ateísta, sabendo que não pode contar com um Deus que ele crê convictamente que não existe, no momento do aperto decide fazer terapia e Yoga ao mesmo tempo. Com a terapia ele busca ressignificar, e se preciso for, rematrizar sua visão do problema. Com a yoga ele procura se acalmar e reconquistar a paz que ele perdia, vendo o terapeuta cochilar durante as sessões enquanto ele falava, e depois se levantar de sobressalto perguntando se o filme já havia terminado, e o que ele estava fazendo ali, de boca calada. A pagar, mesmo, promessa nenhuma; apenas cada consulta, que ele considerava bastante caro, por sinal. Brincava fazendo ironia: a vida sem Deus parece mais cara! Mas não se convertia.

 

[02]: Ter que acabar justificando o injustificável. Quando coisas ruins acontecem na vida do teísta, ele precisa dar um nó de marinheiro tanto na lógica simbólica quanto na lógica formal, para tentar compreender como é possível que aquele problema absurdo faça parte de um plano divino, e não do caos universal jogando batalha naval com a sua vida. Visto que a explicação que ele ouvira do seu Orientador Espiritual o deixarara dez vezes mais confuso do que já era, decide mudar de religião e pagar para ver, em que tal mudança resultaria. Com o crente ateísta a solução é bem diferente. Ele decide ir conhecer a muralha da China, ficando hospedado num Mosteiro budista situado nas redondezas da muralha. Passa metade da noite e metade do dia ouvindo "zen, zen, zen, zen, zen, zen, zen, zen, zen o tempo to... Epa! São dez "zens", entre uma respiração e outra! Faltou um. Completando: "zen"! Agora sim; continuando: ...o tempo todo. Volta da viagem tão "zen", mas tão "zen", que acaba se esquecendo do problema e também da razão pela qual visitara a China, conhecera a muralha, e se hospedara junto aos mestres Zens das cercanias. Simples assim!? Sim, ué! Vou complicar pra quê!? Resolveu, tá resolvido. E o que é melhor: sem ter que tido que mudar do Brasil, como o crente teísta teve que mudar de religião.

[03]: Sentimento de culpa nível "hard". Se algo dá errado com o crente teísta, em um alto nível de gravidade, sempre fica a suspeita de que a principal razão foi por ausência ou pouca fé, falta ou diminuição de oração, suplica mal feita, ou - como com frequência costuma ocorrer com os Detrans, cobrando multa atrasada meio século depois - por causa de algum pecado mais grave, quiçá de natureza sexual, ou, pior ainda, pecado gravíssimo contra o Espírito Santo de Deus, cometido sabe-se lá Deus quando, e que agora deve estar chegando com juros, dividendos e correção monetária.Por essa ninguém esperava. O fato é que o crente teísta sempre pressupõe estar pagando uma dívida qualquer, quando algo pior está acontecendo em sua vida, ou ocorrendo com alguém que ele muito ama. Com o crente ateísta a pressuposição é de natureza diferente. Ele sempre desconfia que o motivo da cobrança pode estar acontecendo pelo fato dele vir lesando Deus e todo mundo, de vez em quando, convicto de que se Deus não existe, tampouco vai lhe cobrar satisfação alguma. No máximo, ele pensa, deve ser a lei do Karma entrando em cena: colhe-se sempre, aquilo que se planta. Sabendo disso, ele contrata dois guarda-costas - aliás, um guarda-costas e outro protege-a-frente - para protegê-lo do perigo. E vida que segue. Sempre tenso e ansioso, por saber que alguém pode estar tramando contra ele o tempo todo; a isso se dá o nome de "efeito bumerangue da malandragem".

 

[04]: Agenda super lotada de celebrações e rituais litúrgicos. Entre missas, cultos, novenas, jejuns e promessas a serem pagas ou já em atraso, uma rotina típica do crente teísta, sobra sempre nada ou pouquíssimo tempo para maratonar séries preferidas, ou tirar uma soneca sem sentir que está em dívida com o Deus Altíssimo. Por via das dúvidas, coloca o despertador do celular para despertá-lo de cinco em cinco minutos. Sono REM, aquele sono mais que profundo, onde a gente só sonha sonho bom - alguns inesquecíveis, junto à secretária contratada a peso de ouro, quando nem de secretária se precisa - nem pensar! Não rola sonho desse tipo, com um sono de superfície. Só rola com aquela estrupícia que vive dando em cima dele o tempo todo. Com essa, é  toda noite, ele sonha um sonho em cima do outro. Falei do outro, não da estrupícia. Com o crente ateísta já é totalmente diferente. Sobra tempo todo dia, já que ele não tem compromisso com rituais litúrgicos de nenhum tipo. Quando muito um velório, uma cremação, um "Curto Ecumênico" por ocasião de uma formatura - não houve erro não; para ele é "Curto" mesmo! Passou de meia hora, com pregação e tudo, ele sai de fininho e vai embora. Já senta no último banco da Igreja não é à toa. Agora, despertador ligado o tempo todo, isso ele não precisa. Só se for para maratonar uma série atrás da outra, coisa que o crente deísta só tem oportunidade, quando por questão de doença ou "parimento", ele fica cuidando do rebento e da patroa. Leitoa, não; eu disse "patroa". Deu pra ver que quem manda nessa casa "é ela"?

 

05]: O terrível dilema do livre-arbítrio. O crente teísta pode fazer o que quiser, mas quando faz uma besteira qualquer ele tem certeza de que Deus já sabia de antemão o que ele faria, e claro, sabe que vai ter consequências nada boas. É como se fosse um jogo qualquer de um cassino: você se sente totalmente livre para mexer as peças do jeito que você quer, sem saber - ou sabendo, mas por pura estupidez, preferindo ignorar que sabia - que o jogo e o esquema já haviam sido montados para dar um xeque-mate no pobre coitado. Como dizia o nosso querido Millôr Fernandez, com um jargão que só quem já passou dos cinquenta nunca esquece: "livre pensar, é só pensar!". No jargão popular, se resume no famoso "me engana que eu gosto!". Já o crente ateísta tem outro jargão bem diferente, que ele faz questão de usar nessas ocasiões sombrias: "livre mesmo, só Deus!". E completa com certa ironia: "Depois dele, e em menor escala, vem o 'encardido'!", arrematando sem dó nem piedade: "o ser humano!? Oh!!!"! - sinaliza com uma das mãos aquele "jargão físico" do Professor Raimundo da "Escolinha", aproximando, sem se tocarem, o dedo indicador e o mata-piolho. Resumindo: para a crença simplista e sem complicação do crente ateísta, "se o ser humano fosse realmente um ser livre, não pecava". E se acaba pecando é porque livre não era, ou porque deixou de ser. Pecado é escravidão, e não libertação. Eita lógica complicada essa, gente!

( * ) Reflexão enviada por whasapp pelo autor, e Vitória ( ES )

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